Felício Ferreira dos Santos é um morador ilustre da cidade de Chupinguaia (RO), município localizado a quase 600 quilômetros de Porto Velho. No mês de outubro, o aposentado completa 103 anos de vida de acordo com a certidão de nascimento. Entretanto, ele afirma que o documento foi registrado com 10 anos de atraso. “Na verdade eu tenho 113 anos. Naquela época os filhos nasciam e os pais demoravam levar no cartório para registrar. Isso aconteceu comigo”, relata. O segredo da longevidade, segundo ele, está na alimentação: quiabo, carne de capivara, frutas e iogurte.
Pai de 14 filhos, três deles já falecidos, Felício nasceu em Minas Gerais, se casou aos 25 anos e em 1983 mudou-se para Chupinguaia com parte da família. Sem nenhum problema de saúde, a longevidade do idoso intriga a população local. A história dele foi sugerida por Valeria Fernanda Zolinger, através do canal colaborativo VC no G1.
A entrevista com Felício aconteceu na varanda da casa onde mora, no centro da cidade. Atualmente os filhos estão espalhados pelo Brasil. A mais velha, por exemplo, com 87 anos, reside no Espírito Santo. A primogênita, segundo Felício, foi mãe de 22 filhos. Em 100 anos, a família cresceu tanto, que o idoso não sabe precisar, em números, quantos parentes possui, mas sabe o nome de todos. Basta ver um álbum de fotografia para lembrar quem é e onde reside cada um.
A Secretaria de Assistência Social de Chupinguaia fez um levantamento para saber quantos familiares o aposentado possui. De acordo com Welda Teles, somando o número de filhos, netos, bisnetos e tataranetos Felício possui cerca de 240 parentes. “Isto é incrível, pois ele tem até a 5° geração”, diz Welda.
Felício acredita que a alimentação saudável é o segredo para longevidade. De acordo com o idoso, quiabo é o que ele mais gosta de comer. “Também gosto de carne de capivara, frutas e iogurte”, explica.
O segundo filho mais velho de Felício, Adão Pereira Santos, de 78 anos, afirma que sempre quis estar ao lado do pai. “Vejo ele todo dia, é minha paixão. Nunca o larguei”, explica. Adão fica maravilhado quando fala da idade do pai. “Também acredito chegar aos 113 anos, ou melhor, quero atingir os 130 anos”, brinca.
Momentos marcantes
Em mais de um século de vida, Felício viveu e presenciou muitas histórias. A mais marcante, segundo ele, aconteceu 70 anos atrás, quando foi atropelado por um carro. “Naquela noite eu não dormi. Acordei cedo com a sensação de que naquele dia não devia sair de casa. Após andar a cavalo, parei para dormir na beira de uma estrada. Enquanto estava debaixo da árvore, ouvi o som de um carro. De repente estava debaixo dele, sendo arrastado”, relembra.
Ainda está vivo na memória de Felício o dia em que viu o primo sair de casa e depois voltar casado com uma mulher. O aposentado lembra-se do casamento, em 1925, quando assinou a certidão com uma pena.
O golpe sofrido há três meses é considerado o mais triste das lembranças. De acordo com o aposentado, uma pessoa fez um empréstimo em seu nome. Com isso, o banco começou a descontar a aposentadoria de Felício. “Estava recebendo apenas R$ 48 por mês. Não faço ideia de quem pegou meu dinheiro”, conta.
Ao saber do caso, a Secretaria de Assistência do município solicitou as imagens dp circuito interno do banco, a fim de identificar o responsável pelo empréstimo. “Isso é um crime grave”, afirma Welda. A família do aposentado ainda não registrou boletim de ocorrência.
Cuidados
Felício diz que não se sente mais disposto para caminhar pelas ruas da cidade. “Fico sentado e às vezes ando pelo quintal. Quando tinha 14 anos de idade andava muito. Saia da casa dos meu pais e ficava até quatro meses fora”, afirma. Creuza Ferreira dos Santos, de 50 anos, é quem está cuidando do avô há dois meses.
Os cuidados diários com avô, de acordo com Creuza, é dar banho, levar a comida no horário certo e limpar o quintal. “Moro ao lado, mas estou atenta sempre, pois se ele cair no chão, por exemplo, não consegue mais se levantar”, revela. A Secretaria de Assistência Social faz um monitoramento constante em relação à saúde do aposentado. Além de receber visita médica em casa.
Questionada sobre a data de nascimento do avô, a neta de Felício diz que nunca pensou em recorrer na Justiça para fazer a alteração. “Naquela época os pais não registravam logo após o nascimento, então acho que não vale a pena recorrer hoje”, declara.
Fama entre moradores
Outro filho de Felício diz que algumas pessoas já pararam o aposentado na rua para tirar fotos. “Uma vez estava na rua e vi meu pai andando. De repente vi um carro escuro parando. Na hora pensei que iriam levar meu pai embora, mas então duas pessoas desceram e foram abraçar ele para tirar fotos”, afirma Levi José Ferreira, de 55 anos.
A internauta que enviou a sugestão através do VC no G1, Valeria Fernanda Zolinger, de 25 anos, ficou sabendo da história de Felício no cartório de Chupinguaia, local onde trabalha. A funcionária diz que ficou impressionada ao saber da idade de Felício. “Ele é bem conhecido por aqui. Na cidade, só perguntar que todo mundo sabe onde mora”, declara.
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