Um inquérito da associação Deco/Proteste, publicado hoje na revista Teste Saúde, refere que um em cada dez idosos esteve cerca de um ano em lista de espera para entrar num lar e 5% mais de três anos.
Ressalvando que não pode comentar os resultados de um estudo que não conhece, a Segurança Social explicou, numa nota enviada à agência Lusa, que os "lares de idosos não são públicos": Podem ser privados com fins lucrativos ou lares de instituições privadas de solidariedade social.
Salienta ainda que "não existe uma sistematização de dados de âmbito nacional sobre tempos de espera em lares" e que as condições de acesso aos lares de Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) com acordos de cooperação são estabelecidas pelo Regulamento de Admissão.
No entanto, sublinha, "da parte do Instituto da Segurança Social sempre que se confirma uma necessidade de institucionalização urgente é dada resposta quer seja através de colocação em lares com acordo de cooperação, quer seja, com a comparticipação de lares lucrativos".
Neste sentido, o Instituto da Segurança Social afirma que tem vindo a aumentar o número de respostas em lares, passando de 1.771 acordos de cooperação em 2011 para 1.805 em 2012, tendo despendido no ano passado cerca de 250 milhões de euros, mais 20 milhões relativamente a 2011 para as respostas a lares de idosos.
O ISS acrescenta que tem promovido o aumento de outras respostas sociais para idosos, como o apoio domiciliário.
"O número de respostas de apoio domiciliário aumentou significativamente", passando de cerca de 65.500 utentes, em 2010, para cerca de 67.500 utentes em 2012, o que representou "um investimento acrescido do Instituto da Segurança Social de cerca de 6 milhões de euros", acrescenta na nota.
O estudo da Deco refere que oito em cada 100 inquiridos tiveram de demitir-se ou pediram licença do trabalho para tomar conta de um familiar idoso que aguardava por uma vaga numa instituição da terceira idade, enquanto 40% afirmaram que têm de fazer sacrifícios para conseguir dar apoio ao idoso.
Enquanto aguardavam, 38% dos participantes optaram por tratar do idoso, 30% contrataram uma pessoa ou serviços privados, 26% limitaram-se a esperar, 15% instalaram o familiar temporariamente noutro lar,14% recorreram a serviços públicos ao domicílio e um em cada dez inquiridos deixou o idoso internado num hospital até ter lugar no lar.
"Cerca de um terço dos inquiridos queixou-se da falta de transparência nas condições de acesso, com maior incidência nos lares públicos e público-privados, e quase 30% referiram que não havia regras específicas para a entrada no lar ou lista de espera.
Mais de 40% consideraram "bastante complexo o processo de admissão em lares públicos e público-privados".
A Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade, que representa quase 2700 entidades, 1300 das quais com lares, estima que existam cerca de 10.000 idosos em lista de espera.
Segundo a CNIS, poderá haver, em três anos, até mais 4000 camas nas instituições, resultado de investimentos cofinanciados pelo Estado português e por fundos comunitários, mas é um número que, manifestamente, continuará a ser insuficiente face à procura.
A associação recomenda que o Governo deve dar continuidade à expansão da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados, com equipas domiciliárias que apoiem os cuidadores informais e prestem cuidados de saúde aos idosos.
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