O instrumento norteará as ações a serem desenvolvidas na área de saúde para melhorar o acesso e a qualidade do atendimento a esse público no Estado.
O Governo do Espírito Santo assinou, na tarde desta quinta-feira (28), a portaria que institui a Política Estadual de Atenção à Saúde da Pessoa Idosa, instrumento que norteará as ações a serem desenvolvidas na área de saúde para melhorar o acesso e a qualidade do atendimento a esse público no Estado. O documento foi assinado pelo governador Renato Casagrande, pelo secretário de Estado da Saúde Tadeu Marino e pela presidente do Conselho Estadual do Idoso, Augusta Scárdua. A solenidade de lançamento da política foi prestigiada por diversas entidades representativas de idosos, autoridades, representantes de municípios e da sociedade.
“Atender à Saúde da população, em todos os níveis, é uma das mais importantes tarefas do Governo do Estado e estamos aprimorando esse trabalho a cada dia. Com as políticas públicas voltadas a segmentos específicos, como no caso do idoso, estamos estreitando esse relacionamento, fazendo chegar os serviços do Estado de forma qualificada, de maneira que o atendimento seja cada vez mais eficaz e humanizado. Porque a nossa maior premissa é fazer mais para quem mais precisa, e os idosos merecem o nosso respeito e a nossa dedicação”, pontuou o governador Casagrande.
O secretário de Estado de Saúde Tadeu Marino ressaltou a sua alegria em lançar a política e lembrou que a população idosa é a que mais cresce no Estado, com atualmente mais de 350 mil pessoas, ou seja, 11% do total de habitantes. “O objetivo desta política é criar uma rede de atenção integral ao idoso, trabalhando em três eixos estratégicos, criando serviços especializados, capacitando profissionais e envolvendo outras secretarias e municípios num grande projeto, para proporcionar ao idoso mais longevidade e qualidade de vida”, disse Marino.
Ele lembrou ainda que 70% dos idosos são ativos e inseridos na sociedade, tendo sua autonomia preservada, mas 30 % sofrem com as doenças crônicas, que trazem limitações e, por isso, requerem assistência especializada em geriatria e gerontologia. Marino informou ainda que os idosos são responsáveis por 21% das internações. Entre as principais doenças que determinaram a ida ao hospital estão as crônicas, na maioria evitáveis, como problemas do aparelho circulatório, respiratório e digestivo.
A coordenadora do Programa da Saúde da Pessoa Idosa da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), Regina Mesquita, explicou que a Política foi elaborada durante nove meses por um grupo técnico instituído no âmbito da Secretaria, por meio da Portaria 340-S.
A Política é composta de três eixos: Assistência Integral e Integrada, Formação e Educação Permanente e Intersetorialidade. Dentro do primeiro eixo, o principal objetivo é organizar a rede de atenção à saúde contemplando os diversos níveis de complexidade de atenção do Sistema Único de Saúde (SUS). Neste eixo, entre outras ações, está prevista a implantação de serviços especializados em geriatria e cuidados paliativos, sendo o primeiro deles a ser criado no Hospital Estadual Dório Silva, com 40 leitos.
O segundo eixo estratégico é o de Formação e Educação Permanente, que prevê ações educativas para a sociedade sobre os riscos que impedem o envelhecimento saudável; capacitações de profissionais de saúde, para melhoria do atendimento; e cursos para cuidadores de idosos.
Já o eixo da Intersetorialidade tem como objetivo promover a articulação e integração da Saúde com diferentes setores, como Assistência Social, Educação, Segurança Pública, Transporte, Urbanismo e Habitação, e seus projetos e serviços voltados para a população idosa e envelhecimento saudável. O planejamento desta integração será feito por meio de oficinas com os municípios nas regiões do Plano Diretor de Regionalização (PDR), nas quais também serão trabalhados os outros eixos estratégicos da Política.
A faixa etária com mais de 60 anos vem crescendo progressivamente no Espírito Santo. Conforme dados do Censo do IBGE, em 1991 ela representava 6,73 % da população. Em 2000, esse percentual subiu para 8% e, em 2012, para 11%. A expectativa média de vida do capixaba é de 74,3 anos.
O evento foi encerrado com a palestra “Sob a ótica do envelhecimento ativo: como ser um Estado amigo do idoso”, com o médico e pesquisador em saúde pública, Alexandre Kalache, que há mais de 30 anos pesquisa a área do envelhecimento. Kalache foi chefe do Programa de Envelhecimento e Saúde da Organização Mundial de Saúde (OMS) durante 13 anos. Atualmente divide seu tempo entre o Brasil, Londres (onde segue com atividades de pesquisa) e Nova York, onde exerce as funções de Consultor Sênior da Academia de Medicina de Nova York. Trabalha atualmente na criação do Centro Internacional de Políticas para o Envelhecimento no Rio de Janeiro para continuar a pesquisar e sugerir melhorias na qualidade de vida dos idosos.
O médico falou sobre o aumento da expectativa de vida no mundo e de como é possível viver mais, com saúde e qualidade de vida. Segundo Kalache, o Japão tem hoje 29% de sua população formada por idosos e o Brasil, daqui a 30 anos, deverá atingir esse percentual. “Por isso é preciso trabalhar políticas públicas e a cultura do envelhecimento voltada para o cuidado”, disse.
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