Idosos ativos decidem que ainda não é hora de parar


Eles espantam o sedentarismo e seguem fazendo tudo o que mais gostam

LEDA MAFRA faz esteira, enquanto a instrutora de Pilates Erika Velasco orienta o casal Nilo e Mary Zelia Casemiro
Foto: Wagner Meier
LEDA MAFRA faz esteira, enquanto a instrutora de Pilates Erika Velasco orienta o casal Nilo e Mary Zelia Casemiro Wagner Meier
A idade bateu à porta e eles não deixaram entrar. O professor Carlos Eduardo Uchôa, por exemplo, continua dando aulas aos 75 anos, ofício que iniciou aos 18 e pelo qual se diz apaixonado. E, para não ter de parar, por conta do cansaço vocal e da rouquidão que vinha sentindo, resolveu ter aulas com uma fonoaudióloga.
— Ele chegou para mim com sintomas de envelhecimento da voz, o que é normal, pois chega uma hora que ela fica cansada mesmo. Fizemos um tratamento de musculação vocal e ele foi tão disciplinado que teve um ganho de massa muscular nas cordais vocais impressionante — explica a fonoaudióloga Luciana Oliveira, que, há seis meses, acompanha Uchôa.
O professor agora vai manter a voz ativa fazendo aulas de canto.
— Tenho que me cuidar, porque quero continuar dando aulas por um bom tempo. É isso que me realiza — diz o professor de Linguística no Liceu Literário Português, que lecionou por 41 anos na Universidade Federal Fluminense.
Mesmo já aposentados, os alunos da fisioterapeuta e instrutora de Pilates Erika Velasco, que dá aulas em Copacabana, não querem saber de ficar parados e deixam muitos colegas mais jovens com inveja de tanta disposição. Leda Mafra, de 88 anos, sempre começa as aulas com um exercício aeróbico: corre 1.600 metros na esteira três vezes por semana.
— O Pilates aumentou a minha alegria de viver, a minha vontade de ser útil. O convívio com colegas da minha idade também me faz muito bem — revela Leda.
Os colegas a que ela se refere são Mary Zelia e Nilo Casemiro, de 80 e 84 anos, e Regina Ferreira, de 93. O casal faz Pilates juntos há três anos, o mesmo tempo que Regina. Ela, inclusive, tem uma prótese no fêmur, implantada após uma fratura em uma aula de dança, mas não se abala. Faz todos os exercícios, como qualquer aluno:
— Ainda faço hidroginástica e curso de cerâmica e vou sozinha para as aulas. Isso me faz muito bem, me sinto viva.
Segundo Erika, em idosos, o Pilates melhora a força e a mobilidade, auxilia na manutenção da pressão arterial e influencia na calcificação óssea.
— Mas, antes de iniciar as aulas, sempre pergunto quais medicamentos eles estão tomando e olho os exames de imagem que identificam doenças degenerativas, para saber de que forma vou lidar com cada caso — informa a fisioterapeuta.
Pela qualidade de vida e longevidade
Mais adiante, em Ipanema, o Espaço Sérgio Fevereiro Pilates & Fitness (3117-1524) conta com seis alunos com mais de 70 anos na lista de presença. Lucia Puty tem 76 e é das mais assíduas.
— Ela está fazendo aulas intensivas, três vezes por semana, porque o ortopedista recomendou um trabalho específico de fortalecimento do joelho esquerdo — conta Sérgio Fevereiro, explicando que a aluna caiu da escada no apartamento dela há um ano, teve que colocar próteses nos dois joelhos e ainda tem dificuldades com um deles.
— Tenho que ficar com tudo em cima logo, até porque eu desfilo na escola de samba São Clemente desde 2006 e o carnaval de 2013 vem aí — conta Lucia.
Também para manter os idosos ativos, a Unimed-Rio criou o Espaço Para Viver Melhor (2483-9383), em Botafogo, voltado para todos os conveniados com idade acima de 55 anos. Entre as oficinas disponíveis, estão as de artesanato, pintura, dança de salão, ioga e de culinária, onde eles aprendem a fazer pratos equilibrados e saudáveis.
— O espaço foi criado para controlar as doenças crônicas dos pacientes idosos por meio de atividades que melhorem a qualidade de vida deles. E os resultados têm sido bastante positivos — ressalta a médica Maura Soares, gerente de gestão de saúde da Unimed-Rio. http://oglobo.globo.com/zona-sul/idosos-ativos-decidem-que-ainda-nao-hora-de-parar-5333662#ixzz1zmAvvUNG

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