Odontogeriatria na equipe interdisciplinar de atenção ao idoso


O impacto da reabilitação oral na qualidade de vida dos pacientes desdentados.Os idosos têm sido foco de atenção em estudos sobre o impacto da saúde bucal na qualidade de vida, uma vez que o impacto cumulativo dos problemas bucais é maior entre eles. Considera-se um idoso bem sucedido aquele que mantém por toda a sua vida uma dentição natural, saudável e funcional. 

Envolve aspectos sociais, psicológicos e biológicos (mantém sua estabilidade psicológica, melhora a auto-estima, relacionando-se de forma mais agradável com os outros, e, biologicamente, usufrui os benefícios que uma dentição sadia concede como estética, conforto, habilidade para mastigar, falar, sentir o sabor). São aspectos que contribuem significativamente na nutrição, na fonética, nas relações sociais, auto-estima e conseqüentemente na melhora da saúde geral e qualidade de vida. A perda dos dentes naturais reduz substancialmente a qualidade de vida.
No Brasil a perda dentária precoce é grave. A necessidade de algum tipo de prótese começa a surgir a partir da faixa etária de 15 a 19 anos de idade. Os resultados da pesquisa conduzida pelo Ministério da Saúde apontaram um percentual de 37,8% de indivíduos com mais de 50 anos de idade sem nenhum dente natural presente na boca, no total 30 milhões de pessoas. O edentulismo continua sendo um grave problema em nosso País especialmente entre os idosos. O edentulismo é decorrente da cárie dentária, a principal responsável pela perda dos dentes durante o ciclo da vida ou da doença periodontal, ocorrendo principalmente em adultos e idosos.
Considerando-se que a expectativa de vida aumentou consideravelmente nas últimas décadas, a meta hoje não é acrescentar mais anos a vida, e sim mais qualidade de vida aos anos vividos. Neste contexto, o fato de 37,8% dos idosos serem edêntulos é inaceitável.
O principal objetivo da Odontologia Reabilitadora é sem duvida a restauração de uma arcada dental, buscando a estética e a estabilidade funcional.
Estamos longe de atingir a meta da OMS que seria: para o ano de 2000, 50% da população idosa entre 65 a 74 anos com pelo menos vinte dentes em condições funcionais.
O quadro bucal precário encontrado atualmente no idoso é decorrente não só do processo de envelhecimento por si, mas pode ser considerada também uma experiência socialmente construída durante toda a vida.
Para que a condição bucal dos idosos apresente melhoras, medidas preventivas contínuas devem ser tomadas basicamente durante toda a vida, assim como ações educativas e medidas curativas possibilitando um acesso maior também aos tratamentos restauradores.
De acordo com as previsões demográficas, ocorrerá um grande aumento da população de idosos em todo o mundo nas próximas décadas. Esta mudança no perfil etário da população aponta a necessidade de pesquisas buscando conhecer melhor o processo de envelhecimento.
Os idosos constituem um grupo especial e, no futuro, terão condições físicas, psíquicas e sociais bastante particulares. Na Odontologia, há necessidade de se buscar melhores recursos de reabilitação da arcada dentária edêntula, pois esta situação traz prejuízos consideráveis à qualidade de vida. Entre outras posturas o paciente geriátrico não mais aceita o tratamento odontológico baseado em exodontias e próteses totais removíveis e passa a ter aspirações estéticas que antes não possuíam, demandando conhecimentos mais apurados por parte dos profissionais de saúde.

Problemas associados- Como dito anteriormente, os objetivos da reabilitação oral com próteses totais são: trazer e manter um ambiente de saúde funcional e buscar tanto quanto possível, as reconstruções anatomicamente e psicologicamente perfeitas(18).
As pessoas desdentadas procuram o cirurgião dentista para confecção de próteses totais pela necessidade de melhorarem aspectos como estética, interação social, eficiência mastigatória e qualidade na fala. O fato de ficarem um tempo prolongado sem próteses ou com próteses inadequadas acarreta problemas estéticos, funcionais, nutricionais e gastro-intestinais, além de remodelação da articulação têmporo-mandibular(19).
Historicamente, o principal fator etiológico das disfunções da ATM é a má oclusão sendo que os portadores de próteses totais constituem o maior grupo de risco desta patologia. A má oclusão em próteses totais gera resposta imediata afetando a qualidade de vida pelas dores orofaciais, dificuldades de alimentação, fonação e deglutição e juntamente com o estresse afeta a sua estrutura social(20).
A diminuição do fluxo salivar levando a sensação de boca seca é comum em pacientes idosos. Como conseqüência, temos lubrificação diminuída, dificuldades de articular as palavras, candidíase, dores, problemas de mastigação, de deglutição e dificuldades de preparar o bolo alimentar, predispõe a irritação mecânica dos tecidos, resultando lesões traumáticas e sensação de queimação além da dificuldade de adaptação e retenção das próteses totais convencionais(18). Na mucosa oral, os problemas mais frequentemente encontrados são estomatites, hiperplasias teciduais e ulceras traumáticas com o uso de próteses inadequadas(6).
O uso de próteses totais conduz para alterações do paladar e olfato. Segundo Demers et al, estudos com pacientes edêntulos parciais ou totais mostraram que um terço dos usuários de próteses totais sofreram uma perda permanente no paladar. A redução severa do paladar associada com a idade e com o uso de próteses totais, pode ter um impacto na escolha da comida conduzindo a má nutrição(6).
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