Com crescimento de quase 2% a cada dois anos, população de pessoas acima de 65 anos vive mais e melhor. Receita da longevidade não é nenhum segredo. De acordo com dados do último censo realizado pelo Instituto brasileiro de Pesquisa e Estatística (IBGE), a população com mais de 65 anos vem crescendo constantemente no Brasil. Em 1991, o registro de participantes nesta faixa etária no censo foi de 4,8%. Em 2000, esse número passou para 5,9%. Já em 2010, o censo apontou um total de 7,4% de brasileiros – o equivalente a mais de 14 milhões de pessoas – com mais de 65 anos de idade. Na região Centro-Oeste, a população de idosos pulou de 3,3% em 1991 para 4,3% em 2000 e 5,8% em 2010.
Por trás desse crescimento estão fatores como a mudança nos hábitos de vida da nova geração da terceira idade, que está mais ativa e aliando exercício físico, alimentação saudável e atividades prazerosas, como viagens, trabalho e até mesmo estudos. Em outras palavras, conseguiram não só aumentar a longevidade, como também fazer com esses anos a mais tenham uma melhor qualidade de vida.
No último dia 1º de outubro foi comemorado o Dia do Idoso. Criada pela Organização das Nações Unidas (ONU), a data festiva tem como propósito qualificar a vida dos mais velhos, com ações de estímulo à saúde e à integração social. Acostumados a serem estereotipados pela sociedade mais jovem, os idosos têm atacado as doenças atribuídas à terceira idade, antes mesmo que elas deem o primeiro sinal. Problemas de saúde como perda da memória, doenças cardiovasculares, osteoporose e diabetes já são perfeitamente revertidos por esta “nova geração de velhinhos” graças a algumas mudanças simples de hábito.
Estudos da Organização Mundial de Saúde (OMS) comprovam que 50% dos fatores que levam à vida saudável são provenientes do estilo de vida. Na semana em que a homenagem é para eles, conversamos com alguns simpáticos senhores e senhoras que confirmam que estão, sim, cada vez mais independentes e que conquistaram todo esse bem-estar seguindo uma regra básica para o começo de qualquer projeto de virada de vida: atividade física e alimentação saudável.
Na década de 60, a expectativa de vida no Brasil era de apenas 48 anos, mas hoje ela já chegou aos 73. Foi pensando nisso que há alguns anos, depois da sua aposentadoria pela rede estadual, o professor universitário Manuel Cardoso intensificou a sua rotina de ocupações. “Eu sabia que não podia simplesmente parar de trabalhar porque tinha concluído os anos necessários para me aposentar. Tenho potencial para muito mais. Parei por um ano, fui fazer cursos e retomei a carreira, já com ideia fixa de retornar para as salas de aula”, admite.
Hoje com 68 anos de idade, Cardoso integra desde 2009 o corpo docente de uma universidade em Rio Verde e afirma que a ocupação rende todos os dias horas de sono a mais, disposição e saúde. “Eu não tenho tempo de ficar pensando em doenças. Acordo cedo, vou fazer a minha caminhada, almoço, tiro um cochilo e à tarde preparo a aula que vou ministrar à noite”, relata.
Exercícios físicos
Um levantamento realizado pela Associação Brasileira de Academias (Acad Brasil) mostra que 30% dos frequentadores de academias têm mais de 60 anos de idade, o equivalente a 1,8 milhão de pessoas. Há dez anos, essa proporção não chegava a 5%.
Em Rio Verde, já são pelo menos três academias especializadas no atendimento ao público da terceira idade. Com 65 anos recém completados, Otacílio da Silva faz parte desse time há mais de cinco anos. Ele conta que começou desde cedo a se aventurar pelo mundo das atividades físicas. O gosto pelo futebol vem da época da adolescência, mas hoje ele não consegue mais manter a rotina de correr atrás da bola quatro vezes por semana. “Mas no fim de semana o meu futebolzinho é sagrado. Faço atividades físicas com força na academia para fortalecer a musculatura e garantir que tão cedo eu não vou ter que ‘pendurar as chuteiras’”, brinca.
Essa rotina já faz parte da vida de muitos rio-verdenses. Em uma das academias destinadas só a esse público, os atendimentos passam de 60 por dia, sendo que todos os frequentadores recebem atenção personalizada de educador físico. Quem não tem R$ 400 mensais para investir no serviço personalizado pode aproveitar o programa que é oferecido gratuitamente pela Prefeitura Municipal. Três vezes por semana, cerca de 150 idosos têm recebido orientação especializa nas três academias montadas para esse fim e instaladas em diferentes setores da cidade, como a área externa do Estádio Mozart Veloso do Carmo.
Na receita para alcançar a longevidade e com qualidade de vida também entram ingredientes como: pelo menos 8 horas de sono; bom humor; boas amizades; evitar o estresse; ter metas e objetivos; exercitar o cérebro e ter fé. A fisioterapeuta Virgínia Silveira Caldi explica que alguns cuidados básicos na hora de se exercitar previnem as lesões, além de proporcionarem outros benefícios aos idosos: “Podemos citar melhoras no equilíbrio, na flexibilidade, no reflexo, na velocidade e até mesmo na autoestima. Tudo isso contribui para a manutenção e o aumento da densidade óssea.”
A psicóloga comportamental Cristiana Amaral, por sua vez, destaca que a endorfina liberada pela atividade física e a sensação de bem-estar que ela propicia são a combinação perfeita para aumentar a saúde dos vovôs e vovós. “Os resultados das últimas pesquisas comprovam que os benefícios físicos de se trabalhar o corpo vão além de estética, ajudando tanto na prevenção e no combate às doenças cardiovasculares, como às ligadas ao cérebro e à emoção, a exemplo do mal de Alzheimer. Então, se fosse para dar uma receita para todos os que querem longevidade e qualidade de vida, o primeiro passo seriam 30 minutos de qualquer atividade. O corpo e a mente vão agir e as mudanças já poderão ser sentidas logo após o fim da prática esportiva”, propõe Amaral.
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