Em atenção à indagação feita às crianças sobre o que serão quando crescerem será feita uma tentativa de se refletir sobre o futuro da pessoa idosa e o processo de envelhecer. A razão pela qual esta coluna se ocupa deste tema se deve à exclusão do velho frente à diminuição de suas atividades e o fim delas, além do preconceito que se situa diante do enfrentamento das suas perdas físicas, psicológicas, cognitivas e sociais.
A entrada na vida idosa pode ter relação com o envelhecimento da população, bem como pode ser uma consequência desta mudança social. Há também repercussões na produtividade e no trabalho e na assistência à saúde, sendo agregadas a este contexto as considerações de que tornar-se velho é estragar, sair do prazo de validade, tornar-se inútil e inválido. Então, fica a ideia de não haver lugar para este grupo na sociedade, o que pode gerar problemas de ordem psicológica, tais como depressão e ansiedade, dentre outras.
Outro ponto que interfere nos impactos negativos do envelhecer se deve ao sistema econômico vigente e às questões sociais implicadas neste processo, tais como previdência social, condições de atenção das famílias aos idosos e outros fatores de ordem financeira. Importa considerar também que as exigências de trabalho, frente à aparência física, rapidez na execução de tarefas e lucratividade, têm sido vistas como incompatíveis com a deterioração da pele e as outras perdas características do envelhecimento.
Assim, o idoso se encontra impactado pela exclusão social, pelos programas de demissão voluntária e aposentadoria compulsória, sendo que há situações em que ainda são mantidas as funções físicas, psicológicas e intelectuais necessárias à realização de um determinado trabalho. Esta circunstância não aparece isolada, mas atrelada ao preconceito social e aos estereótipos que priorizam atributos de beleza, juventude e independência em detrimento a outros valores necessários às atividades laborais.
As reflexões apresentadas dizem respeito à preocupação com o progressivo envelhecimento populacional e as suas exigências. Faz sentido cobrar a efetivação de políticas públicas de atendimento e assistência à pessoa idosa, suas famílias e a comunidade em geral. Importa também que profissionais se especializem no atendimento a este público. Assim, pode se dizer que a pergunta sobre o que será quando crescer trará uma ponderação e planejamento que minimizem conflitos, sofrimentos e doenças psicológicas na vida idosa. E então, crescer sempre, estudar, conhecer pessoas, trabalhar, casar, ter filhos, trabalhar um pouco mais, estudar outra vez, trabalhar de novo, ter netos, reduzir a carga horária, arriscar atividades mais leves, ensaiar aposentadoria e enfim, parar e descansar.
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