Para a geração nascida até os anos 1950, os computadores eram elementos de filmes de ficção científica, tipo Flash Gordon. A evolução da informática foi avançando e, se ainda não temos registro de robôs como os da série Perdidos no Espaço, já temos comunicadores (os celulares) mais avançados do que os usados por James Bond.
As facilidades da era digital são muito sedutoras, por isso, muitos dos nascidos em plena era analógica estão fazendo a transição para o mundo dos bits e bites e se tornando hábeis em surfar a internet. De acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), entre 2005 e 2011, o contingente de pessoas conectadas aumentou 143,8% – enquanto o crescimento dessa população (a partir dos 10 anos) ficou em torno de 9,7% – no total, 77,7 milhões de pessoas tinham acesso à web.
Nesses seis anos, a variação foi muito mais representativa no grupo dos internautas com 50 anos de idade ou mais: 222,3% – incremento de aproximadamente 5,6 milhões de pessoas. A turma entre 15 e 19 anos concentra o maior número de acessos, mas o público maduro é o que tem maior potencial de crescimento.
“Os maiores de 60 anos resistem às novidades na web, mas, quando aprendem a usar um determinado programa e percebem sua utilidade, tendem a se fidelizar bastante – há muitos que ainda estão apegados ao Messenger”, diz o publicitário especialista em marketing digital, Max Petrucci, dono da Garage Interactive Marketing e que vem liderando o movimento A Nova Cara da Terceira Idade, que tem página no Facebook. “Com a campanha para mudar o símbolo do idoso, percebemos a força das redes sociais junto a esse público”, observa. A página tem 65.773 amigos, sendo 81% mulheres, 19% homens e 80% acima dos 55 anos.
Responsável por romper o isolamento de quem, por razões físicas ou conjunturais, tem pouca mobilidade, a vida na web pode ajudar bastante nas atividades diárias como pagar contas ou fazer compras. Para se ter ideia, de acordo com o Instituto Data Popular, 8% dos internautas que mais compram vestuário on-line têm entre 50 e 69 anos. “O que impede os idosos de tirar mais proveito da internet é a sensação de estar mais vulnerável a fraudes”, observa Petrucci.
SALA DE AULA - Mas nada mais eficiente para aumentar a autoconfiança de alguém do que ir para a sala de aula aprender mais sobre o assunto. Felizmente, para quem mora na região, as faculdades da terceira idade da região costumam oferecer cursos de informática gratuitos ou por valores bastante acessíveis, de R$ 25 e R$ 100 mensais, com direito a outras disciplinas.
Irene Rocha, 57 anos, é professora de informática e criação de blogs nos cursos voltados aos maiores de 60 anos na Universidade Metodista, em São Bernardo e, sobre a questão da inclusão digital da terceira idade, ela acredita que o preconceito não vem do manuseio de computadores em si, mas do medo do desconhecido e da dificuldade de aprendizado dos idosos, devido à sua diminuição da capacidade de aquisição de conhecimento.
“A maioria dos idosos interessa-se por redes sociais e sites de notícias e pesquisas. Ampliam seus conhecimentos, mantêm-se atualizados, aumentam o convívio social reencontrando amizades antigas e fazendo novas, bem como mantêm a memória ativa e resgatam sua autoestima”, afirma Irene. “Observo um crescimento significativo da presença dos idosos na rede nos últimos anos devido ao barateamento dos computadores e ao fácil acesso à internet, além das escolas, em suas próprias residências com seus familiares.”
Junto com o interesse vêm as compras. Irene diz que seu marido, Cicero da Rocha, é seu aluno da primeira oficina voltada à terceira idade na Metodista, que bem como outros alunos e conhecidos, interessam-se por comprar equipamentos e gadgets para computadores (por exemplo, câmeras). “A maioria se interessa pela aquisição de computadores com monitores amplos para melhor visualização”, diz.
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