PORTUGAL; Projeto «Palavras e Afetos» para acabar com a solidão dos idosos em Famalicão


FAMALICÃO – Acabar com a solidão entre os idosos famalicenses! É um objetivo muito ambicioso, mas é precisamente isso que se pretende com o projeto de voluntariado “Palavras e Afetos”, que foi apresentado, nesta segunda-feira, pelo presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão, Armindo Costa.

Para o autarca “as histórias de idosos abandonados não são um fenómeno novo. Sempre existiram casos de pessoas sem retaguarda familiar, mas que os vizinhos e os amigos não desamparavam e continuavam a dar apoio e a fazer companhia. A sociedade está contudo muito diferente e os tempos difíceis que vivemos atualmente vieram agravar este problema social”.

É neste contexto, que surge o projeto municipal “Palavras e Afetos” que deverá arrancar em meados de Abril, um projeto que tem como missão melhorar a qualidade de vida e o bem-estar da população sénior do concelho, nomeadamente das pessoas com mais de 65 anos de idade que vivem em situação de isolamento social e solidão, através do acompanhamento e visita de voluntários. “Tal como o nome indica, pretende-se levar palavras e afetos até aqueles que vivem e se sentem sozinhos”, salientou Armindo Costa.
De acordo com os últimos censos, existem no concelho famalicense cerca de cinco mil idosos a viver em agregados de uma ou duas pessoas. “É a estas pessoas que temos que chegar”, assinalou o edil referindo que o projeto desenvolvido pelo Banco Local de Voluntariado, da Câmara Municipal, é promovido em conjunto com a Rede Social Concelhia, que fará a sinalização das pessoas que necessitam de apoio.
Neste momento, existem já cerca de 30 voluntários a receber formação específica para lidar com os diferentes casos. Segundo a formadora Manuela Martins, da Escola Superior de Enfermagem do Porto, “as ações de formação englobam temas genéricos como contar histórias, prestar apoio na alimentação ou levar os idosos a passear pela aldeia, mas inserem também particularidades que tem a ver com a personalidade de cada um”. Por isso, no início do acompanhamento é elaborado um plano de desenvolvimento individual de cada idoso, que depois é seguido pelo voluntário.
O acompanhamento dos voluntários inclui atividades dentro de casa tais como a leitura de histórias, o acompanhamento de refeições, tertúlias ou simplesmente fazer companhia e conversar. O voluntário prestará ainda apoio nas reparações domésticas e na socialização com outros idosos. Fora de casa, prevê-se a realização de passeios pela freguesia ou pela cidade, idas a compras, cabeleireiro ou até acompanhamento nas consultas médicas.
Com este projeto, a voluntária Maria Ferreira de 53 anos de idade, desempregada, espera, acima de tudo, “ser útil e sentir-se útil, apoiando e fazendo companhia a quem mais precisa”. “Olho em redor e vejo muitos idosos sozinhos, e sinto que posso ser-lhes útil”, destaca, assinalando que “é muito triste ver os idosos que trabalharam uma vida inteira, agora sozinhos”. Também para a voluntária Marta Fernandes o principal objetivo é sentir-se “útil, oferecendo a sua companhia e o seu apoio a quem mais necessita”.

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