Cuidador de idoso ganha mercado em Jundiaí



Muitos se matriculam no curso municipal para tratar da família, mas a maioria está em busca de trabalho. Vítima das doenças de esquizofrenia e mal de Alzheimer há cinco anos, Josefa Valentim, 77 anos, mal consegue se levantar da cama, sabe que pode contar com a filha Elisabete Aparecida de Jesus Sacomani, 51, que fez questão de aprender em um curso para cuidadores de pessoas, as melhores formas de tratar da sua mãe.
Com os avanços das tecnologias nas prevenções e curas de doenças, a expectativa de vida do ser humano já passa da casa dos 70 anos, segundo o geriatra Marco Antônio Paes de Freitas. Por isso, há pouco mais de um ano, instituições de Jundiaí viram a necessidade de preparar pessoas para cuidar de pessoas.
Elisabete, por exemplo, faz o curso oferecido pelo Funss (Fundo Social de Solidariedade) e a cidade conta ainda com o preparo oferecido pela FMJ (Faculdade de Medicina de Jundiaí).
“Apesar de as pessoas viverem mais, em determinada fase da vida o corpo começa a dar sinais de enfraquecimento tanto físico quanto psicológico”, afirma o geriatra. “E é nessa hora que a pessoa, geralmente na fase idosa, vai necessitar de apoio”.
Elisabete só abre mão de ficar com a mãe nos dias que ela tem curso. E daí quem toma conta é uma vizinha. “Faço tudo para ela e é preciso ter muita paciência, porque em determinados momentos, ela chega a ser agressiva comigo. Mas graças ao curso, consigo encarar numa boa”, explica.
A cuidadora e cabeleireira Nilva Dutra, 49, atua há 20 anos na área, mas busca o curso para ter o reconhecimento da profissão. “Antes ninguém valorizava o que a gente fazia e até cheguei a pensar que não aprenderia nada no curso, mas me enganei completamente”, afirma. Moradora em Francisco Morato, trabalha em São Paulo, porque, segundo ela, paga-se mais. No último emprego chegou a tirar R$ 2,4 mil para cuidar de um militar aposentado.
Cursos/ Tanto a FMJ quanto o Funss ensinam toda a teoria para tratar as principais doenças que chegam com o avanço da idade.
E os alunos são convidados a se colocarem no lugar de idosos para entenderem cada reação e lembrar que para cuidar de uma pessoa é preciso estar bem consigo mesmo.
“E além de todo o conhecimento, é fundamental ter paciência e respeitar quem você está cuidando”, afirma Flávia Aramaki, 25, gerontóloga e professora do curso da FMJ.
Segundo Denise Candiani, coordenadora da capacitação para cuidadores do Funss, os alunos aprendem também os direitos e leis para quem vai trabalhar neste mercado, e dicas administrativas. As duas instituições já formaram mais de 300 cuidadores desde 2010.
De acordo com Denise, mulheres são maioria entre os que buscam vagas nos cursos do Fundo Social. Com idade média de 35 anos, 80% dos alunos buscam uma vaga no mercado de trabalho e o restante quer aprender para cuidar de parentes. “Tem netas com 18 anos que estudam para ajudar avós e mulher de 70 que precisa tomar conta do marido”, afirma.
Salário chega a R$ 2 mil e agências investem no serviço
E para quem está saindo do curso agora, oportunidade de emprego não falta, mas o desafio é comprovar experiência, segundo Vilma Federige da agência Profissionais do Lar. “É uma das profissões mais delicadas de indicar, porque os clientes precisam ter uma pessoa de confiança”, afirma. “Muitas vezes, a teoria não comprova se a pessoa tem paciência para lidar com idosos”.
Segundo Vilma, esta é uma profissão nova e que está ganhando o mercado de trabalho. Um cuidador ganha, em média, de R$ 1 mil a R$ 2 mil por mês. Informações (11) 4586-1256. O horário é variado. O empresário Francisco Antônio Moura, 34, viu essa fatia no mercado e decidiu abrir uma franquia da Home Angels, empresa especializada em oferecer cuidadores.

A agência fica em Cajamar, mas ele atende Jundiaí e região. Segundo Francisco, em média, 20 pessoas ligam para a empresa querendo um orçamento para contratar um cuidador. “Os profissionais são orientados a atender apenas a pessoa assistida e não a casa”, diz. A empresa faz contratos indeterminados e são cobrados de R$ 9 a R$ 11 a hora. Informações: (11) 4446-5236.



No Funss é de graça
No Funss, o curso tem duração de 76 horas, administradas em três meses com dois encontros semanais. Eles aprendem a parte teórica e fazem estágios no Lar Nossa Senhora da Graça e Cidade Vicentina. É gratuito e uma turma nova começa no próximo mês. Informações (11) 4521-6833.

FMJ ainda tem vagas
Na Faculdade de Medicina de Jundiaí os cursos ocorrem às terças-feiras, das 8h30 às 11h30, e das 19h às 21h30. Tem duração de seis meses. A instituição está com vagas abertas com inscrições até terça-feira para o segundo semestre deste ano. O custo é de R$ 100 por mês. Informações: (11) 4587-1095, ramal 207.

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