Brasil tem aumento da expectativa, mas idosos perdem qualidade de vida




Uma pesquisa aponta que, apesar do aumento da expectativa de vida, os idosos brasileiros perderam qualidade de vida.

Para viver bem, é preciso prevenir doenças crônicas, como o diabetes. A prevenção deve começar o quanto antes, mas mesmo quem já está com alguns anos a mais também pode melhorar a qualidade de vida.

Dona Gracinda dá seus pulos para manter a forma e impedir que artrite atrapalhe a vida. “É necessário. Não é vaidade, é necessidade”, diz.

Ela faz parte de um grupo de ginástica montado só para pessoas da terceira idade. “Nós buscamos resgatar a independência diária deles. Uma vez que a sua funcionalidade vai ficando mais carente, você precisa de exercício que seja adequado às suas condições físicas”, afirma a instrutora Adriana Abadt.

Os bons exemplos não são suficientes para mudar um quadro preocupante. Um estudo médico em São Paulo mostra que a expectativa e a qualidade de vida dos brasileiros estão caminhando em direção opostas.

A pesquisa, feita na Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, avaliou duas gerações de idosos nos anos 2000 e 2010. O critério de comparação foi o percentual de pessoas incapazes - sem condições de fazer tarefas mínimas - dentro de cada grupo, por causa de doenças crônicas, como hipertensão, problemas no coração e pulmão, diabetes e doenças nas articulações.

Em dez anos, a expectativa média de vida de homens e mulheres aumentou de 68 para 74 anos. Já o número de incapazes entre 60 e 64 anos subiu de 27% para 32%. Entre os idosos de 70 e 74 anos, foi ainda maior: de quase 30% para 40%.

Para o geriatra Alessandro Gonçalves Campolino, que coordenou a pesquisa, se o país se dedicasse à prevenção de doenças crônicas também na terceira idade, mais idosos poderiam aproveitar melhor os anos de vida que restam. “Muita gente às vezes acha que a pessoa já está em uma fase de vida mais avançada e que não precisa mais fazer medidas preventivas porque as doenças já estão instaladas. Isso na verdade é um preconceito. O estudo está mostrando que mesmo nas faixas etárias mais avançadas, acima dos 75 anos, se essas doenças fossem controladas as pessoas viveriam ainda mais tempo e com mais qualidade de vida”, afirma.

Germano Augusto tem 75 anos e nenhuma doença crônica. Ele diz qual é o segredo: “Exercício e boa alimentação. E não fumar e não beber”, diz o publicitário.

Há 20 anos, os médicos acreditavam que o limite máximo para o aparecimento de doenças crônicas não apareceria com o aumento da expectativa de vida. Hoje, se sabe que a prevenção pode adiar o surgimento dessas doenças. Ou seja, dá para viver mais e melhor.

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