São Paulo - Uma pesquisa realizada na Unesp de São José do Rio Preto busca um tratamento alternativo com substâncias da flora brasileira para o Alzheimer, doença que afeta, principalmente, idosos com mais de sessenta anos.
O projeto desenvolvido pela mestranda Ariela Maltarolo Crestani, aluna do Programa Interinstitucional de Pós-Graduação em Ciências Fisiológicas (PIPGCF/Ufscar - Universidade Federal de São Carlos/Unesp), junto com o professor Luiz Henrique Florindo, do Departamento de Zoologia e Botânica do Ibilce, testará as substâncias em ratos da linhagem wistar que apresentam características similares de uma pessoa atingida pela doença.
Segundo Ariela, a ideia de buscar um tratamento alternativo para a doença surgiu com os altos custos que têm o sistema de saúde e os pacientes com Alzheimer. Assim, os pesquisadores testarão substâncias extraídas de plantas com potencial terapêutico encontradas na flora brasileira, algumas delas estão ameaçadas de extinção.
"O tratamento feito atualmente no Brasil é exclusivamente com remédios estrangeiros", afirma. "Um exemplo é o Cloridrato de Donepezila, remédio mais atual para o tratamento da doença, que custa cerca de R$ 370. Esse valor pesa muito no orçamento de um paciente idoso".
Antes de testar as substâncias nos ratos, os pesquisadores montarão um modelo de estudo ou protocolo experimental. Dessa forma, será aplicado no cérebro de alguns ratos a droga AF64A. "Essa droga, quando aplicada diretamente no cérebro, induz a um quadro da doença de Alzheimer, comprometendo um sistema cerebral do rato que apresentará perda de memória recente - o mesmo comprometimento apresentado por idosos afetados pela doença", explica Ariela.
"Espera-se que os ratos lesionados apresentem desempenho inferior aos ratos não afetados em alguns testes. Após isso, buscaremos reverter o quadro dos ratos com comprometimento com as substâncias terapêuticas, via oral."Para comparar os ratos lesionados com os ratos "normais", os pesquisadores testarão a memória recente deambos no "Labirinto Aquático", que consiste em um tanque com água em que os ratos deverão encontrar a plataforma que permite a saída da água usando pistas espaciais que exigem a evocação da memória, e no "Labirinto em T". "Por meio destes testes, será possível padronizar o comportamento entre os ratos e ter um parâmetro de comparação", comenta Florindo.
O Alzheimer
Principal causa de demência entre idosos com mais de sessenta anos, a Doença de Alzheimer atinge áreas cerebrais relacionadas à memória de curto prazo e da linguagem. "Espasmos de memória e dificuldade de verbalizar coisas, ideias e sentimentos são alguns sintomas da doença", explica Ariela. A mestranda ainda afirma que, com a evolução da doença, a pessoa afetada pode apresentar quadros depressivos, perda de personalidade e da capacidade de realizar tarefas simples, como comer ou higiene pessoal.
Embora haja tratamentos para a doença, alguns remédios causam efeitos colaterais, como enxaqueca e reações gastrointestinais, além da "acomodação" do organismo do paciente ao remédio. "Nesta pesquisa, buscamos um método alternativo que tenha um efeito mais estável ao longo do tratamento, ou seja, sem resistência do organismo, e diminuir os efeitos colaterais nos pacientes", conta Ariela.
Além disso, a Doença de Alzheimer só pode ser diagnosticada após a morte (post-mortem) do tecido cerebral. "Em vida, apenas é possível supor. Não se pode afirmar", completa Ariela.
O Alzheimer é uma doença multifatorial pela diversidade de fatores que podem desencadeá-la. "Aspectos genéticos podem desencadear a doença, entretanto não são os únicos responsáveis", afirma Florindo.
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