Ortopedia geriátrica para melhorar a qualidade de vida dos idosos


Ortopedia geriátrica para melhorar a qualidade de vida dos idosos e investir no futuro

A prestação de cuidados ortopédicos a maiores de 65 anos, a ortopedia geriátrica, é o tema central do Congresso que vai decorrer no Hospital de Sant'Ana, na Parede, no próximo dia 28.

É possível e é desejável que pessoas na faixa etária dos 80 ou dos 90 anos, recebam tratamento ortopédico, possam ser submetidas a cirurgias e tenham direito à sua reabilitação, defende o médico Carlos Evangelista, do Hospital de Sant'Ana pertencente à Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML).
Com esta ideia criou o Centro de Ortopedia Geriátrica naquele hospital onde 50% das pessoas que procuram, tanto as consultas como as cirurgias, têm idade superior a 65 anos.

Os dados disponíveis (censos 2011) indicam que, no ano passado, 19,15 % da população portuguesa tinha mais de 65 anos. As previsões são para que, em 2050 essa percentagem aumente para 35,72%.

Em consequência, é cada vez maior o número de pessoas nesta faixa etária, com problemas ortopédicos, tanto no campo da reabilitação, como cirúrgico. As artroses, sobretudo da anca e do joelho são as patologias que predominam entre os que acorrem a Sant'Ana.

Carlos Evangelista esclarece que a ortopedia geriátrica tem duas vertentes principais: a da reconstrução articular e a traumatológica que "exige rápida intervenção cirúrgica, de forma a evitar os riscos de agravamento do processo de recuperação". A "atitude cirúrgica pode condicionar a qualidade de vida", nota.

O médico pretende que o projeto que levou à criação da Unidade de Ortopedia Geriátrica, seja "transversal à sociedade mostrando que é possível dar qualidade de vida aos mais velhos" e, consequentemente, diminuir os custos da sociedade e da família com os idosos. A geriatria, diz Carlos Evangelista, "não é gastar dinheiro, mas investir no futuro".


Médicos reunidos para debater e trocar experiências
Para debater estes problemas que assumem especial relevância no Ano do Envelhecimento Ativo que se comemora em 2012, são esperados cerca de 500 participantes no Congresso de Ortopedia Geriátrica que se realiza este ano, pela terceira vez, no Hospital de Sant'Ana.

Encarada numa perspetiva multidisciplinar, esta disciplina engloba vários olhares sobre os problemas do envelhecimento que serão abordados no encontro.
A importância de uma alimentação saudável para os idosos com doenças no foro ortopédico, é assunto de uma das comunicações "Bem comer para bem envelhecer", da autoria de Inês Rocha.

Segundo Evangelista, "um grande número" dos doentes recebidos neste hospital "são subnutridos, com défices musculares e falta de energia", o que "torna a sua recuperação muito mais difícil".
Uma conferência sobre "Envelhecimento Ativo" por Maria João Quintela e uma comunicação acerca das novas soluções para a reconstrução articular geriátrica da autoria do professor italiano Pace fazem ainda parte do programa do congresso onde o Grupo de prevenção de Quedas do HOSA dará também o seu contributo sobre as formas de as evitar.
Ao debater e trocar conhecimentos e experiências sobre a melhor forma de reabilitar os idosos após as cirurgias, de forma a facilitar a sua autonomia, este encontro que juntará médicos, enfermeiros e terapeutas, promove igualmente uma importante reflexão: a influência da ortopedia geriátrica na diminuição dos encargos sociais associados à dependência dos doentes ortopédicos de idade avançada.

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