Presbiacusia atinge pessoas da terceira idade


“Eu escuto, mas não entendo”. Esta é a reclamação de cerca de 60% a 70% das pessoas com mais de 60 anos que sofrem hoje com a presbiacusia (perda de audição que atinge a terceira idade). Por isso muitos netos precisam gritar para falar com seus avós por telefone, ou repetir duas vezes a mesma palavra.


Segundo a fonoaudióloga Cinthia Pinto Ferreira, em entrevista aoPrograma Comunidade em Ação, desta sexta-feira, dia 09, com o passar dos anos, o nosso ouvido sofre um desgaste natural, mas outros fatores também colaboram para piorar o quadro: predisposição genética, doenças como diabetes e hipertensão, exposição constante a ruídos, infecções e até alguns medicamentos alteram a audição.

Na prática, há uma perda auditiva lenta e progressiva da capacidade de ouvir sons de alta frequência (agudos), o que torna a percepção das consoantes mais difícil. Resultado: os idosos trocam “festa” por “pesca”, “armário” por “aquário”, “pasta” por “pata”, e o problema que era apenas físico ganha outras proporções.

Cinthia diz que a primeira reação de quem tem presbiacusia é não aceitar o fato e se isolar do mundo. O idoso evita atender ao telefone, perde o interesse pelo cinema e teatro, e até compra briga com familiares que, segundo ele, insistem em murmurar as palavras de propósito para afastá-lo da conversa. Há também aqueles que, embora admitam não escutar bem quanto na juventude, nada pode ser feito. Todos esses comportamentos podem provocar um isolamento e acarretar em outras questões, como por exemplo a depressão.

Hoje em dia, com o acompanhamento médico, aparelhos adequados e apoio da família, a pessoa só abandona o círculo social por causa da audição se quiser. Quem decide melhorar sua sintonia com o mundo tem à disposição toda a tecnologia da era digital. Os aparelhos auditivos estão bem mais discretos e poderosos.

Antes de escolher o acessório é preciso consultar a opinião de um médico otorrinolaringologista. Somente este especialista poderá avaliar a audição, com exames audiométricos, e dar o diagnóstico e indicar o melhor tratamento. Identificada a presbiacusia, então o paciente é encaminhado a um fonoaudiólogo, que tem como principal função orientar e acompanhar o paciente durante a escolha e a utilização do aparelho auditivo mais indicado.
Mas, como toda a adaptação, o processo não é fácil e muitos reclamam da sensação incômoda de que tudo, até o som da descarga, parece ficar mais alto do que o normal. Funciona mais ou menos como os óculos. Só mesmo quando a gente coloca é que percebe o quanto precisava. Por isso, nesta hora, o apoio da família é fundamental. Algumas atitudes simples e carinhosas podem deixar o idoso mais confiante. Tem que ter paciência, falar lentamente e sem gritar. Garantir a atenção do idoso durante a conversa, para que gestos e expressões o ajudem a interpretar o que é dito.

Feito isso, os resultados são surpreendentes e aparecem em poucos meses. Idosos relatam que, depois de voltar a ouvir, até a memória parece melhorar. Eles passam a escutar e a entender, ações fundamentais para o desenvolvimento.

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