PERSISTÊNCIA
Freitas, de 78 anos, no Aterro do Flamengo. Ele continua competindo (Foto: Stefano Martini/ÉPOCA)
O advogado carioca Antoninho de Freitas, de 78 anos, cumpre uma rotina rígida todas as manhãs, antes de ir para o escritório. Duas vezes por semana, corre 8 quilômetros no Aterro do Flamengo, com a vista do Pão de Açúcar. Nos outros três dias, faz exercícios de musculação e aeróbicos para melhorar o desempenho nas competições de atletismo. Aos fins de semana, chega a correr 20 quilômetros. Freitas diz ter perdido a conta de quantas maratonas já disputou. Três cirurgias nos joelhos não o impediram de continuar. “O asfalto do Aterro do Flamengo conhece cada centímetro dos meus pés”, diz.
Freitas faz parte de uma turma que encontrou nos exercícios físicos de alto nível uma motivação para a fase madura da vida. Para eles, idade não é limitação. Muito menos desculpa para diminuir o ritmo. “Não existe isso de uma atividade ser mais ou menos indicada para o idoso”, diz o educador físico Anderson Amaral. Ele pesquisa na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) os benefícios do esporte para pessoas com mais de 60 anos. “Eles podem começar a praticar quando quiserem, desde que estejam amparados por recomendações médicas e sejam acompanhados por profissionais.” Treinadores brincam que ninguém para de correr porque fica velho, mas alguns ficam velhos porque param de correr.
A arquiteta Nora Rónai, de 89 anos, posa embaixo d’água. Ela voltou a competir aos 69 anos
(Foto: Pedro Manoel/ÉPOCA)
Para os idosos, as atividades físicas melhoram a capacidade cardíaca e respiratória, fortalecem os músculos e ossos. “Estudos científicos mostram que a diminuição de densidade dos ossos, a osteopenia, pode regredir quando o idoso pratica atividade física regular”, diz a educadora física Fernanda Abrantes, atleta da seleção brasileira de ginástica rítmica na década de 1970. O fortalecimento físico é uma segunda vantagem das práticas esportivas. O idoso ganha segurança para sair sozinho, encontrar os amigos e ter uma vida com mais qualidade e autonomia. O terceiro benefício é uma consequência: há uma melhora da motivação graças à convivência social. “O idoso se sente estimulado a desempenhar outras atividades”, afirma Amaral, da UFRRJ.
A arquiteta Nora Rónai voltou para as piscinas, uma paixão de infância, quando já era avó, com 69 anos. Hoje, aos 89, tem um armário inteiro de troféus e medalhas. Ela treina uma hora por dia, de segunda-feira a sexta-feira. No ano passado, foi a campeã mundial na prova dos 400 medley (modalidade que une os quatro estilos borboleta, costas, peito e nado livre). Em 2014, Nora mudará de categoria: passará a disputar segundos nas raias com atletas que têm mais de 90 anos. Seu único lamento é que o número de competidoras será menor. “Já não há muitas da minha idade com fôlego para disputar a prova.”
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