Sete maneiras de melhorar a convivência com o portador de Alzheimer


Somente quem convive com o paciente de Alzheimer sabe o quanto é importante o contato e o carinho dos familiares. Não apenas na relação de cuidado, mas também no manejo da doença junto ao médico e outros profissionais de saúde fazem toda a diferença. “É estabelecida uma relação de confiança entre médico, paciente e cuidador”, afirma o psicogeriatra Cássio Bottini, coordenador do programa de terceira idade do Hospital das Clínicas de São Paulo.Idoso em casa - foto: Getty Images

Mesmo em famílias com muitas pessoas, em geral alguém é eleito para cuidar do paciente e aprender como lidar com os desafios que surgem a cada dia. O Minha Vida conversou com os especialistas e preparou uma lista para te ajudar a dar suporte à pessoa com Alzheimer sem que tantas obrigações se tornem um problema para a sua própria saúde. 

Elabore uma agenda semanal - Manter uma rotina bem estruturada garante o número de horas de sono adequado, evita erros com a medicação e ainda reserva um tempo para outras atividades. Cássio Bottini recomenda que seja estipulada a rotina para toda a semana. “Uma agenda bem feita não preenche o tempo todo do idoso, mas garante que seja reservado um espaço para atividades que vão melhorar a qualidade de vida dele”. Além disso, a rotina bem organizada ajuda o paciente a se localizar – perda de referências de tempo e espaço é um dos problemas característicos do Alzheimer. “Muitos não reconhecem a própria casa e nem os parentes e acreditam que fatos acontecidos há muito tempo são recentes”.
Incentive a independência - “O recomendado é estimular o paciente a fazer as atividades do dia a dia com supervisão e oferecer ajuda somente nos casos de dificuldade, sempre com o objetivo de evitar riscos’, recomenda o psicogeriatra Cássio. Já atividades potencialmente perigosas, como cozinhar, dirigir e até mesmo fazer operações bancárias, devem ser evitadas.
Fique atento às reações - “Não existe nenhuma restrição à exposição do portador de Alzheimer a pessoas de fora do ambiente familiar”, afirma Cássio Bottini. “Mas é importante que o familiar fique atento às reações do idoso, já que muitas vezes ele pode se sentir ansioso na presença de estranhos e acabar ficando inseguro”. Mas não deixe estimular o contato com outras pessoas, isso é muito importante para a qualidade de vida do portador da doença.
Aprenda a lidar - Muitas vezes acaba sendo estressante lidar com quem tem Alzheimer. As informações têm que ser repetidas várias vezes, a compreensão é difícil, os gestos são mais lentos: é preciso muita paciência. Mas, segundo Cássio Bottini, mais que calma, é preciso aprender a lidar com essas características da doença. “Além de entender as limitações, é muito importante manejar os problemas sem deixar de estimular o idoso”, conta. “Aceitar a limitação é um erro grave, sufoca um contato de qualidade”.
Organize um ambiente seguro - É importante que a família e o cuidador façam adaptações na casa para que ela se torne um ambiente seguro para o portador de Alzheimer. Existem diversas dicas de como ajustar o lar ao idoso com esse tipo de demência. A psicóloga Fernanda Gouveia Paulino, presidente nacional da Associação Brasileira de Alzheiemr (ABRAZ) dá algumas delas: “Retire tapetes (que podem causar quedas), coloque proteção nas janelas, corrimão de apoio no box e próximo ao vaso sanitário, além de piso antiderrapante no chão, é importante sempre supervisionar o idoso na hora do banho”. É importante também manter o fogão longe do acesso do idoso.
Faça perguntas simples - Muitas vezes fica difícil manter um diálogo com o portador de Alzheimer em função da confusão mental quase sempre presente. Mas a conversa não é impossível, basta um pouco de calma e uma fala bem ordenada para melhorar o bate-papo. Cássio Bottini explica que a informação precisa ser transmitida de maneira simples, tocando em um assunto por vez. Falar de dois temas ao mesmo tempo aumenta as chances de desentendimento, o idoso acaba misturando os assuntos. “Também é importante fazer frases curtas e manter o contato visual o tempo todo para aumentar a atenção do paciente e vale falar de assuntos mais simples, nada muito complexo”, recomenda.
Estimule o exercício físico - Fernanda Gouveia explica que o tratamento do paciente com Alzheimer é feito com remédios e estimulações. Além de todo estímulo cognitivo, o exercício físico é uma excelente forma de estimular o portador de Alzheimer. Mas a profissional adverte: “Ele deve sempre ser feito com recomendação médica e acompanhado por um fisioterapeuta, nunca sozinho”. Quem foi sedentário a vida toda, encontrará ainda mais dificuldade para fazer atividades físicas se for afetado pela doença.


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