População com mais de 65 anos vai dobrar nos próximos 40 anos




Aos 101 anos, Maria afirma que o segredo de viver muito e não ficar parada(Antonio Menezes)

Os idosos brasileiros com mais de 65 anos representam hoje 7,4% da população, mas esse número deverá triplicar nos próximos 40 anos, quando idosos e crianças e jovens com até 24 anos terão o mesmo peso. Os números são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e foram destacados nessa segunda-feira (30), véspera do Dia Internacional do Idoso.

Em 2060 a população idosa deve alcançar 26,8% contra 23,6% da soma das crianças de 0 a 14 anos (13,2%) e dos jovens de 15 a 24 (10,4%).

De acordo com o IBGE isso acontece porque a taxa de fecundidade estará em 1,5 filho e não será o suficiente para suplantar o número de mortes ano a ano. Por outro lado, a longevidade terá crescido.

Um exemplo deste fenômeno é a aposentada Maria Félix da Cunha de 101 anos, moradora do bairro Santo Antonio, Zona Oeste, que há mais de 15 anos frequenta a Associação dos Idosos Girassol. Ela conta que o segredo para viver mais é não parar. “Nada de ficar em casa, quem está entrando na terceira idade agora deve fazer caminhadas, passear, dançar, ficar em casa só atrai doenças”, afirma.

Ela conta que o apoio da família é fundamental. “Na associação tenho muitos amigos, quando realizamos as festas, conversamos muito e nos divertimos e a minha família me apoia em tudo, principalmente a Raimunda, minha filha, que sempre me acompanha”, destaca.
Pela história de vida, ela e outros 59 idosos foram homenageados ontem, na Assembléia Legislativa do Amazonas (Ale-Am), pelo dia internacional do idoso comemorado hoje dia 1º de outubro.

“As pessoas idosas têm muito a contribuir com a sociedade, com suas experiências de vida, é importante envelhecer com qualidade de vida, o mundo esta engajado na transformação social, é preciso reconhecer o trabalho dos grupos que cuidam da terceira idade”, foi o que destacou a presidente da comissão da mulher e das Famílias da Ale-Am, deputada estadual Conceição Sampaio (PP).

Além da rede de atendimento ao idoso que conta com Conselho Estadual, Municipal e Fórum Permanente do idoso, grupos, associações, as atividades físicas ao ar livre também estão sendo estimuladas, destacou a secretária de Governo, Rebecca Garcia, que esteve presente na homenagem. ”O esporte e o lazer, atividades físicas preparadas para o idoso, acadêmias ao ar livre, além do atendimento básico de saúde, são aparatos que vão permitir que o idoso viva mais e melhor, por isso temos criado diversas acadêmias ao ar livre para essa população que só cresce no mundo”, salientou.

O médico geriatra, Euler Ribeiro, faz questão de ressaltar que a qualidade de vida da terceira idade depende de alguns fatores. “Tudo vai depender do modo como os jovens vivem hoje, como se alimentam, a quantidade de horas que permanecem nos bancos escolares, a quantidade de exercícios físicos que praticam, o ambiente que vivem, e a genética que carregam. Esses fatores serão determinantes em seu envelhecimento bio-psico-social, com êxito ou não”.]

Alimento favorece a longevidade no Norte

No Amazonas diversas pesquisas são desenvolvidas no intuito de avaliar e melhorar a qualidade de vida dos idosos.

A Universidade Aberta da Terceira Idade (Unati), da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), realizou neste ano uma pesquisa chamada de Marcadores sociais de envelhecimento e qualidade de vida do idoso futuro da cidade de Manaus, para suprir a necessidade que há no Amazonas de pesquisa e educação sobre as questões do envelhecimento da nossa sociedade.

Para o médico geriatra Euler Ribeiro, o homem do Norte tem mais chances de envelhecer com saúde. “Quando participamos de congressos nacionais somos bastante solicitados sobre a questão alimentar”, disse.

Um ponto importante que Ribeiro destaca é a questão da qualificação dos médicos para cuidarem dos idosos. “Não é todo mundo que sabe como envelhecer na nossa região, atualmente a maior parte da clientela das unidades de saúde são crianças e jovens, mas os estudo mostram que esse cenário deverá mudar e os profissionais devem estar preparados”, alertou.
Atualmente existem no Amazonas 360 profissionais especializados em gerontologia, esse número deve aumentar de acordo com Ribeiro, mas será preciso educar as pessoas. “A Unati disponibiliza as especializações, mas ainda falta interesse por esta área que só tende a crescer no Amazonas”, finalizou.

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