“Adultos experientes” de 60 a 75 anos são a Geração A: ativa, autônoma e do agora

Pesquisa Riologia traça novo perfil desses cariocas que viajam, contribuem para a família, têm tatuagem e reinventam a idade, mas são invisíveis na mídia e na publicidade -
 Eles foram os jovens das transformadoras décadas de 1960 e 70 e agora reinventam o conceito de envelhecer, no Rio de Janeiro. Uma enquete da agência de publicidade que’ e da CASA 7 Pesquisa traça o perfil desses cariocas entre 60 a 75 anos, a “Geração A”: A de “ativa”, “autônoma” e de “agora” – sem tempo a perder.

Foto: Arquivo pessoalA advogada e juíza aposentada Isa Soter, da Geração A, e sua mãe, Lille, ambas aos 62 anos

Longe da imagem de “idosos”, “terceira idade” ou “velhinhos” – expressões que rejeitam –, eles se enxergam como “adultos experientes”. Na visão de cerca de 500 que responderam aos questionários, velhos eram seus pais, não eles. A Geração A é independente, pratica esportes, ajuda financeiramente a família, viaja com frequência e tem vida sexual ativa. Carlos Vieira, 63, que recentemente incorporou uma tatuagem no braço ao visual, resume assim sua geração: “Nós nos negamos a envelhecer, a morrer, e nos negamos a ficar caretas.”
Estudo sobre novos nichos publicitários deu origem à "Riologia" O perfil da Geração A faz parte da Riologia, pesquisa que reuniu informações sobre cinco grupos de cariocas no novo momento vivido pela cidade, com o renascimento econômico, reflexos do Pré-Sal, UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) e outras mudanças recentes, impactadas ainda pela melhora geral da economia e por programas sociais. O que começou como a busca de um novo nicho publicitário acabou por descobrir peculiaridades e hábitos e criar novos perfis da “Geração A”, dos “Universitários Classe C”, dos “Solteiros”, de “Praticantes de esportes alternativos” e dos “Teens (Adolescentes) de famílias não-convencionais”. O projeto e os resultados do primeiro grupo serão lançados nesta terça-feira (5), em café da manhã no Parque Lage, com representantes notórios desse perfil: o surfista Rico de Souza, que faz 60 anos em 2012, a atriz Nicette Bruno, 79, e o jornalista Ancelmo Gois, 64. Curiosamente, o estigma da idade levou muitos artistas e personalidades a recusar o convite para participar do evento. Um deles, reconhecido jornalista e produtor musical, avisou que não iria, porque tem apenas “30 anos”.
Foto: Divulgação RiologiaPara Carlos, 63, Geração A se recusa a envelhecer e a ficar careta. Na foto menor, seu pai, na mesma idade

Rio é Estado com mais pessoas  acima dos 60 Para a Geração A, porém “velho é quem não tem autonomia”. Embora corresponda a 10% da população brasileira e a 13,3% no Rio – Estado com a maior população acima de 60 anos – a Geração A não se vê representada nos anúncios publicitários nem na mídia e se sente invisível. “A sociedade ainda põe a gente como velhinho”, protesta Janete, 64 anos. “Roupa pra idoso ou é uma roupa mostrenga do século 19 ou você fica como uma piriguete, e aí fica ridículo!”, disse Maria Alice, 64, aos pesquisadores. Na opinião de Tatiana Soter, diretora de Atendimento e Planejamento da que' e idealizadora da Riologia, "não foi só a expectativa de vida que aumentou" para a Geração A. "A expectativa de viajar, de ter autonomia, se relacionar e ter uma vida ativa também. Os idosos não querem ser vinculados aos velhos rótulos. Eles têm poder de compra e querem viver e consumir. A Geração A tem de ser vista pela publicidade sob esse novo olhar: o olhar da oportunidade", disse Tatiana. A pesquisa tem ainda mais sentido de ser feita no Rio porque a cidade abriga nove dos dez bairros  com mais pessoas acima de 60 anos no Brasil. Em Copacabana, por exemplo, são 30% dos moradores.

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