Os desafios do envelhecimento


O aumento da expectativa de vida ao nascer tem contribuído para uma longevidade cada vez maior. A participação relativa dos grupos com 60 ou mais anos de idade no contexto global da população mundial e também nos países tem aumentado expressivamente ...

O envelhecimento é um processo que afeta diretamente as pessoas e, neste sentido, é uma realidade individual. No entanto, tem repercussões e está intimamente associado com outros aspectos como familiar, comunitário, societário e também no plano nacional e mundial.
Graças ao avanço do conhecimento científico e tecnológico, nas últimas cinco ou seis décadas o mundo assiste a uma verdadeira revolução demográfica, alterando profundamente a estrutura etária da população, tanto nos países desenvolvidos quanto nos subdesenvolvidos ou em processo de desenvolvimento.

A melhoria das condições de saúde e de higidez da população, reflexo do surgimento de vacinas, novos medicamentos, novos aparelhos, a possibilidade de diagnósticos mais precisos têm possibilitado reduzir os índices de mortalidade em todas as faixas etárias, inclusive enfrentando as doenças crônicas e degenerativas que afetam de forma insidiosa as pessoas idosas.

De forma semelhante, a melhoria que vem ocorrendo nas áreas da educação, do saneamento, da medicina preventiva, da nutrição e na mudança de hábitos como o combate ao tabagismo, ao alcoolismo, ao sedentarismo, às doenças sexualmente transmissíveis, alimentação mais saudável também têm contribuído para este processo de envelhecimento da população. Com raras exceções, as pessoas estão vivendo mais e com melhores condições de vida. A redução da violência, que ainda é extremamente elevada em alguns países, inclusive no Brasil, tem impedido que a expectativa de vida da população aumente ainda mais.

O aumento da expectativa de vida ao nascer tem contribuído para uma longevidade cada vez maior. A participação relativa dos grupos com 60 ou mais anos de idade no contexto global da população mundial e também nos diversos países tem aumentado de forma expressiva.
Em nível mundial, em 1950 o contingente populacional com 60 ou mais anos de idade representava apenas 8% da população e totalizava 200 milhões de pessoas. Em 2011, este contingente passou para 11% e totaliza 760 milhões de habitantes. As projeções indicam que em 2050 serão 22% e nada menos do que 2,1 bilhões de pessoas.

Este processo tem avançado de forma mais efetiva nos países desenvolvidos. Em 1950 esta parcela representava 12%; em 2011 era de 22%; e em 2050 será de 32%. Nos países subdesenvolvidos o panorama ainda não atinge o mesmo nível: 1950 era de 6%; em 2011 chegava a 9% e em 2050 será de 20%. Todavia, como as projeções indicam que em 2050 a população dos países, hoje tidos como subdesenvolvidos, representarão em torno de 72% da população mundial, que será superior a nove bilhões de habitantes, haverá 1,6 bilhões de habitantes com mais de 60 anos.

Várias organizações internacionais como a ONU e suas agências especializadas, como Organização Mundial de Saúde e suas respectivas representações regionais, a FAO, o Fundo das Nações Unidas para a população, o Banco Mundial, a OECD, governos nacionais e instituições de pesquisas têm desenvolvido inúmeros estudos sobre este tema.

Tais estudos representam de um lado um alerta a todos os governos nacionais quanto aos desafios que o envelhecimento da população representa para o processo de desenvolvimento, o crescimento econômico, o mercado de trabalho, o consumo, para os sistemas de saúde, de previdência e assistência social, para a educação, a mobilidade das pessoas e assim por diante.

De outro lado, tais estudos também oferecem as bases para que os governos nacionais e também internamente em cada pais os demais níveis como estados/províncias e as municipalidades possam definir políticas públicas voltadas para o atendimento deste segmento demográfico que tem crescido e deverá crescer bem mais do que a média do crescimento populacional em geral de das demais faixas etárias.

Voltaremos a este tema oportunamente com outras reflexões e dados estatísticos que permitem analisar mais os desdobramentos que o mesmo comporta.

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