Estar com a família ainda é o melhor para os idosos, afirmam especialistas


É preciso ponderar, antes de tudo, a vontade do idoso. ILPIs podem reduzir em até cinco anos a expectativa de vida
Leocácia, de 96 anos, vive com sua família e elogia qualidad de vida. Foto: Maria Eduarda Bione/Esp.DP/D.A Press
Na sociedade em que o idoso é constantemente tratado como um ser que não pode mais compartilhar da rotina familiar, a realidade de Dona Lilá pode ser considerada uma exceção. É cada vez mais comum encontrar parentes que vêem nas Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs) como uma alternativa saudável. Mas os especialistas alertam que a decisão de tirar o idoso de casa pode acelerar em até cinco anos a morte dele.
Apesar de ser ponderada como uma escolha interessante, sobretudo para aquelas famílias que passam o dia fora de casa e temem o isolamento do idoso, os ILPIs devem ser considerados a última opção, dizem geriatras e gerontólogos. Segundo eles, a garantia da felicidade do idoso está atrelada à permanência no seio familiar, ainda que eles não participem ativamente de todas as atividades, como sair nos fins de semana ou participar de festas. “A família valida o papel do idoso enquanto ente querido. Ele se sente amado e, consequentemente, melhor. Se ele tem capacidade de realizar as atividades básicas, permanecer em casa é saúde”, explica a psicóloga e gerontóloga da Universidade de Pernambuco (UPE) Cláudia Daniele Leite.
Na casa de Leocácia Mendes, a Dona Lilá, a palavra "abrigo", como erroneamente se classificam os ILPIs, nunca passou da porta. Foi a partir da tolerância que a família encontrou o equilíbrio para a convivência saudável com a aposentada. “Ela sempre foi uma mãe presente, temos uma gratidão muito grande. Toda a família é engajada em cuidar dela, levando para sair e ajudando nas atividades básicas”, contou a filha de Dona Lilá, a aposentada Isabel Mendes, 62. Procurar alternativas dentro da rede social do próprio idoso é a chave para evitar a necessidade de um ILPI. O indicado é deixar o idoso na casa de vizinhos ou amigos, contratar um cuidador, inseri-lo em atividades de grupo ou colocar em locais onde possam passar o dia. Atualmente, a Promotoria da Cidadania da Pessoa Idosa do Recife estuda a criação de centros dia, locais onde os idosos podem passar o dia e retornar ao lar.
Atualmente, o Recife tem 30 ILPIs, dois deles públicos. “O abrigamento só é indicado quando o idoso não tem realmente condições de ficar só, está com limitações graves de doença e não possui uma longa rede social”, orienta a promotora Luciana Dantas.

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