Alimentação tem relação com doenças da velhice, aponta estudo


Trabalho acadêmico da Unopar premiado em congresso nacional identificou ligação entre o consumo de alguns alimentos e doenças relacionadas ao envelhecimento.

Pesquisa coordenada pelo professor doutor Marcus Vinicius de Matos Gomes, do laboratório de Genética da Universidade Norte do Paraná (Unopar), identificou uma relação direta entre dieta alimentar, o envelhecimento e suas doenças características, como o câncer. O projeto foi premiado, juntamente com outros quatro trabalhos, no 58º Congresso Brasileiro de Genética, realizado mês passado em Foz do Iguaçu.
Segundo Gomes, no início, em 2009, a pesquisa era despretensiosa - apenas estudar o idoso em Londrina. Aleatoriamente, foram escolhidas 126 pessoas entre 60 e 88 anos. “Como já ia ter uma quantidade de pacientes envolvidos, resolvi fazer um estudo não sobre a população idosa, mas sobre o mecanismo do envelhecimento, uma vez que já estavam sendo feitas várias análises nos idosos”, explica o professor.
A partir das amostras do sangue dos idosos, aprofundaram-se os estudos no DNA de cada um deles para descobrir o que há de diferente entre idosos e jovens e qual seria a influência do ambiente nisso. Feita a comparação dos dados obtidos pelo professor com os dados da equipe de nutrição pôde-se perceber que certos alimentos, como carboidratos, lipídios, vitamina B6 e magnésio estão relacionados a algumas alterações ocorridas nas moléculas de DNA, que indicam envelhecimento.
Para o coordenador, essa constatação é uma novidade. “Foi o primeiro relato de que essa alteração relacionada com envelhecimento sofre influência da dieta. Esse foi o grande impacto.” Já havia relatos epidemiológicos dessa relação, porém, o projeto de pesquisa coordenado por Gomes foi o primeiro a provar laboratorialmente o paralelo entre dieta e envelhecimento.
A partir de agora, a idéia é aprofundar ainda mais a pesquisa, que segundo Gomes abre um leque de muitas opções. “O que observamos é uma pontinha do iceberg. Precisamos entrar nesse DNA para ver quais são os genes que realmente estão alterados. Quando a gente muda a dieta, o que realmente acontece dentro da célula? Destrinchar ainda mais esse mecanismo é o nosso fruto de estudo.”
A sequência do estudo mostrará quão úteis os conhecimentos obtidos poderão ser à população. “Vai gerar uma grande discussão. Se a dieta alimentar tem todo esse poder sobre o nosso mecanismo molecular, como controlar isso? Será que se eu restringir calorias da minha dieta, por exemplo, vou retardar o envelhecimento? Ou as doenças relacionadas ao envelhecimento, como o câncer?”, indaga o professor.
O projeto conta com a participação de alunos de Iniciação Científica do curso de Biomedicina. Leandro Toffoli entrou apenas por curiosidade, quando ainda estava no segundo semestre de faculdade. “Entrei sem saber direito do que se tratava. E eu tinha pouca bagagem. É fundamental pra complementar o curso e também um diferencial.”
Douglas Wilton Arruda, também aluno de Iniciação Científica exalta a importância do projeto para o futuro de sua carreira profissional. “Muita gente fica perdida quando sai do curso, não tem uma linha pra seguir. E esse projeto nos dá um direcionamento para continuar”, diz.

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