O cuidado com a saúde dos idosos, sobretudo do sexo masculino, é fundamental para que o país continue aumentando a expectativa de vida da população. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam um crescimento de 0,31 anos (3 meses e 22 dias) em 2011, sendo que em 2010 era de 73 anos, 5 meses e 24 dias. Na comparação entre os homens e mulheres o IBGE aponta, com dados de 2010, que os homens (69,73 anos) vivem menos que as mulheres (77,3 anos).
As maiores causas de morte entre os homens no Brasil são a doença isquêmica do coração, doença cerebrovascular, homicídios, entre outras além da doença por HIV. Porém, quando se trata do homem idoso deve-se destacar o aumento na taxa de incidência por 100.000 habitantes entre os idosos notificados como caso de Aids que evoluiu de 9,0 em 2005 para 10,4 em 2011, como aponta o Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde de 2012.
Ainda são necessárias diversas ações e pesquisas para estudar e intervir no aumento da infecção pelo HIV entre a população idosa do sexo masculino, como aponta o artigo "Homens idosos e o HIV/Aids no campo da Saúde Coletiva: vulnerabilidades e desafios na quarta década da epidemia" de Renato Barboza, pesquisador científico do Instituto de Saúde (IS). Segundo o estudo, é necessário um reforço na implantação de ações contínuas e contextualizadas para que se intensifique a prevenção e atenção à saúde dos idosos nos municípios. O autor da pesquisa ressalta que além de ações contínuas, "temos que pensar nas políticas existentes no SUS e tentar dar mais visibilidade para a população idosa, aperfeiçoando as ações programáticas em curso na rede de saúde".
O artigo destaca também o escasso acesso dos idosos em relação às informações sobre os métodos de prevenção às DST e a sua resistência ao uso de preservativos masculinos.
A falta de continuidade das campanhas, o baixo nível de informação dos idosos, especialmente entre os mais longevos e as poucas estratégias de prevenção e orientação dirigidas a essa população podem ser fatores que expliquem essas questões. "Temos que primeiramente preparar os gestores e as equipes da saúde, principalmente na Atenção Básica, para que eles tenham um olhar atento à possibilidade que esse idoso tem de contrair uma doença sexualmente transmissível, em especial a Aids. É fundamental que os profissionais estejam aptos para desvendar e lidar com as vulnerabilidades e as questões de gênero e geração, pois envolvem questões culturais e sociais", aponta Barboza.
O número de idosos infectados pelo vírus HIV pode ser maior do que o conhecido, já que não são ofertados muitos exames para essa faixa etária. Segundo o pesquisador, isso se explica através de questões culturais e da percepção, das equipes que atendem na Unidade Básica de Saúde, que os idosos não têm mais uma vida sexual ativa.
O artigo aponta como possíveis soluções para diminuir o número de homens idosos soropositivos o investimento em campanhas e a oferta de testes de detecção do HIV e o preparo das equipes de saúde na atenção integral aos idosos. O estudo também defende que os gestores e as equipes de saúde devem desmistificar a invisibilidade e as vulnerabilidades da população idosa às DST/Aids através de ações conjuntas com a Academia e as associações e ONGs envolvidas com a defesa e a promoção da qualidade de vida dos idosos no campo da Saúde Coletiva.
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