Parafraseando Cazuza, se tem alguma coisa que realmente não para é o tempo. E este é implacável com nosso (nem sempre) lindo corpinho. Alguns, com maiores dificuldades em aceitar o inevitável, têm recorrido a uma relativamente nova área médica: a de “antienvelhecimento”.
A prática, conhecida também como antiaging, envolve a oferta de hormônios a pacientes que têm níveis dessas substâncias normais para sua idade. Por não ter literatura médica considerada adequada para comprovação dos eventuais benefícios, sempre foi vista com certa desconfiança pela maioria dos médicos.
Agora piorou: um parecer divulgado há algumas semanas pelo CFM (Conselho Federal de Medicina) condenou o uso de hormônios para tentar atrasar o envelhecimento.A ideia é que, junto com vitaminas e antioxidantes, a dose extra desses hormônios estimule o organismo a responder como fazia no passado -por exemplo, recompondo massa muscular perdida.
Entre os hormônios usados com esse fim estão o do crescimento, a melatonina e o cortisol. Para o conselho, não há comprovação de vantagens da prática, usada de forma crescente tanto por jovens adultos quanto por idosos. Também não há evidências científicas de que o uso desses hormônios em pacientes normais, para modulação do envelhecimento, funcione. Pior, há indicações de que causam malefícios à saúde. Os riscos iriam de efeitos colaterais simples até o desenvolvimento de doenças graves, como câncer. Aprática é "propaganda enganosa", segundo o próprio CFM.
Nos próximos meses, o conselho deve aprovar uma resolução proibindo a prática hormonal do antienvelhecimento. Indiretamente, ela já é desaconselhada hoje pelo Código de Ética Médica, que proíbe a prática de técnicas sem comprovação científica. Nos últimos quatro anos, cinco médicos foram cassados por essa prática.
Por outro lado, a Academia Brasileira de Medicina Antienvelhecimento defende a administração criteriosa e progressiva de determinados hormônios e vitaminas e rejeita a ideia de "rejuvenescimento".
A Academia acredita que, nos próximos anos, as evidências científicas da prática farão o CFM rever sua posição. Pode até ser, mas até lá seria prudente aguardar os resultados antes de indicar alguns tratamentos que não tem respaldo científico comprovado. Diferente de canja de galinha, hormônios mal prescritos/administrados podem fazer – muito – mal.
DR. EMERSON ZANONIemersonzanoni@clinicaartro.com.brhttp://bandab.pron.com.br/blogs/emerson-zanoni/envelhecer-e-inevitavel-6409/
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