Susan Sommers e sua irmã sempre cuidaram de sua mãe, que tinha 94 anos de idade e sofria de demência quando morreu, este ano. Ambas as irmãs se certificaram de que morariam perto da mãe, em Manhattan, e administravam juntas suas contas, compravam sua comida, levavam-na a consultas médicas e supervisionavam seus cuidadores.
Mas Sommers, consultora de moda de 60 e poucos anos, não pode esperar por esse tipo de cuidado quando envelhecer, porque é divorciada e não tem filhos. Enquanto cuidava de sua mãe, às vezes pensava: "Quem é que vai fazer isso por mim?". Sua irmã, Louise Sommers, que é três anos mais nova e também não tem filhos, talvez possa ajudá-la (e vice-versa), mas talvez não.
Essa preocupação tem surgido com mais frequência à medida que aumenta o número de pessoas nos Estados Unidos que não têm filhos. Em 2010, de acordo com dados do censo, quase 19 por cento das mulheres com idades entre 40 e 44 não tinha dado à luz, em comparação com cerca de 10 por cento em 1980.
Alguns filhos são melhores do que outros em cuidar de pais idosos, mas pelo menos as expectativas são explícitas. Os filhos são muitas vezes os únicos que tomam conta dos pais, contratam cuidadores ou ajudam com a mudança para uma nova casa. No caso das pessoas sem filhos, os tipos de responsabilidade podem ser menos claros.
É por isso que é importante, dizem os advogados, que as pessoas sem filhos estabeleçam um representante de assistência à saúde que lhes permita lidar com as decisões médicas (a mesma pessoa também deve ter autorização para ver os históricos médicos) e outorguem uma procuração para que alguém maneje as suas finanças. A um custo de talvez várias centenas de dólares, essas decisões podem ajudar a garantir que as pessoas em quem se confia cumpram com os desejos do idoso caso ele se torne incapacitado.
Você quer ficar em casa recebendo cuidados o máximo de tempo possível? Prefere um tipo particular de casa de repouso? Os documentos podem detalhar essas preferências, e o planejamento financeiro pode ajudar a garantir que elas sejam seguidas.
A ausência desses documentos "coloca mais pressão sobre as pessoas que estão tentando ajudar o idoso", disse Sharon Kovacs Gruer, que trabalha com planejamento de patrimônio e advocacia especializada em idosos em Great Neck, Nova York. Isso também retarda a liberação dos bens dos mais velhos, porque os tribunais levam algum tempo para designar um tutor. Sem tais planos, disse ela, é possível que um guardião desconhecido tome decisões que o idoso nunca teria aprovado.
As pessoas sem filhos talvez também queiram considerar o seguro de assistência médica de longo prazo, disse Kovacs Gruer. Sommers o adquiriu mais de uma década atrás, para que pudesse receber o tipo de assistência que deseja caso a sua saúde começasse a se deteriorar.
Além disso, se as pessoas sem filhos não quiserem que seus bens fiquem com familiares de quem não gostam ou que mal conhecem, podem fazer um testamento ou um fideicomisso (os custos variam, mas podem chegar a 1.500 dólares ou mais). Com um fideicomisso financiado durante a vida, a maioria dos parentes não é notificada, nem tem acesso a um fórum para protestar.
Os casais gays que não são casados, muitos dos quais não têm filhos, devem entender que, sem documentos legais, o parceiro de uma pessoa doente pode não ter voz nas decisões referentes à saúde. E o parceiro de uma pessoa falecida pode não ser autorizado a permanecer na casa do casal nem a ter acesso a fundos de aposentadoria ou a muitos dos benefícios aos quais um casal tradicional teria, disse David M. Goldman, advogado de planejamento de patrimônio de Jacksonville, Flórida.
