Os novos caminhos para a longevidade - Parte 1


Descobertas revelam a influência da personalidade, do relógio biológico e da quantidade de alimentos ingerida para garantir uma vida mais longa e saudávelCilene Pereira e Mônica Tarantino.
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AMINOÁCIDOS NO PRATO - O primeiro filho da apresentadora Adriana de Castro, 42 anos, tem oito meses. Antes e depois da gestação, ela enriqueceu a alimentação diária com frutas e grãos, para obter substâncias como a metionina, composto que atua na

regeneração dos tecidos. “Meu paladar mudou e tenho mais energia”




Envelhecimento bem-sucedido. Você provavelmente já ouviu falar desta ideia. Ela está no coração da maior aventura científica já realizada para decifrar o que pode retardar o envelhecimento humano. É objeto dos esforços de cientistas, geriatras, neurologistas. O que se quer é obter meios de levar o ser humano a preservar o máximo de sua capacidade biológica, mesmo com o passar dos anos. “Centros de estudo de todo o mundo estão buscando informações nas moléculas e reações do organismo para atingir essa meta”, diz o pesquisador e geriatra Clineu Almada, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Já se caminhou bastante nesse sentido, com a descoberta de alguns mecanismos capazes de nos levar a uma vida mais longeva. Recentemente, no entanto, a ciência trouxe à luz três novos fatores decisivos para um envelhecimento saudável: o tipo de personalidade, quanto e o que se deve comer e por que se deve respeitar o relógio biológico para que se possa viver mais. Estes achados estão entre os avanços mais importantes obtidos nos últimos anos na área da ciência da longevidade.

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Há dez anos, por exemplo, quem imaginaria que a personalidade teria o poder de influenciar a rapidez do envelhecimento cerebral? Mas foi exatamente isso o que constataram cientistas da Universidade de Washington, nos Estados Unidos. O grupo, considerado um dos mais conceituados nos estudos sobre o tema, verificou que os indivíduos de temperamento irritadiço, mais propensos a neuroses, estão sujeitos a perder mais neurônios do que os tranquilões e extrovertidos. Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores avaliaram imagens do cérebro de 79 voluntários com idade entre 44 e 88 anos. “As pessoas ansiosas e aquelas que tendem a reagir de modo negativo aos acontecimentos do dia a dia têm menos massa cinzenta nas regiões ligadas à atenção, às emoções e à memória”, disse à ISTOÉ a professora de psicologia Denise Head, uma das autoras do trabalho.
A massa cinzenta é formada pelo conjunto dos neurônios, as células nervosas do cérebro. Na juventude, ter menos neurônios nas áreas apontadas pelo estudo pode não implicar grandes prejuízos ao raciocínio e ao processamento dos sentimentos, por exemplo. Isso porque, nessa fase da vida, o cérebro pode compensar a menor quantidade de neurônios em uma região usando outros circuitos, em outras áreas, para que exerçam as funções. Porém, com o passar dos anos, essa capacidade do cérebro, chamada de neuroplasticidade, diminui. Em indivíduos com personalidade mais neurastênica, que já apresentam menos células nervosas, a perda dessa habilidade será sentida mais rapidamente. “E o declínio da massa de neurônios será mais acentuado naqueles que não tinham uma boa reserva”, diz o geriatra Almada. Isso significa que, para eles, os primeiros sinais de desgaste cerebral – como as falhas de memória ou dificuldade para processar as emoções – chegarão mais cedo.

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O PODER DO SONO - O executivo José Melo Neto, 43 anos, foi ao geriatra cinco anos atrás. Queria saber o que deveria fazer para ter saúde quando ficasse velhinho. Primeiro mudou aspectos da rotina para regular o sono, que não era satisfatório. Uma das providências foi não entrar mais na internet depois do jantar e relaxar na cama antes de pegar no sono.


O trabalho da escola americana foi o primeiro passo para traçar conexões entre o comportamento e o envelhecimento. E, ainda que os pesquisadores não tenham certeza do que vem primeiro – se a baixa neuronal ou os comportamentos a ela associados –, é sabido que cultivar a serenidade e a capacidade de se adaptar aos reveses do dia a dia protege o organismo dos efeitos perversos do estresse crônico. A tensão permanente diminui, por exemplo, a concentração e a atenção. A enxurrada de substâncias produzidas pelo organismo para se defender das ameaças – neste caso, interpretadas como uma constante – também reduz as defesas imunológicas.

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A VIDA À NOITE - O advogado Ricardo Rodrigues, 25 anos, sabe que seu desempenho é melhor depois do meio-dia. Por isso, procura respeitar seu relógio biológico. Sempre que pode,reserva a manhã para resolver tarefas burocráticas e que exijam menor esforço mental.“Minha mente está mais rápida à tarde e à noite”, diz

De posse de conhecimentos como esses e dos gerados por pesquisas como a da Universidade de Washington, os geriatras começam a adicionar à sua lista de observações as variações de humor dos pacientes. E indicam estratégias para aplacar os efeitos nocivos da personalidade. A primeira é tentar modificar traços neuróticos da personalidade. Evitar o perfeccionismo e procurar atividades de relaxamento, por exemplo, ajudam a controlar a irritação e a ansiedade. Aos primeiros sintomas de depressão – falta de ânimo, uma tristeza sem motivo que persiste dias a fio – deve-se imediatamente procurar o médico. A doença acelera o desgaste cerebral, muito por conta do comportamento que o paciente acaba adotando: fica mais isolado, apático, exercitando menos os neurônios. Além disso, é importante estimular o raciocínio para que os circuitos neuronais continuem ativos (leia mais nos quadros ao longo da reportagem).

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COMER MENOS PARA VIVER MAIS - A executiva Ana Paula Gaiotti, 32 anos, decidiu reduzir a quantidade de alimentos no prato para perder peso e também aumentar a sua expectativa de vida. E conseguiu fazer isso melhorando também a qualidade do que ingere. Acrescentou castanhas e mais fibras ao cardápio. Não sente mais tanta fome.
http://www.istoe.com.br/reportagens/111639_OS+NOVOS+CAMINHOS+PARA+A+LONGEVIDADE+PARTE+1

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