Aposentados e livres da rotina do trabalho, os idosos são um nicho de consumo ainda não plenamente atendido - Não é novidade que a população brasileira está envelhecendo. Porém, o mercado ainda não está preparado para atender de forma satisfatória ao público segmentado. Além de ter poder de compra significativo, 65% das pessoas consideradas da terceira idade influenciam no consumo de casa, especialmente os netos, segundo dados da Quorum Brasil - empresa de consultoria e pesquisa de mercado. Esse segmento representam cerca de 14% da população brasileira, somando R$ 2,4 bilhões de renda própria.
"A indústria deveria observar coisas mais importantes. Se 53% dessa população vive com alguém (convive com 3 ou 4 pessoas), ela influencia essas pessoas", afirma o diretor da empresa, Cláudio Silveira. Desse modo, ele ressalta que os esforços de uma marca para atender os idosos resultam na conquista de uma fatia maior do mercado.
Estilo próprio
Os dados, levantados pela Quorum Brasil na cidade de São Paulo, revelam o estilo de vida de 240 homens e mulheres entre 60 e 75 anos. Segundo Silveira, a pesquisa também reflete características de outras regiões do País.
Dos entrevistados, 71% não encontram alimentos que sigam as recomendações médicas e 42% não encontram roupas adequadas ao seu estilo. "Uma senhora não quer uma calça de cintura baixa e nem aquela que fica no umbigo. Mas a pessoa tem que se adaptar aquilo que existe no mercado", lamenta .
Rotina ativa
Silveira também destaca que muitos "sessentões" não se consideram idosos ou integrantes da terceira idade, porque continuam com uma rotina ativa. Nos dados levantados, 35% mantém atividade profissional e 63% faz atividades externas (compras, passeios, visitas, idas ao médico). "As pessoas continuam comendo, bebendo, se divertindo, passeando. Só passaram dos 60 anos. São pessoas ativas, com dinheiro no bolso e querendo viver mais", ressalta o diretor da Quorum Brasil.
Número crescente
Estimativas mostram que o Brasil, em breve, ocupará a sexta posição entre os países com maior número de idosos, com mais de 30 milhões nessa faixa etária. O IBGE, por meio da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD), identificou que pessoas com mais de 60 anos arcam com, ao menos, metade da despesa familiar em 53% dos lares brasileiros.
Tratamento especial
Segundo a Quorum Brasil, a maior parte desses idosos (76%) acreditam que existe preconceito por parte da população em geral com a faixa etária mais avançada. Muitos, inclusive, se incomodam de desfrutar de circunstâncias especiais pelo fato de serem mais velhos. 54% exigem apenas respeito. Outros 32% acreditam que as vantagens são merecidas e os restantes dizem que, dentro dos limites, o tratamento especial é bom.
Representação
2,4 bilhões de reais é quanto representa o potencial de consumo das pessoas na terceira idade, acima de 60 anos, anualmente, no Brasil
Viagens nutrem maior parte dos sonhos
Com horas a mais para o descanso e o lazer, boa parte das pessoas na terceira idade se prepara para realizar os sonhos de viagens, reprimidos nos anos anteriores. Como a maioria já está aposentada e com os filhos crescidos, o momento parece ideal para os passeios prolongados. Dentre os planos de pessoas entre 60 e 75 anos, 58% pretendem realizar viagens, com forte desejo por conhecer as cidades mais famosas do País, segundo pesquisa do Quorum Brasil.
O gerente de vendas e lazer da Casa Blanca Turismo, Cláudio Reges, revela que esse é um público que busca conforto, segurança e serviços de qualidade. "O período de viagem deles é de acordo com a necessidade e não está muito vinculado com as férias, aproveitando o custo-benefício, da baixa estação e consequentemente, os melhores preços", afirma. Segundo Reges, muitos procuram viajar em grupos de amigos ou com a família, sobretudo, com filhos e netos.
Dificuldades
"São pessoas que trabalharam muito na vida em uma época em que viajar pelo Brasil não era algo fácil. As condições de viagens estão mais acessíveis, com parcelamentos e promoções", diz o diretor da Quorum Brasil, Cláudio Silveira.
Porém, 64% dos entrevistados na pesquisa apontam problemas nos hotéis que frequentam. São muitos as dificuldades com as inadequações, especialmente dos espaços físicos, que normalmente não possuem rampas ou barras de apoio nos banheiros.
"Outro problema está com a estrutura de lugares onde costumam ir, como cinema sem rampa de acesso, cadeiras desconfortáveis confortáveis, atendimento precário e informações imprecisas. Uma pessoa de 70 anos não consegue ficar duas horas na mesma posição", afirma Cláudio Silveira.
Aventuras
Além das viagens, 33% planejam alguma aventura - como andar de moto, saltar de paraquedas, andar de lancha e pilotar avião. Outros 9% sonham com conquistas como comprar um caso, casa na praia ou campo, conseguir um novo namorados e gravar um CD. (GR)
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