Esporte não tem idade - Vovó faixa-verde

Grupo da terceira idade participa do Ginastrada e ainda pratica karatê e judô

Dona Marlene Maia não perde uma aula de arte marcial. Fotos: Ana Amaral/DN/D.A Press

Chegar à terceira idade com bom humor, saúde e uma condição física que poucos jovens têm não é privilégio de poucos, mas exige dedicação de quem quiser manter-se assim. Que o diga o grupo Balançarte, comandado pela professora Tânia Padilha. As 30 componentes - todas com mais de 50 anos - começaram as aulas de dança para melhorar a qualidade de vida e para expandir as relações pessoais. Hoje elas levam as atividades físicas muito mais a sério e - como verdadeiras profissionais - competem em outros estados e, inclusive, em outros países.

Este ano elas se classificaram para a Ginastrada Mundial (modalidade da ginástica geral) que acontecerá em 2015, na Finlândia. Vale lembrar que em todo o país, apenas o Rio Grande do Norte terá representante na categoria voltada para a terceira idade. Mas não é a primeira vez que elas participam de um evento como esse. Em 2007 o grupo viajou até a Áustria para representar o Brasil e no ano passado participaram do campeonato na Suíça. Segundo Tânia Padilha no último mundial, de sete coreografias apresentadas, seis se classificaram para a final e cinco delas receberam a nota máxima. Há de tudo um pouco, no grupo que começou focado em dança de salão e hoje prioriza ritmos que não necessitem ser dançados por pares, mas de acordo com a professora, reggae é o que mais estimula as alunas e o que mais chama a atenção de quem vai assistir.


Treinado pela professora Tânia, grupo Balançarte representa o Rio Grande do Norte e o país em competições nacionais e mundiais

Mas para alcançar resultados tão bons é preciso trabalhar com afinco. E isso elas fazem de sobra. Ensaiam as coreografias duas vezes por semana, cerca de uma hora e meia em cada encontro, mas as atividades para o corpo e para a mente se estendem pelos outros cinco dias da semana. De segunda a sexta, o projeto Ginástica Para Todos oferece aulas de karatê, judô, hidroginástica, musculação, idiomas, informática. E todas estão sempre lá, com um sorriso enorme estampado no rosto. E a idade é o que pesa menos entre elas. Mas, mesmo com tanta diversidade, os homens ainda não entraram no ritmo. São poucos que procuram as atividades e não há representantes do sexo masculino no grupo de dança. "É mais uma questão cultural, porque todas as atividades são abertas para os dois sexos, mas os homens normalmente não procuram esse tipo de esporte. O mais comum é que ao se aposentarem eles deem mais atenção à TV ou às conversas entre amigos no café. Mas eles estão convidados a vir também", diz a professora.

Enquanto isso, Maria do Socorro Santos, dá exemplo, aos 71 anos. Participa das atividades desde 2004, não perde um ensaio do grupo de dança, participou dos dois mundiais e é faixa vermelha em karatê. "Quando me aposentei fiquei ociosa, uma colega me chamou para vir e gostei tanto que daqui só saio quando Deus quiser", afirma. Para ela, as coisas que mais mudaram na sua vida foi ter aprendido a dançar e ter vencido a timidez. "Não sabia dançar, não conseguia nem arrastar o pé, mas tudo isso mudou. Fiquei menos tímida, meu corpo melhorou e fiquei muito mais ativa. Meu foco agora é a Finlândia e quero ver nosso grupo crescer cada vez mais", projeta.

Vovó faixa-verde


Projeto Ginástica Para Todos envolve musculação, prática de karatê e judô, até aulas de informática e idiomas

Já Marude Alves, ex-professora de artes, também participa do grupo de dança, mas quando o assunto são artes marciais, prefere algo com mais gingado. Aos 75 anos é faixa verde em capoeira e já guarda alguns troféus em casa. Disse que começou chamando algumas amigas para praticar o esporte, pois promovia atividades para a terceira idade e já trabalhava com capoterapia, que são exercícios mais leves baseados na capoeira. Segundo Marude, a mais idosa do grupo tem hoje 84 anos, com um vigor que nem de longe representa a idade que tem. "Aconselho a todo mundo que queira participar. A capoeira faz bem pra memória, pra circulação do sangue, pra coordenação motora e ajuda na sociabilização. É muito bom. Posso dizer que sou muito mais feliz na terceira idade".

O grupo de dança existe desde 2001, mas o projeto que o abriga é mais antigo e muito mais amplo. É um projeto de extensão do IFRN, Saúde e Cidadania na Melhor Idade e tem atividades diariamente, todas as manhãs, das 7h às 11h30. É aberto à comunidade, custa R$80 por mês e os inscritos definem as modalidades esportivas que querem participar. Para participar do grupo é preciso ter mais de 50 anos, levar um atestado cardiológico de aptidão física para participar das atividades e pagar a taxa de inscrição, no valor de uma mensalidade.

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