No Dia Mundial de Conscientização da Violência Contra a Pessoa Idosa, A CRÍTICA mostra que o número de agressões aumentaram
Aposentada Maria Santos emprestou R$ 15 mil a um advogado da família, mas até hoje não recebeu de volta
Idosos são vitimas de diversos tipos de violência e o mais assustador é que a maioria das agressões são praticadas por filhos, noras, netos, sobrinhos, pessoas que são protegidas pelas vítimas. Para chamar atenção deste fato, a data de hoje é marcada como o Dia Mundial de Conscientização da Violência Contra a Pessoa Idosa.
No ano passado a Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP) registrou 3.633 ocorrências de crimes contra os “velhinhos”. O número de denúncia que chega à Delegacia do Idoso, localizada no conjunto Castelo Branco, bairro Parque 10, é considerado grande, segundo o delegado plantonista Edmilson Marques da Costa, mas não tão grave.
Abuso financeiro baseia a maioria das denúncias que chegam à delegacia. A violência ocorre quando a pessoa responsável pela idosa passa ter o controle dos bens, faz a administração indevida do cartão do segurado do INSS sem, no entanto, prover as necessidades do parente, deixando-o sem medicamento e alimentação. Um fato muito comum é o empréstimo por consignação que é descontado do benefício do idoso. Muitos avôs e avós são obrigados a fazer empréstimos para seus netos e filhos, comprometendo o orçamento dele.
A aposentada Maria Santos da Silva, 79, moradora da rua Margarida, bairro Jorge Teixeira, se diz vítima de um tipo de agressão diferente. Ela procurou a delegacia e denunciou o advogado Gilberto Freire dos Anjos. O mesmo, há dois anos, emprestou dela R$ 15 mil e até esta quinta-feira (14) não tinha pagado. Ela disse que dá última vez que o procurou para cobrar o dinheiro, ele foi agressivo e a ofendeu.
Maria disse que Gilberto foi o advogado de um terreno que o marido dela, já falecido, tinha vendido sem o seu consentimento. Ela conseguiu ter o terreno de volta, pagou os honorários do advogado, depois vendeu o terreno e colocou o dinheiro no banco. Primeiro, ele pediu R$ 5 mil, assinou uma promissória e depois pediu o restante do dinheiro R$ 10 mil e deu como garantia a fotografia e os documentos de uma lancha sua, dizendo que se ele não pagasse a dívida que ela podia vender a lancha.
“Eu não queria emprestar o dinheiro, mas ele insistiu tanto que eu acabei indo ao banco e saquei o dinheiro da minha conta e entreguei em suas mãos. Agora, já se passaram dois anos e ele não me paga”, relatou. Na quarta-feira, ela foi para a primeira audiência na delegacia, mas o advogado não compareceu. Ontem, Gilberto prometeu responder a denúncia, mas até o fechamento da edição não atendeu mais o telefone celular.
Apropriação de proventos e desrespeito
Promotor titular da Vara do Idoso há um ano, Francisco Campos diz que ainda não é grande o número de processos de crimes praticados contra idoso em tramitação na vara. Conforme ele, os problemas mais comuns dizem respeito a apropriação dos proventos do idoso por parte de seus familiares. “Eles retêm o cartão e a senha do idoso, muitas vezes por meio de uma procuração dada pelo próprio idoso, fazem saques e empréstimos”, disse o promotor.
Segundo Campos, o Ministério Público recebe denúncias pelo Disk 100 ou pelo 0800 092 0500. Elas são analisadas e muitas são encaminhadas à delegacia para a instauração de inquérito policial. Campos destacou que há muitos idosos que vão à promotoria para reclamar do desrespeito contra eles por motoristas e cobradores de ônibus. “Eles se sentem humilhados e muitas vezes inferiores a outras pessoas”, relata.
População idosa
Os brasileiros com mais de 60 anos, portanto os que são considerados idosos, somam, atualmente, aproximadamente 11,3% da população, conforme dados do IBGE. A Região Norte do País possui 7,3% de idosos em sua população total. De acordo com o Censo IBGE 2010, no Amazonas existem 210.255 pessoas com idade acima dos 60 anos. Desse total, 108.081 residem em Manaus
Violência mascarada
A violência contra a pessoa idosa ainda se mascara, no que se refere à omissão de denúncias, motivos pelos quais as vítimas, procuram proteger seus agressores que na grande maioria são familiares ou pessoas bem próximas a eles.
Amor e carinho
Há diversas formas de violência que as pessoas idosas sofrem em seus lares, nas instituições ou nos espaços públicos. O amor e o carinho além de faz bem não só ao idoso, mas também aos seus familiares que ao partir fica em paz e não com remorso por não ter tratado bem de seu ente querido.
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