A presença de material estranho nos pulmões pode ter origem em distúrbios que afetam o esôfago ou a deglutição normal, como o refluxo gastroesofágico ou o megaesôfago chagásico, bastante comuns no Brasil; ou, então, devido a doenças neurodegenerativas como Parkinson e Alzheimer, além de apresentar alto índice de frequência em idosos, que não raro têm reflexo de tosse pouco ativa, fraqueza da musculatura da faringe, pouca sensibilidade da laringe e mecanismos de defesa do pulmão mais comprometidos (principalmente se em algum momento da vida o idoso tenha sido fumante).
Por isso, a doença acomete especialmente os pacientes com idade mais avançada, nos quais são mais comuns as falhas no mecanismo de defesa que protege os pulmões. O reflexo da glote ou da tosse, por exemplo, impossibilitam que sejam expulsos os líquidos ou substâncias que estão indo na direção dos pulmões. Tais disfunções fazem parte, também, do processo de envelhecimento e por si só contribui para o enfraquecimento muscular, conduzindo às mudanças fisiológicas que interferem no processo de deglutição.
“Depois dos 70 anos, começa a haver um déficit da musculatura da faringe, canal por onde passa o alimento, entre a garganta e a árvore respiratória. Ali, o idoso passa a manifestar disfagia (dificuldade para engolir) e, nesse caso, os familiares precisam estar atentos para possíveis engasgos, principalmente após a alimentação. Esse é sempre um sinal de alerta para a doença e para a necessidade de visitar o médico”, diz o diretor da Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia (SPPT), Dr. Igor Bastos Polônio.
Doenças neurológicas (AVC, Parkinson, Alzheimer) também podem levar às alterações na deglutição, uma vez que o comando da deglutição passa pelo cérebro. Essa dificuldade para mastigar e engolir, no caso do Parkinson e do Alzheimer, é atribuída à perda progressiva da função muscular, que tem como consequência o maior risco de infecções respiratórias. Portanto, para pacientes portadores de doenças neurodegenerativas, é recomendável procurar o médico a fim de realizar uma avaliação de deglutição preventiva.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico de pneumonia aspirativa é feito a partir da análise dos sintomas, que compreendem quadros de falta de ar, cansaço, tosse com expectoração (catarro), febre e engasgo após ou durante a alimentação. Idosos podem não apresentar o quadro pneumônico típico descrito acima, mas apenas uma piora no seu estado geral (mental inclusive), com adinamia, diminuição do apetite e, em muitos casos, sem febre – daí a importância de estar alerta para o engasgo, principal sintoma de broncoaspiração.
De acordo com Igor, o tratamento para essa doença é feito a partir de “antibióticos, sessões de fonoaudiologia, administração de uma dieta pastosa, com espessantes nos líquidos (para que fiquem mais “grossos” e fáceis de engolir) e uma enfermeira ou acompanhante, assistindo à alimentação do enfermo, para conferir se o paciente está comendo devagar e com concentração.
“Quando percebemos que o paciente não tem prognóstico de voltar a deglutir normalmente, é hora de pensar em uma via alimentar definitiva como uma gastrostomia ou sonda nasoenteral. Muitas vezes optamos pela gastrostomia, pois a sonda nasoenteral (que vai do nariz até o intestino para alimentar) não raro o próprio paciente acaba arrancando e sofrendo, como consequência, lesões. Esses procedimentos cirúrgicos podem ser úteis na prevenção deste problema”, explica o médico pneumologista.
Comentários
Postar um comentário
Comentarios e Sugestões