O açúcar e os A.G.Es: Vilões do envelhecimento da pele



Não adianta utilizar o mais moderno recurso terapêutico para tratar a pele se, diariamente, continuamos com hábitos alimentares prejudiciais a nossa fisiologia. Atualmente, depois dos radicais livres, do estresse oxidativo e dos raios UV, o novo alvo contra o envelhecimento é o consumo do açúcar. Ele produz a glicação, um processo de ligação entre uma molécula de glicose com uma proteína, resultando nos chamados A.G.Es (Advanced Glycation End Products).

Conforme Bellia (2009), o açúcar (sacarose) aumenta a produção de serotonina e dopamina, que são neurotransmissores responsáveis pelo humor e pela sensação de prazer. Mas, em excesso, o açúcar acumula-se no tecido adiposo e causa o envelhecimento precoce e, mais importante ainda, seu consumo exagerado causa fermentação no sistema digestivo, destrói as bactérias intestinais e enfraquece o sistema imunológico atingindo diretamente na imunologia da pele.

No nosso corpo, ao longo do tempo, as incorporações de glicose às proteínas alteram e modificam as funções nos tecidos. A hemoglobina glicada, por exemplo, tem menor capacidade de transporte de oxigênio do que a hemoglobina comum. Nos últimos anos, a glicação vem sendo apontada como um processo altamente lesivo a pele, relacionado a altas concentrações de radicais livres. A glicação compõe uma das mais fortes teorias para explicar o envelhecimento, por seu poder de modificar de maneira permanente os processos metabólicos do organismo.

A formação dos A.G.Es, produtos finais de glicação avançada, está diretamente associada a alterações na estrutura e função de proteínas como o colágeno (Cárdenas-Leon et al.,2009). Por isso, a importância do conhecimento anti-A.G.Es na recuperação de estrias, acnes, rugas e até mesmo em uma fibrose pós operatória, por exemplo.

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A degradação das proteínas é um dos principais mecanismos do envelhecimento. As proteínas são essenciais para o funcionamento do organismo, contudo, são destruídas por glicação e/ou por oxidação (pelos radicais livres). O envelhecimento da pele é o sinal mais visível da degradação protéica, manifestando-se por rugas, perda da elasticidade, menor capacidade de cicatrização. A pele reflete alterações que afetam todo o organismo, músculos, vasos sanguíneos , quando as proteínas se tornam glicadas e deixam de ser funcionais, o corpo torna-se alvo de doenças e a pele envelhece prematuramente.

Segundo a Dra. Zoe Draelos, atualmente, para combater o envelhecimento devemos atuar principalmente em dois pontos: combater os radicais livres e os subprodutos de glicação avançada (Advanced Glycation End Products – A.G.Es).

Os tratamentos da pele através da antioxidação estão em alta, seja através da fotobiomodulação (LEDS), dos comeceuticos, dos nutraceuticos ou da microterapia celular (MCC), todas com ênfase no combate aos radicais livres.

Conforme publicado na Nature.2001;414:813-20, os A.G.Es atuam nas seguintes alterações no nosso organismo:

- modificação de estruturas intracelulares;

- modificação da sinalização entre as moléculas da matriz e a célula gerando disfunção;

- modificação de proteínas que se ligam a receptores específicos causando produção de citocinas inflamatórias.

A glicação (caramelização das proteínas) é um tema que está muito em voga e conhecemos poucas opções de tratamentos estéticos que realmente ajam de uma forma efetiva nesta reação que ocorre a todo instante no nosso organismo gerando os A.G.Es (produtos de glicação avançada). Já estão no mercado produtos biodisponíveis que tem a capacidade de reverter glicações já estabelecidas para utilização tópica na pele, com o objetivo de agir na interrupção das etapas iniciais dos processos de rearranjos antes que sejam irreversíveis.

Devemos levar em consideração o índice glicemico consumido no dia a dia, sendo esta também uma recomendação essencial como a base de uma pele saudável e mais receptiva aos tratamentos.

Segue abaixo uma tabela para um breve entendimento quanto aos valores do índice glicemico dos alimentos.

                     

TABELA DE ALIMENTOS E SEUS ÍNDICES GLICEMICOS
  • Alimentos de alto índice glicêmico (>85)
  • Alimentos de moderado índice glicêmico (60-85)
  • Alimentos de baixo índice glicêmico (<60)

ALIMENTO
IG
ALIMENTO
IG
Bolos
87
Cuscus
93
Biscoitos
90
Milho
98
Crackers
99
Arroz Branco
81
Pão Branco
101
Arroz Integral
79
Sorvete
84
Arroz Parbolizado
68
Leite Integral
39
Tapioca
115
Leite desnatado
46
Feijão cozido
69
Iogurte com sacarose
48
Feijão manteiga
44
Iogurte sem sacarose
27
Lentilhas
38
All Bran
60
Ervilhas
68
Corn Flakes
119
Feijão de soja
23
Musli
80
Spaguete
59
Aveia
78
Batata cozida
121
Mingau de aveia
87
Batata frita
107
Trigo cozido
105
Batata doce
77
Farinha de trigo
99
Inhame
73
Maçã
52
Chocolate
84
Suco de maçã
58
Pipoca
79
Damasco seco
44
Amendoim
21
Banana
83
Sopa de feijão
84
Kiwi
75
Sopa de tomate
54
Manga
80
Mel
104
Laranja
62
Frutose
32
Suco de laranja
74
Glicose
138
Pêssego
67
Sacarose
84
Pera
54
Lactose
65
Fonte: Biotec

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