Abrigos na cidade recebem as vítimas deste tipo de maus-tratos. Delegada explica que os agressores muitas vezes são da própria família. Toda semana pelo menos três ocorrências de maus-tratos, ameaça ou lesão corporal são registradas contra idosos em Bauru. Na cidade existem abrigos para acolher e cuidar dessas pessoas que foram vítimas de algum tipo de violência. Mas, nesses locais, eles encontram um outro problema: a saudade da família. Isso porque muitos são abandonados nesses locais.
O aposentado Luís Alves nunca imaginou que um dia seria abandonado pela própria família, mas foi exatamente isso que aconteceu há 20 anos. Com 47 anos de idade ele foi deixado num antigo hospital psiquiátrico, onde hoje funciona um abrigo. “Eu trabalhava na roça, mas, não estava aguentando mais. A família ficou com dó de mim e me trouxeram para cá. Eu sinto muita falta deles”, conta.
O aposentado faz parte desta estatística que preocupa. Lesão corporal, ameaça e maus tratos são as mais comuns contra homens e mulheres mais velhos. Só este ano, a Delegacia de Defesa da Mulher atendeu 75 ocorrências de crimes de violência contra idosas e o mais preocupante é que na maioria dos casos, os crimes foram cometidos pela própria família da vítima. “Quem geralmente é o agressor é uma pessoa da família, filhos, esposo”, explica a delegada Priscila Bianchini.
A secretária de Bem-Estar Social de Bauru, Darlene Tendolo, explica que para evitar este tipo de problema, vários projetos sociais são desenvolvidos na cidade. Entre eles, de acompanhamento e prevenção. De janeiro até agora, 155 idosos foram atendidos nos centros de referência do município. O número representa um aumento de 70% em relação ao mesmo período do ano passado.
“Muitos casos já levaram o idoso para uma depressão profunda, em uma tristeza e muitos levam até a morte, porque acaba debilitando de uma forma, num sentido que ele não tem a que recorrer, muitas vezes eles não se locomovem, não falam. Por isso a importância desse trabalho preventivo para dar conta dessa proteção”, completa.
Além disso, Bauru conta com três abrigos para pessoas que foram vítimas de abandono ou maus tratos. Dos 121 idosos internados em um desses abrigos, 90% foram abandonados pela família e apenas 16 deles vêem os parentes, duas vezes por ano. "Muitos não tem vínculo familiar ou não tem família nenhuma. Mas, nós fazemos de tudo para que eles se sintam em casa e nós somos a família deles", afirma Raquel Augusta de Matos, coordenadora do local.
Na entidade, os idosos recebem todo tipo de atendimento necessário, como acompanhamento médico, psicológico e social. Algumas pessoas estão aqui há mais de 50 anos e neste período puderam sentir o que não sentiam quando estavam dentro de casa, com a própria família. "Simplesmente a família me abandonou e eu vim para cá. A solução que existia no momento era vir para cá. Eu nunca mais vi ninguém da minha família", conta Valdemir da Silva de Oliveira. "Eu amo todos eles, trabalhar aqui é minha vida. Faz quatro anos que estou aqui e todo dia é uma felicidade. Nós somos uma família", ressalta a cuidadora Aparecida do Carmo.
Comentários
Postar um comentário
Comentarios e Sugestões