Idosos têm mais vontade de chegar aos 120 anos do que os jovens



Cientistas garantem: com os avanços da medicina, muitos de nós teremos chances de viver até os 120 anos. Agora, será que você em casa está se preparando para envelhecer bem? Foi o que uma pesquisa perguntou a mil brasileiros de quatro capitais. Veja agora o resultado desse levantamento e as dicas pra chegar lá vendendo saúde.

Todos já passaram dos 70. Seu Carvalhinho, de São Luís do Maranhão, tem 72 anos. Dona Palmira, de São Paulo, 82. E Dona Cordelita, do Recife, 83.

Quando as duas nasceram, na década de 30, a expectativa de vida era de 42 anos. Hoje é de 74. Pesquisas na área da saúde e tecnologia prometem uma vida cada vez mais longa e afirmam que uma criança nascida hoje já têm carga genética para chegar aos 120 anos. Será que as pessoas querem viver tanto assim? Mil brasileiros em quatro capitais foram ouvidos numa pesquisa sobre longevidade. E surpresa: os mais velhos têm mais vontade do que os jovens.

Gostaria de chegar até os 120 anos?

Idade sim

Entre 20 e 69 anos 41%

Acima de 70 anos --- 57%

“Os jovens sentem mais dificuldade de se perceber lá. Os idosos têm uma perspectiva melhor da vida; ‘Chegamos aos 70 muito bem, eu quero ir mais, Estou gostando disso’”, explica Dennis Giacometti, responsável pela pesquisa.

“Me sinto como uma pessoa de 25, 30 anos, porque no meu caso eu com 25 não era de nada”, confirma Dona Cordelita.

Cordelita, Palmira e Carvalhinho têm características e comportamentos fundamentais para envelhecer bem. A partir das experiências deles, o Fantástico desenvolveu um manual da longevidade, com a ajuda de três especialistas.

Primeira regra: alimentação. “Tem que comer de tudo sim. Precisa comer carboidrato, proteína, gordura. A proteína é um substrato muito importante para que seja feita a massa muscular”, recomenda a nutricionista gerontóloga da Unifesp Myriam Najas.

É a massa muscular que dá as condições para a segunda regra da longevidade: atividade física! “Todo tipo de exercício é indicado”, diz Myriam.

“Ele não volta a ser jovem, mas ele perpetua sua capacidade por um longo período de vida”, diz o médico geriatra da USP Wilson Jacob Filho.

A Dona Palmira faz esteira, bicicleta e levanta peso. “Você ganha agilidade para você poder se mexer”.

Seu Carvalhinho gosta de dançar. “A alegria que tenho é essa que todo mundo testemunha, observa e aplaude”. A dança é tão animada que faz sucesso na internet.

A Dona Cordelita também se movimenta. Faz seu exercício no nado sincronizado. “A gente fica com as carnes rígidas”, diz.

Os cuidados não podem ser só com o corpo. Nessa idade, a cabeça fica cheia de medos.
A pesquisa sobre longevidade mostra solidão, dependência e doença como as principais preocupações.

Principais medos da longevidade

69% ficar doente

57% depender de alguém

31% ficar sozinho

“Dependência da família, tanto fisicamente quanto economicamente, emocionalmente. Outro medo: a perda dos amigos”, afirma Giacometti.

Amigos? Dona Palmira está rodeada, sempre. Dá aula de artesanato. O convívio social é outra dica importante. Seu Carvalhinho preferiu não largar o trabalho. “Para manter a mente boa, você continua trabalhando, interagindo com a sociedade”.

Saber se adaptar às mudanças é outro ponto fundamental. “O quanto você consegue se adaptar com aquilo que é inerente ao processo de envelhecimento”, afirma Valmari Cristina Aranha, psicóloga da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia de São Paulo.

Quando ficou viúva, há sete anos, Dona Palmira não caiu em depressão. Foi viajar. Saltou de paraquedas. Começou uma nova fase.

“Meu coração está maravilhoso, em todos os sentidos”.

O responsável? Seu Alberto, o namorado de 86 anos.

“O interesse sexual, o interesse pelo companheiro ou pela companheira, são sem sombra de dúvida um demonstrativo de que os hormônios estão funcionando”, avalia o geriatra.

Viver bastante tem mesmo suas compensações. A maior parte dos entrevistados da pesquisa quer aproveitar o tempo a mais para viajar, cuidar de si mesmo e descansar.
O que faria com esse tempo a mais?

52% viajariam

46% cuidariam de si mesmo

40% descansariam

14% se dedicariam à família

“Ficar tranquila junto com meus netos, bisnetos, isso é o que eu desejo na minha vida. E envelhecer, porque eu não sou velha não”, diz Cordelita.

Não adianta achar que tem manual pra viver bem aos 70, 80, sem fazer nada antes de chegar lá.

“É importante pensar que você vai viver mais e se preparar para isso. Não só guardando dinheiro, acumulando saúde, mas cuidando da sua vida afetiva, construindo vínculos saudáveis, desenvolvendo algum hobby. Se você tira o trabalho do indivíduo, o que sobra?”, recomenda Valmari.

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