Pedro Vega Yucra, de 80 anos, morador de Chacas, uma pequena aldeia em Ayacucho, no Peru, respondeu às questões. Yucra disse: «Eu só tenho uma casa pequena. Não tenho terra para trabalhar, não tenho dinheiro. Moro sozinho, porque os meus três filhos moram longe, e a minha mulher morreu há anos. O meu maior medo é que um dia eu não tenha nada para comer ou mesmo energia para trabalhar por conta própria. Nas áreas rurais do meu país, nós, os idosos, morremos e ninguém percebe. Nós comemos sozinhos, dormimos em paz. O governo deveria cuidar de nós, mas quando se fica velho, ninguém se importa.»
Já a reformada Padma Sagaram, 63, de Singapura, disse: «Eu tenho medo de ficar doente e ser financeiramente dependente dos outros. Envelhecer provoca uma grande sensação de medo de estar sozinho. Tenho filhos, mas eles têm uma vida também. O que acontece com outros idosos que não têm filhos? Acho que o principal problema aqui é que não temos aldeias para reformados.
Envelhecer tornou-se um estigma no país. Temos casas de repouso, mas não é o mesmo. Para mim, são como um lugar para abandono de pessoas idosas e doentes. Se tivéssemos aldeias de reformados, poderíamos envelhecer com outros graciosamente e o apoio emocional estaria disponível.»
Mohammed Hamid, de 65, de Nova Deli, é pai de seis filhos, três dos quais são casados. Afirmou que tem muito medo da miséria absoluta que pode alcançar a sua família, se ele, o único membro que trabalha, perder o emprego como condutor de riquixá. Segundo ele, o maior problema para a maioria dos idosos que vive na Índia é a ausência de abrigo adequado, o que faz com que muitos deles dependam da misericórdia dos filhos Ingrid Förster, 82, residente em Frankfurt, Alemanha, disse, por sua vez, que «tem mais medo de perder a independência física e mental e tornar-se dependente de uma enfermeira». «O maior problema para os idosos é viver uma vida solitária.»
Para Sandra S. Harris, 67, de Decatur, Geórgia (EUA), «está com mais com medo de perder a memória». «Com tantos casos de doença de Alzheimer, fico assustada. Eu quero lembrar-me do passado, das pessoas e dos amigos e de coisas que eu fiz e não me lembro. Tenho dificuldade em perceber que estou a ficar mais velha e tenho medo de que as pessoas se aproveitem de mim. Acho que um grande problema enfrentado pelos idosos neste país é o roubo de identidade. Eu não sabia que algo assim existia até atingir-me. Tenho uma personalidade muito extrovertida e preciso de ter cuidado. Quando as pessoas são muito boas comigo presto mais atenção agora.»
Nissim Pinto, 79, residente em Telavive (Israel), é peremptório: «Eu não tenho medo de nada. Só não sei como continuar a minha vida quando eu ficar mais velho, da forma como eu vivi os quase 80 últimos anos. Não gosto quando os jovens tratam-me como um homem velho. Quando eu espero na fila no supermercado ou na farmácia, eles perguntam por que é que eu estou de pé. Até aprecio a forma como eles querem ajudar um idoso, mas não gosto de me sentir velho. Os tempos mudaram, e a vida é muito mais cara do que costumava ser há 20 anos, não é fácil viver da pensão que temos, temos dinheiro para pagar menos do que o básico, e já não podemos trabalhar.»
Amadou Mbaye, 74, é de Dakar, no Senegal. «Uma vez que Deus permitiu-me viver até aos 74 anos, eu só posso agradecer-lhe. Estou realmente satisfeito. Estou preocupado com as crianças, com o futuro delas. A vida é muito cara, há muito desemprego e a saúde é precária.» Sobre o maior problema que enfrentam os idosos no Senegal, Mbaye responde que as más condições económicas tornam a situação financeira dos idosos mais imprevisíveis do que no passado, quando se podia contar com os filhos para apoiá-los». «O Senegal é um país pobre. Não há emprego para os jovens, que lhes permitam cuidar dos idosos, e já não temos forças para trabalhar e sustentar a família.»
O agricultor egípcio Mahmoud Hussein, de 75 anos, morador do Cairo, diz ter medo de que os filhos o magoem, tirem-no de casa e que morra sozinho. «O maior problema dos idosos egípcios é a falta de um seguro de saúde e o pagamento da reforma como nos países civilizados.»
Já Richard Hardick, 74, morador de San Diego (EUA), confessa não ter medo de envelhecer. «Eu faço surf, pratico fly fishing [pesca com mosca] no Alasca, lecciono numa escola, sou um pouco diferente do que a maioria. Eu sou religioso e agostiniano, fiz votos de pobreza, castidade e obediência. Não tenho qualquer receio em particular, estou num grande momento. Acho muito provável que as pessoas ao ficarem velhas tenham problemas de saúde, como diabetes e a doença de Alzheimer. Acho que esses são os verdadeiros desafios.»
Paul Gresham, 75, morador de Decatur, Geórgia (EUA), diz não ter medo de muita coisa. «Mas o que me chatearia mais é se alguém levar o meu carro. Sei que o dia está a chegar, como eu continuo a envelhecer, em breve não vou ser capaz de conduzir, essa é a minha liberdade. Perder deprime-me mais do que qualquer outra coisa. Não ser capaz de cuidar do meu cão. Acho que um dos problemas mais negligenciados que enfrentam os idosos neste país é o abuso da família. Eu vejo isso no meu bairro, em muitos casos, os avós estão a criar filhos que estão a criar filhos. Há um temor entre os idosos, eles preferem ficar com os netos e sofrer abusos, do que viver sem eles noutro lugar. Eles vivem com medo e é um problema que está a crescer.»
Por fim, Juma Abdalla Athanas, 65, morador da favela de Kibera em Nairobi, no Quénia, afirma estar á espera dos títulos de propriedade para a sua terra e, o principal problema «é como é que vamos deixar uma casa, os nossos filhos e netos». «Tivemos muitos problemas, o governo está a mentir-nos. A minha saúde é um problema, eu não tenho força, do jeito que eu estou a ficar velho. Existem diferentes tipos de idosos; quem tem dinheiro pode ser levado para uma casa de repouso, mas para aqueles que não têm recursos, não há para onde ir.»
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