Pedro Brunetti tem 64 anos e defende a contratação de idosos no comércio em geral (Foto: Adriana Justi / G1)
"Tenho orgulho do que eu faço e trabalho com a maior satisfação", afirma o idoso de 64 anos, Pedro de Alcântara Brunetti. Ele atua na área de recebimento de mercadorias em um supermercado de Curitiba e, com um sorriso no rosto e muita disposição, não reclama de trabalhar todos os dias, inclusive aos fins de semana e feriados.
"Eu agradeço por ter tido essa oportunidade e principalmente, com essa idade, de ter forças e muita saúde para trabalhar todos os dias".
O aposentado defende a contratação desse tipo de público no comércio em geral e principalmente nos supermercados. Ele ainda aponta a diferença entre os jovens quando se fala em disposição. "Os idosos têm mais respeito porque a educação de antigamente era diferente. Além disso, eles também valorizam mais porque geralmente são pessoas que precisaram lutar mais para conquistar alguma coisa, até mesmo um trabalho", afirma.
"Acredito que a juventude de hoje em dia precisa ser educada de uma maneira diferente, talvez um pouco mais rígida, só assim eles vão aprender a tratar o próximo com mais respeito e paciência", completa. Pedro reclamou e disse que como cliente já foi mal atendido por pessoas mais novas em diversas situações.
Acredito que a juventude de hoje em dia precisa ser educada de uma maneira diferente, talvez um pouco mais rígida, só assim eles vão aprender a tratar o próximo com mais respeito e paciência"
Pedro Brunetti, funcionário do supermercado
Um levantamento feito pela Agência do Trabalhador mostrou que, em média, mais de 240 pessoas com mais de sessenta anos buscam uma vaga mensalmente em Curitiba. Destes, 154 são encaminhados para empresas. Os setores que mais contratam são de serviços, comércio e empresas alimentícias. As vagas mais procuradas são para porteiro, caixa de supermercado, costureira e auxiliar de cozinha.
Para o gerente de recursos humanos da rede Condor de supermercados, Gerson Renato Holovaty, realmente há diferença no quesito "simpatia" em relação às duas faixas etárias. "A nossa empresa nunca teve discriminação com relação à idade. Claro que nós temos muitos jovens competentes na equipe, mas os idosos, com certeza, valorizam mais as oportunidades. Eles normalmente não reclamam de trabalhar aos fins de semana e em feriados, por exemplo. Além disso, são mais pontuais e mais atenciosos com os clientes", avalia.
Atualmente, o quadro de 336 funcionários idosos no supermercado representa 5% do total. As áreas em que eles mais atuam são caixa, reposição, segurança, entre outras. "E com certeza, a experiência profissional e pessoal de cada um deles agrega muito aos outros funcionários", completa Gerson.
Recomeço
A aposentada Ana Shimitz Gesser tem 60 anos e trabalha no setor de fiambreria do supermercado. Ela busca qualificação para conseguir um cargo maior. "Eu tenho certeza que nunca é tarde para recomeçar. Por isso, assim que fui contratada, voltei a estudar e estou fazendo cursos de informática", conta.
Há sete meses na função, ela contou que já foi rejeitada em outras empresas por causa da idade, mas que nem por isso desistiu. "Agora que deu certo aqui, tenho que aproveitar essa chance. Diferente de antigamente, hoje eu tenho condições de continuar os estudos e fazer uma faculdade", completa. Questionada sobre até quando ela pretende atuar no mercado de trabalho, a aposentada não hesita em responder - "Até quando Deus me der saúde e disposição".
Nunca faltou
Vontade de trabalhar também é o que não falta para o idoso de 63 anos, Miro Taborda. Ele atua no supermercado na função de fiscal de loja há 12 anos.
"Tem dias que a gente fica meio estressado, mas faz parte. Também sei que não é fácil trabalhar por escala nos feriados e fins de semana, mas eu estava ciente disso quando assinei o contrato, então, aceitei as condições e cumpro rigorosamente, nunca precisei faltar nenhum dia", conta.
Para a operadora de caixa, Aline Pires de Oliveira, de 20 anos, trabalhar com pessoas de mais idade se tornou um aprendizado. "O que eu mais aprendo com eles é a ter paciência. Quando a gente trabalha diretamente com clientes, isso se torna um exercício diário. E eu percebo que eles têm de sobra". Ela atua na função há três meses e, diferente dos outros entrevistados, afirmou não ter perspectiva de crescimento. Ela também relatou não ter vontade de concluir os estudos. "Eu terminei o ensino fundamental, mas não sinto vontade de fazer ensino superior, não sou muito chegada", declara.
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