Medicamentos e Envelhecimento



O uso de medicamentos deve ser criteriosoMuitos agentes farmacológicos utilizados por pessoas idosas ao combate morbidades de longa duração podem trazer alguns danos à saúde associadas ao aparecimento de novas morbidades. Por sua vez, os idosos apresentam declínio da capacidade funcional na farmacocinética dos medicamentos em seu organismo. Tal farmacocinética refere-se à absorção, ao metabolismo, a distribuição e a excreção de substâncias farmacológicas. Tal afirmação decorre de estudos que apontam diferenças nas quatro etapas citadas quando se compara o organismo do jovem ao do idoso. (NASCIMENTO, 2002).

Entretanto, sabe-se que o acúmulo das substâncias farmacológicas no organismo poderá provocar distúrbios metabólicos e tóxicos.

Além disso, tem-se o conhecimento de que a sobreposição de diversas morbidades no organismo possibilita a polifarmácia, que é consumo de diversos medicamentos, os quais podem apresentar interações medicamentosas e suscitar as reações adversas severas à saúde humana.

Portanto, o uso de medicamentos deve ser criterioso quanto à dosagem, aos horários e sob prescrição médica, bem como ter conhecimentos das possíveis interações medicamentosas, seja por sinergismo ou antagonismo. Cabe ressaltar que nessa fase do ciclo vital a tendência para a automedicação aumenta especialmente os medicamentos por via oral.
Em relação à farmacocinética dos medicamentos, Nascimento (2002) ressalta que na absorção pode apresentar as seguintes alterações:

- Diminuição de células na mucosa gastrintestinal.
- Diminuição do número de cílios absorventes.
- Redução da motilidade gastrintestinal e da função esfincteriana.
- Ampliação do tempo para que ocorra o esvaziamento gástrico.
- Menor fluxo sanguíneo, retardando a absorção de substâncias.
- Menor volume e hipoacidez da secreção gástrica.
Na etapa da distribuição do medicamento após absorvido, que passa à circulação, poderá ser identificado:
- Nível plasmático da droga elevado.
- Alteração do volume da distribuição da droga, devido à composição corporal.
- Redução do fluxo sanguíneo.
- Aumento de fração livre no plasma, por redução de proteínas plasmáticas.
-Aumento do risco da fração livre que se torna tóxica, sendo possível surgir os efeitos adversos e as interações medicamentosas.

O uso de medicamentos deve ser criteriosoNa fase de metabolização, ou seja, da biotransformação da substância ativa em inativa pode o organismo apresentar:
- Redução da função hepática.
- Diminuição do glicogênio.
- Declínio da perfusão do sangue no fígado.
- Disfunção hepática.
E na fase da excreção, principalmente, por via renal:
- Redução da filtração glomerular.
- Redução da função de reabsorção e secreção tubular. (NASCIMENTO, 2002).

As reações adversas mais comuns estão relacionadas ao sistema neurológico e digestório, os quais podem afetar a absorção e metabolização das substâncias ativas, que poderão alterar a resposta do organismo humano. O uso continuado de alguns diuréticos e de cortisona pode provocar a perda de potássio, elevando o risco de arritmias em pessoas que usam digitálicos. (NASCIMENTO, 2002).

As morbidades associadas às possíveis reações adversas de medicamentos podem causar a demência, a confusão mental, as quedas acidentais, a depressão, as hemorragias, a úlcera péptica, a gastrite, a constipação intestinal, a insuficiência cardíaca congestiva (ICC), as arritmias, a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), a insuficiência renal, a hipotensão ortostática, a doença de parkinson, o glaucoma, a hipertrofia prostática, entre outros. (SECOLI e DUARTE, 2005).

Secoli e Duarte (2005) complementam que os principais problemas estão associados à administração, entre os quais se destacam:
- Erros relacionados à dosagem e horários.
- Uso errado de medicamento.
- Automedicação.
- Não adesão à prescrição médica e desconhecimento das interações e dos efeitos adversos dos medicamentos.
- Medicamentos divididos e trocados com amigos.
- Ingestão prolongada de alguns medicamentos.

Entende-se que o uso indiscriminado e excessivo de medicamentos ocorre em quase todas as etapas do ciclo vital. No entanto, os idosos apresentam perfil para automedicação, elevando os riscos para efeitos adversos e interações potencialmente perigosas. Ainda, complementa-se que os medicamentos com baixo risco podem causar alterações cognitivas tanto em jovens como em idosos. Para as pessoas idosas o risco aumenta devido ao declínio da capacidade funcional dos sistemas, a fragilidade e ao uso contínuo de diversos medicamentos. As alterações fisiológicas do envelhecimento são as responsáveis pela maior predisposição dos idosos às complicações clínicas e cirúrgicas, inclusive determina maior risco para mortalidade. (NASCIMENTO, 2002).

Cabe salientar que alguns medicamentos potencializam as reações adversas e as interações medicamentosas, a saber: os anticolinérgicos, os anti-histamínicos, os antiparkinsonianos, benzodiazepínicos, opióides, e os antidepressivos tricíclicos. Orienta-se que caso tais medicamentos não sejam essenciais para a homeostase corporal, devem ser diminuídos ou suspensos antes de procedimentos cirúrgicos. (SECOLI e DUARTE, 2005).

Portanto, cabem ao profissional enfermeiro e aos demais membros da equipe de saúde a orientação de alguns cuidados na administração de medicamentos à pessoa idosa, dando especial atenção a insulinoterapia:

- Orientar as dosagens e os horários de cada medicação.
- Orientar as reações adversas.
- Explicar as possíveis interações medicamentosas.
- Orientar o uso da medicação sob prescrição médica.
- Orientar para evitar medicamentos sugeridos por vizinhos, amigos e parentes.
- Orientar o uso do medicamento sempre do frasco original.
- Orientar os cuidadores para a supervisão da administração dos medicamentos.
- Orientar para trazer sempre consigo a receita médica, para avaliação mais precisa de todos os medicamentos utilizados.
- Orientar que todo sinal/sintoma decorrente do uso de medicação deve ser notificada ao médico. (NASCIMENTO, 2002)




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