Não nos esqueçamos dos animais de estimação, que podem ser quase como crianças para os seus proprietários, disse Hyman Darling, advogado especializado no direito de idosos de Springfield, Massachusetts. Deixar um fideicomisso para os animais de estimação garante que eles serão atendidos. Embora Sommers venha quase que certamente a viver mais tempo do que seu dachshund, Romeo, ela preparou o terreno para que a sua irmã cuide dele, apenas por garantia.
Mais de uma pessoa pode ser responsável pela saúde e pelas finanças do idoso, se ele assim desejar. Mas quem devemos escolher como tutor?
Quem está casado muitas vezes escolhe o cônjuge. As pessoas solteiras podem designar irmãos, mas escolher pessoas que têm uma idade parecida com a sua implica em um risco: o de que elas morram antes de você. Se a pessoa de sua preferência tiver uma idade próxima à sua, é recomendável indicar um substituto mais jovem, disse Kovacs Gruer.
Sobrinhas, sobrinhos, amigos, vizinhos, religiosos e membros da igreja são opções possíveis. Os tutores devem ser pessoas em quem confiamos e que podemos avisar caso nossos desejos mudem. É possível optar por dar uma recompensa a alguém depois de sua morte por servir como tutor, mas a motivação principal da pessoa deve ser a preocupação com o bem-estar de quem ela representa, disse Kovacs Gruer.
E se não existir ninguém? As pessoas mais velhas às vezes vivem mais do que seus cônjuges, amigos e familiares. Isso reforça o argumento de que é recomendável cultivar amigos de todas as gerações, disse ela.
Cuidado com pessoas que surgem de repente oferecendo esses serviços pelas razões erradas. Darling disse que tenta se certificar de que seus clientes não estão sendo coagidos ou influenciados indevidamente por pessoas com motivações suspeitas. Se não for possível encontrar ninguém para ser tutor, uma empresa com um departamento de tutoria, como um banco, pode cuidar das preparações mediante o pagamento de uma taxa, disse Darling.
É uma pena que algumas pessoas mais velhas, especialmente as sem filhos, não conheçam ninguém que possa preencher esses papéis, disse Byron Cordes, presidente da Associação Nacional de Gerentes de Geriatria e gerente de atendimento geriátrico em San Antonio. "À medida que os idosos envelhecem, eles começam a perder amigos", disse ele. "Os círculos sociais começam a encolher."
Os amigos e vizinhos devem estar atentos às necessidades das pessoas sem filhos, disse Cordes, e se certificar de que elas esteajm saudáveis e seguras. Se você perceber um problema, como jornais se acumulando, "ouse se envolver", disse ele. "Na sociedade americana, as pessoas tendem a se envolver muito pouco." Lembrando o que disse Darling, no entanto, ele enfatizou que os idosos devem tomar cuidado com as pessoas que têm motivações financeiras suspeitas.
"E se ninguém me encontrar?" Essa pergunta terrível veio à mente de Marianne Kilkenny anos atrás, nas escadas de sua casa em Asheville, Carolina do Norte, depois de uma queda. Ela acabou ficando bem, mas o acidente fez com que ela procurasse novas condições de moradia.
Agora, em vez de viver sozinha, Kilkenny, de 62 anos, divide uma casa grande com duas mulheres de 60 e poucos anos e um casal. Ela a chamou de lar das "Supergatas", inspirada no programa de televisão, e disse que promovia a ideia quando ainda morava sozinha.
Como fundadora de um grupo chamado Mulheres Vivendo em Comunidade, ela incentiva a criação de redes que possibilitam que as pessoas mais velhas – a maioria mulheres, mas também homens, como demonstra o seu próprio exemplo – dividam casas.
Esse tipo de situação de moradia pode não ser do agrado de todos. Mas pode dar às pessoas mais velhas – tanto as que têm filhos quanto as que não têm – companhia e alguém com quem contar quando as coisas ficam difíceis, disse Kilkenny, acrescentando: "Eu quero envelhecer ao redor de pessoas com quem me importo e que se importam comigo".
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