Envelhecimento digno: em que sentido?


DIA DO IDOSO - Como garantir envelhecimento digno em uma sociedade cujos valores de identidade constroem uma trama de mecanismos de defesa na busca da jovialidade e na negação do envelhecer?

Falar sobre envelhecimento inclui a compreensão de valores, estigmas, sistemas sociais, políticos e econômicos que delineiam sociedades fomentadas em suas representações simbólicas e culturais. Ultrapassados os constrangimentos de lutas universais, novas formulações científicas, éticas e legais passaram a compor a agenda pública em matéria de envelhecimento.

Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2011 indicam que a população cearense foi estimada em 8,671 milhões de pessoas, destas um milhão são idosos (12,6%).

A classificação de envelhecimento, adotada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), norteia a legislação brasileira usando o critério etário. Entretanto, o envelhecimento envolve, além de aspectos biológicos e fisiológicos, outras variáveis como hereditariedade, estado emocional, condições socioeconômicas e culturais. A rigor, é a partir da conjugação dessas variáveis que o envelhecimento transparece de modo singular, em cada indivíduo.

Já não se discute se o envelhecimento da população é projeção consistente. O que está em discussão é como garantir o envelhecimento com dignidade. Não se pode pensar o futuro desconsiderando o hoje, valorizando o que é novo em detrimento do que é velho.

Nessa lógica, os idosos perdem sua identidade e, quando muito, são transformados em meros elementos de cálculos estatísticos. Muito mais que de garantia de direitos, falamos aqui de mudança nos modos de ser, pensar e agir de uma sociedade inteira.

A noção de envelhecimento digno, em seu conteúdo plural, convergiu para o delineamento do programa Ceará Acessível pela primeira dama do Estado; que confere atenção aos idosos, concentrando esforços das diferentes secretarias estaduais para a garantia de direitos, o que não se efetiva sem atenção à saúde, assistência social, cultura, turismo, lazer, infraestrutura, dentre outros aspectos.

Reescrever a história é tarefa urgente e necessária. As novas gerações devem ser convocadas a pensar novos esquemas simbólicos sobre as fases da vida. As representações negativas, cultivadas no passado e ainda exploradas no presente, não favorecem a conquista da dignidade e, por isso mesmo, os aspectos culturais são emblemáticos da necessidade de uma nova ordem social.

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