Estudo sugere que idosos vivem melhor agora do que há 10 anos



Pessoas em seus 90 anos estão em melhor forma hoje do que estariam há uma década, apresentando um declínio cognitivo menor entre a terceira idade. É o que mostram estudiosos do Centro de Pesquisa de Envelhecimento Dinamarquês, da Universidade do Sul da Dinamarca. O trabalho foi publicado dia 10 de julho na revista The Lancet.

O estudo acompanhou 2.262 homens e mulheres nascidos em 1905 durante o ano de 1998, quando tinham idades entre 92 e 93 anos. Um número menor, de 1.584 homens e mulheres nascidas em 1915, foram avaliados em 2010, quando eles tinham idades entre 94 e 95 anos. Os autores descobriram que aqueles nascidos em 1915 não só viveram mais tempo do que as pessoas nascidas na década anterior, como também apresentaram uma melhor capacidade cognitiva.

A amostragem era constituída de todos os nonagenários dinamarqueses daqueles anos específicos. Para conseguir esse número, os pesquisadores usaram o Sistema de Registro Civil da Dinamarca. Quando uma deficiência mental ou física impedia um participante de responder ao questionário (cerca de 20%), alguém respondeu em seu nome. Junto com a entrevista, foram feitos testes físicos e de medidas cognitivas de atenção, memória e fluência verbal.

Os resultados mostraram que a chance de sobreviver até os 93 anos foi 28% maior entre os nascidos em 1915, a sua chance de alcançar os 95 foi 32% maior. Mesmo após ajustes para o aumento da educação em uma década, pois um maior nível acadêmico contribui para o desenvolvimento cerebral, as pessoas nascidas em 1915 ainda apresentaram um menor declínio cognitivo, o que sugere que as mudanças em outros fatores como nutrição, carga de doenças infecciosas, ambiente de trabalho, estímulo intelectual e condições gerais de vida também desempenham um papel importante na melhoria do funcionamento cognitivo.

Os resultados fornecem provas de que os dias de hoje podem ser melhores do que os do passado, especialmente no que diz respeito à saúde do cérebro. Um acompanhamento editorial na revista The Lancet acrescenta que o estudo oferece boas notícias que pode até sugerir a possibilidade de reduzir a incidência ou retardar o aparecimento da demência.

Os pés para o alto e a cabeça desocupada, observando o tempo passar, estão longe da rotina atual de quem se aposenta. Hábitos mais saudáveis, aliados aos avanços da medicina, derrubam os limites físicos que caracterizavam o envelhecimento. E exigem um plano capaz de afastar a ociosidade e problemas relacionados a ela, como a depressão e a ansiedade. "A rotina é deixada de lado com a aposentadoria, mas é hora de alimentar projetos pessoais e até investir em uma guinada profissional", afirma o especialista em gerontologia Diego Miguel, do Centro de Referência do Idoso (CRI-Norte), em São Paulo. Estresse, gastrite e até descontrole da glicemia são outros males que aparecem nesta fase - principalmente, nos casos em que a falta de um projeto abala a autoestima do idoso, explica a geriatra da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, Silvia Pereira.

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