Envelhecimento activo


Na Suíça não era habitual dar-se lugar sentado às senhoras nos autocarros, a não ser que estivessem à espera de bebé. Mas dava-se lugar às pessoas consideradas idosas.
Quando eu ainda não me considerava idoso, ao entrar num autocarro cheio, uma jovem veio, simpaticamente, oferecer-me o seu lugar. Mas a minha resposta não foi de agradecimento, mas sim antes um «não quero».
Reconhecendo, porém, que tinha sido incorrecto, o problema do envelhecimento não mais me abandonou e tornei-me consciente de que havia várias formas de envelhecimento, entre as quais a da idade subjectiva, ou que pensamos ter, e a da idade das nossas artérias!
E não fiquei por aí, logo me vindo à memória o dito de um conhecido Nobel da Economia, que disse: «Nunca te reformes, mantêm-te activo, viverás mais anos, melhores anos e poderás contribuir para o bem da sociedade».
Também pensei que um envelhecimento activo, com a possibilidade de laboração para além da idade convencional de trabalho, poderia contribuir simultaneamente para uma melhoria da nossa qualidade de vida e da sociedade em que vivemos, bem como para a sustentabilidade do sistema de segurança social.
O facto de o Parlamento Europeu ter declarado o ano de 2012 como o ‘Ano Europeu do Envelhecimento Activo e da Solidariedade entre Gerações’ revela-se de particular interesse para países como Portugal, que se confrontam com um grave envelhecimento da sua população.
Com efeito, entre nós a população com mais de 65 anos representa já cerca de um quinto da população total, enquanto a de jovens não chega a 15%. E as previsões para o ano 2060 são ainda mais incisivas, esperando-se que o número de idosos atinja um terço do total, enquanto os jovens ficam nos 15%.
Tem-se também verificado uma redução sensível nas taxas de mortalidade com um concomitante aumento da esperança média de vida.
Em face destes números, para que o processo de envelhecimento seja optimizado, defende-se a adopção de políticas de envelhecimento activo. No seu livro Guide de bien vieillir, o geriatra francês Olivier Ladoucette oferece-nos numerosas pistas para bem envelhecer, acentuando a importância de nos mantermos activos e do exercício físico.
O envelhecimento activo oferece às pessoas idosas a possibilidade de permanecer até mais tarde no mercado de trabalho e de partilharem a sua experiência com as gerações mais jovens, usufruindo de uma vida mais saudável e gratificante.
O aumento do número de idosos, com as alterações na estrutura das famílias e nas relações intergeracionais, também tem tido efeitos negativos – como o aumento dos idosos que vivem isolados ou com graves carências de recursos. O que tem tornado necessário encontrar soluções para a prestação de cuidados de saúde, e o combate à solidão e à exclusão social.
Assim, a União Europeia, ao instituir o Ano Europeu do Envelhecimento Activo, acentua a necessidade de melhorar as possibilidades e condições laborais dos trabalhadores mais velhos para favorecer a sua inclusão na sociedade e contribuir para um envelhecimento saudável. E também assim pensamos!
Professor, Católica Lisbon-School of Business & Economics

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