Sexo na terceira idade



Com o passar do tempo, e de geração a geração, os tabus relativos ao sexo são superados ao longo das décadas. Se outrora o sexo foi pecado e sequer podia ser mencionado, hoje é motor de uma grande indústria, que gera dividendos bilionários para diversos ramos, o farmacêutico e o geriátrico sobretudo.

Especialistas apontam que a receita da longevidade sexual é simples: equilíbrio entre a saúde mental e do corpo. Em contrapartida, o estresse dos dias de hoje e estilos de vida desregrado (regado a álcool, cigarro, má alimentação, etc.) conduzem os jovens à diabetes, hipertensão e obesidade, dentre outras enfermidades e são os causadores da impotência e da perda do desejo.

Para os jovens não é comum a preocupação com o desempenho sexual ou a virilidade. "Este temor começa a incomodar as pessoas de meia idade", aponta a especialista em geriatria e obstetra Érica Mantelli. A médica atende vários idosos em uma clínica localizada no Jardim Paulista, bairro da cidade de São Paulo. "Tenho recebido um perfil diferente de paciente nos últimos anos" afirma Erica, referindo-se à crescente procura de pessoas na terceira idade que buscam soluções e maior longevidade para a vida sexual.

A especialista aponta que na atualidade o desenvolvimento dos adventos de disseminação de informações, principalmente a internet, incentiva os idosos a buscar novas terapias e medicamentos que lhes beneficiem na prática sexual, "na manutenção da forma física e beleza estética" conclui Érica. A geriatra conta que seus pacientes mais comuns estão na faixa de idade entre 60 e 70 anos, são casados ou viúvos que se relacionam com novos parceiros, principalmente os homens.

Na terceira idade a prática sexual tem restrições, mas continua fazendo bem e oferece prazer e bem-estar. Pesquisa da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira, gestora do renomado hospital paulistano Albert Einstein, aponta que 50% das pessoas acima de 60 anos – casadas ou que têm parceiros sexuais – relatam a prática de sexo a cada duas semanas pelo menos.

"Além do sexo como o conhecemos, uma carícia, um toque ou uma troca de intimidades, muitas vezes, é sensual e tem o mesmo grau de prazer na terceira idade que o sexo tem para o jovem", explica o geriatra do Albert Einstein, dr. Fábio Nasri.

TRATAMENTO

Érica Mantelli afirma: "Sexualidade envolve muitos fatores, emocionais inclusive. O tratamento não é apenas de fatores da Ginecologia e Urologia". Ela informa que existem tratamentos tópicos (aplicações de medicamentos nos genitais) que facilitam o ato sexual para idosos, mas para ela "antes de tratamento tópico, é necessária uma análise global do paciente, para se detectar com mais precisão a real causa da perda da libido". Érica aponta a disfunção da ereção como principal causa da perda de interesse pelo sexo para os homens, e perda da libido para as mulheres.

Quanto às mulheres a especialista ainda ressalta que “existem mulheres com disfunções sexuais, sem libido, que por pudor não expõem o problema aos parceiros”. A médica entende que os brasileiros ainda têm muita vergonha de lidar com esses problemas, e que o maior desafio dos médicos é lidar com esse pudor. Ainda se referindo às idosas, Érica Mantelli afirma: "Senhoras com problemas de autoestima não têm interesse sexual."

Outro fator preponderante na busca por longevidade da vida sexual apontado pela especialista é a falta de recursos financeiros. "Classes mais favorecidas (A e B) buscam tratamento frequentemente, pobres não" afirma Érica. Para ela: "SUS oferece atendimento limitado, incapaz de detectar com cautela as causas da impotência e assim tratá-las", conclui.

Auge

O motorista 'Antoninho', de 56 anos, é solteiro, e conta que tem uma vida sexual muito ativa, e que o fato de estar próximo dos 60 anos não lhe assusta. "O sexo para mim só melhora, quando estamos perto dos 50 chegamos no auge" opina.

Antoninho afirma que se relaciona com mulheres de 30 a 40 anos, e que "gostaria de sair com mulheres mais novas". Para ele a maturidade influencia positivamente no sexo, e o desejo sexual não se perde: "É claro que não tenho a virilidade que tinha anos atrás, mas não me importo em recorrer aos remédios, é normal para a idade", conta o motorista.

Satisfeito com o seu desempenho no sexo, o motorista crava: "Me preocupo muito mais hoje em deixar minhas companheiras realizadas do que antes, quando era jovem." Ele conta que nos últimos anos sua vida sexual lhe agrada além das expectativas que tinha quando jovem, mas recomenda "não podemos nos medicar por conta própria, é muito arriscado", se referindo aos diversos estimulantes sexuais encontrados no mercado.

Para Antoninho a virilidade pode ser mantida, desde que haja entrosamento entre ele e a parceira na cama e ressalta: "Não acho que minha vida sexual perca em nada para o sexo que eu fazia na juventude, ainda me sinto bem e confiante". Ele entende que a experiência é um ingrediente que pode incrementar o sexo: "Acho que o sexo entre os 40 e 50 anos é o melhor, principalmente se existe paixão entre o casal, para mim a vida sexual só para depois dos 70 anos, aí não há paixão ou remédio que resolva", conclui.

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