FILME: E se Vivêssemos Todos Juntos?


E se Vivêssemos Todos Juntos? mostra envelhecimento com humor

















Com os avanços da medicina, hoje em dia as pessoas estão vivendo cada vez mais e geralmente melhor. Ao mesmo tempo, a tendência da maior parte do mundo, Brasil incluído, é a do declínio da taxa de natalidade. Conclusão: a população de idosos é cada vez maior, em relação ao conjunto populacional. Isso evidencia o foco no envelhecimento de diversos filmes recentes, como “Late Bloomers – O Amor não tem Fim” (2011), “O Exótico Hotel Marigold” (2011), “Amour” (2012) e este “E Se Vivêssemos Todos Juntos”.

Na chamada Terceira Idade, ironicamente também chamada de Melhor Idade, muitos problemas aparecem. Inevitavelmente. Dores, falta de memória, solidão, perda de parceiro, dificuldades para usufruir da vida sexual plenamente, doenças que podem evoluir, abreviando o fim da vida e outras coisas mais. Faz parte do círculo vital. Os idosos têm que se virar como podem, ou depender da família ou, ainda, serem obrigados a encarar as chamadas “casas de repouso”. Soluções sempre complicadas e, muitas vezes, insatisfatórias.


















Em “E Se Vivêssemos Todos Juntos”, um grupo de amigos, quando chega nessa fase, decide encarar um novo desafio, que pode ser uma solução para os seus problemas: viver em comunidade. Montar uma “república” para maiores de 75 anos não seria uma boa ideia? Mas pode ser difícil, ninguém pode ignorar isso, sobretudo nessa idade. O que a história dos personagens desse filme trata é da questão do envelhecimento, algo que, apesar de tudo, ainda se discute pouco. E que cada vez é mais necessário que se discuta.

Stéphane Robelin dirige a película com sensibilidade para o tema, ao mesmo tempo, com muito realismo e honestidade, tentando injetar boas doses de humor. Afinal, seria muito depressivo tratar da velhice só focando nos problemas e dificuldades, e ainda de forma sizuda. O filme encontra a medida correta para produzir reflexão no público, mas com leveza. Até onde isso for possível, naturalmente.



















Um ótimo elenco de atores dessa faixa de idade garante um espetáculo de ótimo nível. A começar por Jane Fonda (série “The Newsroom”) e Geraldine Chaplin (“Americano”), as mulheres da trama. Pierre Richard, Claude Rich, Guy Bedos compõem o elenco, que tem ainda a participação do jovem ator alemão Daniel Brühl (“Bastardos Inglórios”), que faz o único papel que destoa da Terceira Idade
dos protagonistas. Ele é o cuidador da turma, passeia os cachorros e, enquanto estudante, pesquisa o envelhecimento, convivendo com eles. E, nas horas vagas, pode até providenciar um viagra para alguém. Essa é apenas uma das muitas preocupações que surgem nesse grupo de idosos, para quem pode ser um problema de igual importância revirar o baú do passado e lidar com uma infidelidade ocorrida há 40 anos, ou agir com urgência para construir uma piscina, única forma de atrair os netos para o convívio com eles.

Vale a pena acompanhar a vida dessa turma da república da Terceira Idade e, quem sabe, entender melhor o que é esse fantasma do envelhecimento. Que, afinal, pode ser bem menos assustador do que parece, sobretudo, se há amizade genuína em jogo. E, em qualquer idade, todo mundo sabe: a união faz a força.

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