Pessoas que usam protetor solar com frequência – de preferência todos os dias – podem tornar o processo de envelhecer mais lento, ou mesmo impedir por um tempo o desenvolvimento de rugas e a flacidez da pele.
Isso não parece novidade nenhuma. No entanto, embora dermatologistas vêm dizendo isso há anos, este é o primeiro estudo a mostrar um efeito real do protetor sobre a aparência da pele.
O estudo
A pesquisa envolveu 900 pessoas brancas de 25 a 55 anos que moram na Austrália, onde a intensa exposição ao sol é um fato. A maioria tinha pele bem clara e já usava protetor solar por pelo menos algum tempo. Dois terços usavam chapéus no sol.
O estudo durou quatro anos e meio. Metade dos participantes do estudo foram orientados a continuar suas práticas habituais, e a outra metade deveria usar protetor solar diariamente.
O protetor usado nas aplicações diárias tinha fator de proteção 15, que filtra 92% dos raios do sol. Alguém que normalmente queima em 10 minutos iria queimar em 150 minutos com FPS 15. Os pesquisadores pesaram as embalagens de protetor solar dos participantes para se certificar de que eles estavam mesmo usando o produto.
Uso protetor solar diariamente é um hábito difícil – os participantes de fato esqueceram de passar algumas vezes. Mas, depois de 4 anos e meio, aqueles que usaram protetor solar regularmente (quase diariamente) tinham mãos mais jovens, com 24% menos envelhecimento da pele do que os que usavam filtro solar apenas de vez em quando.
Segundo os pesquisadores, os protegidos do sol tinham uma pele visivelmente mais resistente e suave. A ligação entre o produto e a saúde da pele se manteve mesmo depois que os cientistas consideraram outros fatores que poderiam influenciar sua aparência, tais como tabagismo, histórico de exposição ao sol, cor da pele e uso de outros métodos de proteção solar, como chapéu.
O estudo também incluiu cerca de 900 pessoas que foram aleatoriamente designadas a tomar beta-caroteno, um suplemento nutricional, ou um placebo, para ver se o suplemento impedia o envelhecimento da pele. Nenhum efeito foi notado.
Medições
Os pesquisadores fizeram moldes de silicone da pele dos participantes no início e no final do estudo para avaliar quanto eles tinham envelhecido.
A principal autora do estudo, Adele C. Green, cientista do Instituto Queensland de Pesquisa Médica, junto com seus colegas da Universidade de Queensland (Austrália), já tinha mostrado que este método fornece o mesmo tipo de informação que uma biópsia da pele.
Em uma biópsia, dermatologistas analisam a elastina, o tecido elástico que se degrada com o envelhecimento, contribuindo para as rugas e flacidez da pele. Os moldes de silicone permitem que especialistas vejam alterações correspondentes na superfície da pele.
Profissionais, que não sabiam se os pacientes estavam usando protetor solar ou não, examinaram todos os moldes de silicone e os classificaram de 0 a 6.
A pontuação de 0 significava que não há foto-envelhecimento na pele, como a pele de um bebê. Já a pontuação 6 é de uma pele severamente envelhecida, sem elasticidade e com linhas profundas. Cada ponto na escala representa pele mais grossa e enrugada.
No início do estudo, a média em ambos os grupos era de 4, o que significa que todos os participantes tinham foto-envelhecimento moderado. No final, os que usaram protetor solar diariamente ainda tinham uma pontuação média de 4, mas os do grupo de controle tinham uma média 5.
Desafios
Até agora, a maioria dos estudos sobre pele danificada pelo sol foram realizados com ratos, não pessoas, e não estava claro se os resultados seriam os mesmos.
Ninguém havia feito um estudo do tipo ainda porque é muito difícil que as pessoas se comprometam a usar protetor solar todos os dias por tantos anos. O cumprimento desta regra durante um longo período de tempo não é tarefa simples.
Por conta disso, o novo estudo é revelador e importante, mas não responde à questão de saber se pessoas com mais de 55 anos também podem se beneficiar do protetor solar.
“Depois de 55 anos, os efeitos do envelhecimento na pele começam a predominar. E os efeitos de luz ultravioleta sobre a pele são cumulativos”, explica a Dra. Green.
O estudo também não responde à questão de saber se as pessoas de pele mais escura podem se proteger de rugas e flacidez usando protetor solar. Pessoas com pele clara têm muito mais problema com o foto-envelhecimento.
Por fim, não se sabe o quanto protetor solar pode ajudar se o seu uso é iniciado mais tarde na vida. Mas a Dra. Green aconselharia seu uso de qualquer maneira, porque o produto pode proteger contra o câncer de pele.
Queimaduras solares, especialmente na infância, têm sido associadas a um maior risco de melanoma, o câncer de pele mais mortal. E a exposição global a raios ultravioleta desempenha um papel tanto no melanoma quanto em outros cânceres de pele que normalmente são curáveis, mas que podem ser desfigurantes se não forem detectados precocemente.
A Austrália tem uma das maiores taxas de câncer de pele no mundo, e a nova pesquisa, na verdade, deriva de um estudo mais amplo de prevenção do câncer feito na década de 1990. Os pesquisadores acompanharam os participantes durante 10 anos antes de concluir que o uso regular de protetor solar baixa de fato o risco de câncer.
Convencido?
Dermatologistas sempre aconselharam o uso do protetor solar durante todo o ano, especialmente na pele constantemente exposta da face, mãos e pescoço, mas muito poucas pessoas acatam essa sugestão. As mulheres têm um pouco de sorte, pois cada vez mais a indústria de cosméticos adiciona protetor solar em maquiagens e hidratantes.
Não adianta achar que você não toma sol suficiente para ter que usar protetor diariamente. Segundo o Dr. Eric Bernstein, mesmo ficar no sol 15 minutos todos os dias pode se traduzir em um grande efeito de envelhecimento ao longo de muitos anos.
Entretanto, protetores solares não são perfeitos. Os dermatologistas também sugerem que as pessoas limitem a exposição ao sol durante as horas de pico (10h as 16h) e usem chapéu, óculos de sol e roupas protetoras quando possível.
De acordo com os especialistas, os protetores solares de hoje são superiores aos utilizados duas décadas atrás, quando o estudo sobre o câncer começou, de forma que as pessoas que usam o produto regularmente a partir de agora podem ver ainda mais benefícios. [NYTimes, LiveScience, MedicalXpress]
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