A audição no idoso



No Brasil, tal fenômeno não ocorre de forma diferente: os idosos são 10% da nossa população e seremos o sexto país do mundo em número de idosos em 2025, segundo estimativas do IBGE.

Com o processo de envelhecimento, a audição também é afetada como as demais estruturas do corpo humano. A perda auditiva que acontece na terceira idade é chamada de prebiacusia, vem do grego présbys – idoso, portanto significa algo como “audição do idoso”. É a principal causa de perda auditiva progressiva e ocorre de forma lenta, bilateral e simétrica, ou seja, os dois ouvidos são afetados de forma semelhante. Tem início já a partir da quinta década de vida.

Por ser o sentido da vida social, a perda da audição em idosos, vai levando ao isolamento gradativo, depressão, piora da cognição e do quadro demencial em muitos casos.

A presbiacusia é dividida por vários autores em subtipos, mas de fato, essas categorias se misturam e apenas o que ocorre é o predomínio de uma delas: o ouvido é acometido como um todo! Há uma diminuição de sua irrigação e portanto na dificuldade da chegada dos nutrientes. Ocorre também a perda das células sensoriais, as chamadas células ciliadas, bem como também das suas células de sustentação e da capacidade vibrátil da membrana onde estão assentadas. O nervo auditivo também perde a sua capacidade plena de condução do estímulo ao córtex cerebral.

Existe uma clara predisposição familiar e alguns fatores ambientais corroboram como hábitos inadequados de vida (dieta inapropriada, tabagismo, e sedentarismo), determinadas doenças como diabetes, exposição a ruídos intensos ao longo da vida, dentre outros.

O paciente idoso presbiacúsico tipicamente se apresenta a consulta levado por familiares ou acompanhantes que se queixam da sua perda auditiva. O paciente em muitos casos nega a sua dificuldade e afirma que são as pessoas que falam baixo. O déficit auditivo tipicamente piora em ambientes ruidosos. Na maioria das vezes quando admitem a perda, referem que escutam mas não entendem. Aos acompanhantes que não compreendem tal queixa, o que não é incomum, explico que ouvir é entender aquilo que se escuta.

O tratamento além de uma boa orientação à família, cuidadores e ao próprio paciente, passa pelo uso de aparelhos auditivos, por nós chamados de aparelhos de amplificação sonora individual (AASI), que devem ser indicados o mais breve possível com o objetivo de manter o estímulo ao nervo auditivo, o que permite uma adaptação mais fácil, além de evitar-se o gradativo isolamento do paciente. É importante sempre enfatizar-se o estigma carregado pelos usuários dos aparelhos auditivos e que muitos, mais preocupados com a estética do que com a saúde, irão numa fase inicial optar infelizmente pelo o seu não uso. A estes, a boa notícia, é que os aparelhos estão cada vez mais se miniaturizando e se tornando mais versáteis. A consulta regular ao otorrinolaringologista é mandatória para o acompanhamento evolutivo da perda auditiva bem como para identificação de fatores que estejam dificultando a adaptação ao aparelho.

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