Em Uberlândia, são 15 Instituições de Longa Permanência para Idosos. 'Aqui é uma maravilha', diz aposentado sobre a instituição onde mora.
Maria Magdalena considera a ILPI onde mora um
paraíso, em Uberlândia (Foto: Caroline Aleixo/G1)
Os idosos representam 10,2% da população em Uberlândia, no Triângulo Mineiro. São quase 62 mil habitantes com mais de 60 anos, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). E chegar à terceira idade para alguns é sinônimo de ansiedade, principalmente para aqueles que não têm como depender dos familiares para os cuidados diários. Neste mês, no qual se comemora o 'Dia Internacional do Idoso', oG1 procurou saber como vive quem não tem como contar com a família na chamada 'melhor idade' ou quem opta por procurar as Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI), para receber cuidados e ter companhias.
Na cidade existem, pelo menos, 15 ILPIs privadas e filantrópicas, que têm o objetivo de atender e garantir a qualidade de vida desta parcela da população. No local são disponibilizados profissionais e atividades em tempo integral e alguns profissionais garantem: muitos gostam de estar onde estão. "É preciso parar com o estigma de que idosos são abandonados, muito pelo contrário. É aqui que eles recebem mais atenção, um atendimento melho e que, geralmente, a família não consegue dar", afirmou a coordenadora de uma casa de repouso, Denise de Fátima Bond Jager.
Denise coordena uma ILPI particular, no Bairro Brasil, há pouco mais de 10 meses. Atualmente, a entidade recebe dez idosos que têm desde o atendimento médico até aulas de arte terapia. Com 15 funcionários e enfermeiros, a estadia custa em média R$ 2 mil e é levado em consideração o grau de dependência do idoso. "A família nos procura, pois oferecemos toda a estrutura necessária e, no final das contas, fica muito mais barato e mais seguro deixar com que o idoso seja cuidado por profissionais", explicou a coordenadora.
Qualidade de vida
No Bairro Guarani funciona o Condomínio do Idoso, uma das quatro ILPI filantrópicas do município que recebem subvenção da Prefeitura de Uberlândia. Construído estrategicamente ao lado do condomínio, o Centro Educacional de Assistência Integrada (CEAI) IV oferece todas as atividades aos cerca de 30 moradores da entidade. Dentre essas atividades estão aulas de natação, hidroginástica, dança, artesanato e cursos de computação.
Mesmo com toda a estrutura à disposição, Antônio de Abreu, de 70 anos, ainda prefere tocar sanfona dele e cuidar da horta de todo o condomínio. "Gosto daqui porque tenho essa liberdade de plantar e não fico à toa. Minha paixão por horta veio da época de infância, porque fui criado na roça e sempre ajudava meu pai. Nessa semana comprei um monte de mudas de café e vou plantá-las, se deixar fico o dia inteiro plantando e cuidando", disse.
Antônio de Abreu conta que a maior alegria dele no Condomínio do Idoso é cuidar da horta (Foto: Caroline Aleixo/G1)
Durante onze meses, Antônio prestou serviço como construtor civil a um órgão federal em Brasília, depois sofreu um acidente de trabalho e foi afastado por invalidez. Com dois casamentos na bagagem e sete filhos, ele sonha em trazer a família de Rondônia para Uberlândia, mas para isso depende da finalização do processo judicial em que garante a aposentadoria total dele. "Enquanto esse dinheiro não sai eu tento visitá-los quando dá. Passo meu tempo na horta e tocando minha sanfona", falou.
O aposentado José Maria dos Santos, de 66 anos, mora no condomínio há nove meses e divide um chalé com Antônio, que é conhecido no local por dar muito certo com todos. 'Seu Zé', como é conhecido, é solteiro e contou que na juventude foi muito apaixonado por uma moça, mas as famílias eram contra o relacionamento e ele sofreu uma grande desilusão. "Nunca mais quis saber de namoro ou casamento, mas hoje em dia eu tenho minhas paquerinhas e sou muito feliz assim", disse.
O compromisso sério de José Maria é com as aulas de natação ministradas no CEAI, onde pratica duas vezes por semana. Além disso, ele encontrou uma nova paixão recentemente: a música. Com apenas 5% da visão, ele aprendeu a tocar teclado sozinho e faz da música uma grande terapia, às vezes até arrisca fazer parceria com o colega de quarto (Assistir vídeo ao lado). "O condomínio é uma maravilha e o que eu mais gosto de fazer é tocar minha música preferida 'Tema de Lara'. De vez enquanto eu toco com o Abreu, mas ele não dedica muito e aí fica sem sintonia", ponderou o aposentado.
Maria Magdalena de Meneses Carlos, de 68 anos, foi uma das primeiras moradoras e dependente do ILPI. Ressaltando vida dela muita humilde de anos atrás, a aposentada relembrou do tempo em que morava em um barraco na periferia uberlandense, sem qualquer segurança ou qualidade de vida. Quando chovia, a mãe de dois filhos, inclusive um especial, ficava preocupada com medo de as telhas soltas caírem neles e também da água chuva, proveniente dos alagamentos, transmitir doenças aos filhos.
"Se eu estivesse em outro lugar, solitária, eu não fazia metade das coisas que faço aqui e viveria depressiva" Maria Magdalena No Condomínio do Idoso, Maria Magdalena disse que encontrou a felicidade e, além de bordados, ela se mostrou ativamente preocupada com a saúde. "Eu gosto demais daqui, é um paraíso. Eu bordo, eu faço ginástica, cuido das minhas coisinhas aqui em casa e até danço. Agora que aprendi a dançar lá no CEAI, eu vivo nos bailes. Se eu tivesse em outro lugar, solitária, eu não fazia metade das coisas que faço aqui e viveria depressiva", ponderou.
Condomínio do Idoso
O condomínio do Idoso é um projeto idealizado pela Prefeitura Municipal, inaugurado em julho de 2000. Em quatro anos de plena atividade, a capacidade de atendimento é de 48 idosos divididos em 24 chalés com 31 m² cada um. Os chalés têm quarto, banheiro, cozinha com sala conjugada, lavanderia, energia solar, eletrodomésticos e móveis além de serem adaptados conforme as normas técnicas de acessibilidade.
O projeto visa atender idosos de baixa renda do município, promovendo mais qualidade de vida a eles. Os critérios utilizados para a seleção dos moradores são:
- Estar cadastrado na Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social e Trabalho
- Ter idade igual ou superior a 60 anos
- Comprovar que não possui outro meio para manutenção de moradia
- Ser independente para atividades diárias e ter autonomia física e mental
- Se o candidato tiver cônjuge ou companheiro, esse também deverá ter idade igual ou superior a 60 anos
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