Há muito tempo se sabe que animais de sangue frio, como vermes, moscas e peixes, vivem mais em ambientes mais frios.
O problema é que até hoje não se sabe exatamente a razão desse ganho em longevidade.
Uma primeira resposta parece ser particularmente interessante.
Cientistas descobriram um programa genético que aumenta a longevidade de vermes em ambientes frios.
A boa notícia é que esse programa genético também existe em animais de sangue quente, como os humanos.
"Isso levanta a intrigante possibilidade de que a exposição ao ar frio - ou a estimulação farmacológica do programa genético da sensibilidade ao frio - pode aumentar a longevidade em mamíferos," disse Shawn Xu, da Universidade de Michigan (EUA).
Leis da vida longa
Até agora, a hipótese mais aceita para a maior longevidade no frio era a de que os animais vivem mais em ambientes frios por causa de um processo termodinâmico passivo, em que as temperaturas baixas reduziriam a taxa de reações químicas e, assim, diminuiria a velocidade do envelhecimento.
"Mas agora, pelo menos nos vermes, a vida mais longa observada sob baixas temperaturas não pode ser explicada simplesmente por uma taxa reduzida de reações químicas," disse Xu. "É, de fato, um processo ativo, que é regulado por genes."
Xu descobriu que o ar frio ativa um receptor conhecido como canal TRPA1, encontrado nos nervos e nas células de gordura em nematoides, e o TRPA1 leva cálcio para as células.
A cadeia de eventos, em última análise, atinge o DAF-16/FOXO, um gene associado com a longevidade. Vermes mutantes que não tinham o canal TRPA1 tiveram vida mais curta mesmo a temperaturas mais baixas.
O estudo também associa a sinalização do cálcio com a longevidade, algo inédito na literatura científica, e descreve uma nova ligação entre o tecido gorduroso e a resposta à temperatura.
Como todos esses mecanismos existem em uma grande variedade de outros organismos, incluindo os humanos, os pesquisadores acreditam que pode ser possível obter um aumento de longevidade baixando a temperatura para os humanos.
Wasabi
Os cientistas já sabiam que reduzir a temperatura corporal de animais de sangue quente, como camundongos, em 0,5º C, pode aumentar seu tempo de vida em 20%.
Mas não seria prático para os seres humanos tentar reduzir a temperatura corporal central, disse Xu.
"Mas se alguns aspectos do processo de envelhecimento são iniciados nas células da pele e no tecido adiposo dos seres humanos, assim como o são nos nematoides, será que devíamos sair para abraçar um pouco de ar frio no inverno?" indaga o pesquisador.
Embora não tenha uma resposta definitiva, ele acrescenta que, além de temperaturas mais frias, o condimento japonês wasabi também ativa o canal TRPA1.
Ele deu wasabi para seus nematoides e eles também viveram mais, mesmo a temperatura normal.
Assim, em tempos de aquecimento global, talvez seja melhor frequentar mais os restaurantes japoneses.
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