Com o aumento da expectativa de vida e com a criação de legislações específicas que resguardam seus direitos, os idosos estão mais ativos, viajam namoram e têm, sim, uma vida sexual ativa!
"A expectativa de vida ao nascer aumentou consideravelmente e não é mais comum entrar nessa fase de vida como um período apenas marcado por declínios e postura passiva diante da vida".
O número crescente de idosos em todo o mundo, inclusive no Brasil, incentiva estudos em diferentes áreas para a percepção de necessidades desse público, tanto na solução de problemas já presentes como na prevenção de agravos e, principalmente ações que estimulem a promoção da saúde.
O crescimento do número de pessoas idosas tem levado a um aumento do número de serviços voltados a essa população. A expectativa de vida ao nascer aumentou consideravelmente e não é mais comum entrar nessa fase de vida como um período apenas marcado por declínios e postura passiva diante da vida. A disposição da lei sobre a Política Nacional do Idoso (Lei nº. 8.842 de 04/01/1994 – Política Nacional do Idoso) foi a partida para diversas políticas e ações voltadas exclusivamente para essa população. É importante destacar a Política para o Envelhecimento Ativo (2005) que enfatiza a saúde e a segurança, tal como a participação social como pilares importantes para o alcance do envelhecimento ativo.
Se pensarmos na posição que o idoso ocupa na sociedade atual, é claro que não vemos mais o idoso frágil, cansado e inativo. Atualmente os idosos estão mais ativos, viajam, namoram e têm vida sexual. O próprio conceito de saúde do idoso traz a autonomia e a independência como elementos importantes para a boa saúde, mensurada pela funcionalidade. A estimulação dessa nova postura se dá também pela quantidade de serviços voltados a esse público, em consequência da demanda crescente. A evolução da ciência em diversas áreas contribui para a longevidade. Arsenal tecnológico, equipamentos, serviços, vacinas e medicações permitem que os anos, a mais, conquistados tenham melhor qualidade de vida e prazer.
" Atualmente os idosos estão mais ativos, viajam, namoram e têm vida sexual".
Nessa perspectiva, a sexualidade é um aspecto considerado importante. Na atualidade, um dos mitos impostos pela sociedade ao velho é que ele é desprovido de desejo e, os que conseguem expressar sua sexualidade são taxados como “assanhados”, “sem vergonha”, demonstrando o preconceito. É importante lembrar que a sexualidade não implica no ato sexual em si, mas envolve, antes de qualquer coisa, uma relação de satisfação consigo e com o outro. Ou seja, esta relação não está ligada apenas às capacidades vitais, à constituição biológica, mas também à construção do sujeito como ser desejante e desejado.
A noção de que o sexo e a sexualidade não existem na velhice ainda é presente na sociedade e, até mesmo, entre profissionais de saúde. O constrangimento para conversar sobre o assunto leva a um problema que é o não reconhecimento do idoso ativo sexualmente e, portanto, sujeito aos mesmos riscos com relação ao sexo. Campanhas voltadas para as necessidades desse público já estão ocorrendo, mas ainda assim, não são suficientes, pois a prática do sexo seguro não é realizada por essa população. É fato o aumento do número de casos de HIV na população idosa. É importante salientar a demora do diagnóstico para esta clientela, pois várias doenças comuns no envelhecimento apresentam os mesmos sintomas iniciais do vírus HIV/AIDS. Portanto, a investigação percorre um caminho mais extenso e ainda considera a exclusão de várias outras doenças.
"O constrangimento para conversar sobre o assunto leva a um problema que é o não reconhecimento do idoso ativo sexualmente e, portanto, sujeito aos mesmos riscos com relação ao sexo".
Existem problemas orgânicos que interferem no ato sexual e que são compatíveis com o declínio normal do envelhecimento, tais como a diminuição da lubrificação, alteração dos hormônios e disfunções do aparelho genitor, portanto, o acompanhamento com o médico é necessário tanto para a mulher como para o homem conhecerem várias estratégias que podem ser adotadas na superação das perdas hormonais e disfunções, como reposição hormonal, uso de medicações para aumentar a libido e a lubrificação e também o uso de próteses.
Concomitantemente ao acompanhamento médico, a terapia ocupacional procura abordar aspectos que envolvem o ser ativo sexualmente, como o reconhecimento e a busca de papéis sociais que passa a exercer e os que foram de algum modo perdidos, como também a autoestima e a autoimagem de um sujeito ativo na vida. O trabalho é voltado para a percepção do sujeito satisfeito, que deseja e que é provido de necessidades de várias ordens, não se colocando passivamente diante de tais necessidades. A autonomia do sujeito é estimulada e valorizada. Os valores construídos ao longo de uma vida agora ditam a maneira como a pessoa se vê e como percebe o outro. Toda pessoa precisa aprender a lidar com as mudanças ao longo da vida e conhecer como pode alcançar o prazer, seja consigo próprio ou com troca afetiva, seja por meio do ato sexual ou contatos íntimos (beijos, abraços, toques, carinhos) que também causam satisfação e percepção de um corpo vivo. Outro importante aspecto relacionado à autonomia é o cuidado consigo, a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e uso adequado do corpo, ou seja, o reconhecimento do ato sexual seguro. Quais dispositivos existem com essa finalidade e como funcionam. Essa aproximação é imprescindível, até mesmo pela falta de campanhas voltadas a esse público. O profissional de saúde deve estar aberto para essa demanda e criar estratégias para alcançar a pessoa com toda a cultura que a envolve e o meio que a acolhe ou rejeita.
Fecho essas considerações com uma provocação, Lema, canção interpretada por Ney Matogrosso, apresenta um idoso que gostaria de ver o mundo e ser visto de maneira mais ativa. Quantos idosos gostariam de ver e serem vistos nesse aspecto? Qual a contribuição dos profissionais para estimular que os idosos tenham tal percepção?
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