O envelhecimento da população, ao contrário do que se possa pensar, não é motivo só de gastos para a sociedade, mas é também uma oportunidade de as empresas contarem com mão de obra qualificada, experiente e madura
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O envelhecimento da população, ao contrário do que se possa pensar, não é motivo só de gastos para a sociedade, mas é também uma oportunidade de as empresas contarem com mão de obra qualificada, experiente e madura. "A seleção de profissionais com 60 anos ou mais é benéfica tanto os idosos como as organizações que os contratam", afirma Luiz Edmundo Rosa, diretor de educação da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH-Nacional).
O Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta aproximadamente 20,5 milhões idosos - quase 11% da população do País. Em 2000, o contingente era de 14,5 milhões. Segundo o Banco Mundial, se esse ritmo se mantiver, cerca de metade da população brasileira será idosa até 2050.
Para Luiz, o trabalhador idoso representa uma saída à escassez de mão de obra qualificada. "A partir doboom da economia em 2010, as empresas se deram conta com mais intensidade de que falta profissional qualificado no mercado", diz. A pessoa com mais de 60 anos teria, além do conhecimento próprio de cada profissão, também características pessoais - tais como maturidade e senso de responsabilidade - que fazem com que esteja mais adaptada à rotina organizacional.A contratação de profissionais nessa faixa etária, na opinião de Luiz, tem algumas particularidades. Segundo ele, é interessante, por exemplo, oferecer flexibilidade de horários e uma tarefa desafiadora. "É um desperdício usar um profissional experiente apenas como força de trabalho. Ele pode ser, inclusive, mentor das novas gerações", opina.Luiz também alerta que a empresa é a responsável pela maneira como jovens e idosos vão se relacionar. O clima de confronto de gerações não deve existir. "É preciso ressaltar aspectos positivos, tanto dos mais novos, quanto dos mais maduros", afirma o presidente.
Grupo Pão de Açúcar
Desde 2004, o Grupo Pão de Açúcar, formado pelas redes Extra, Pão de Açúcar, Ponto Frio e Assaí, possui um programa focado na contratação de profissionais da terceira idade. Vandreia Oliveira, gerente de Recursos Humanos do grupo, explica que uma das políticas da empresa é focar na diversidade. "Desenvolvemos programas de inclusão social e percebemos, na prática, o quão benéfico é possuir um time de colaboradores composto por pessoas diferentes", diz.
Os benefícios vão desde contar com profissionais mais maduros e responsáveis até garantir que o ambiente de trabalho seja mais equilibrado do ponto de vista comportamental. Isso porque os jovens costumam ser ansiosos, enquanto os mais velhos têm menos pressa. "É preciso cuidado para não dizer que uma geração é melhor do que a outra. Isso não existe. O que vemos é a complementaridade", aponta Vandreia.
A gerente diz que, na época em que foi instaurado o programa, a questão dos trabalhadores idosos ainda não era discutida em profundidade, mas que hoje em dia ela considera uma "obrigação moral" das empresas contratarem esses profissionais, garante ela. Ao todo, o Grupo Pão de Açúcar possui 1,7 mil profissionais com 60 anos ou mais trabalhando em suas quatro bandeiras, o que representa pouco mais de 1% da força de trabalho total.
A porta de entrada principal para os idosos na empresa é o cargo de empacotador, mas nada impede que um profissional dessa idade comece já em cargos de gerência. "Escolhemos a pessoa que tem mais perfil para a vaga em questão. Não levamos em conta se ela é jovem ou idosa", afirma Vandreia.
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