A felicidade entre os mais velhos é «muito alta» e a forma como encaram o envelhecimento é, geralmente, positiva, segundo um estudo que vai ser apresentado esta quarta-feira.
«As pessoas realmente cada vez vivem mais, têm um estado de saúde do qual se ocupam e que, evidentemente, piora com a idade, mas têm um sentimento pessoal subjetivo, familiar e social de felicidade bastante elevado», disse Manuel Villaverde Cabral, do Instituto de Ciências Sociais, à Lusa.
O estudo «Processos de Envelhecimento em Portugal, usos do tempo, redes sociais e condições de vida» foi conduzido por Villaverde Cabral e lançado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos e pelo Instituto Camões.
As representações do envelhecimento aparentam ser «mais positivas do que a própria situação de saúde e a situação socioeconómica», referiu o investigador, acrescentando que este conjunto de fatores «ajuda a perceber muitas coisas da vida e sociedade portuguesa e até nesta crise em particular».
O estudo realça que no sentimento de felicidade «os homens revelam sentir mais o peso da solidão e a falta de manifestação de afeto» enquanto as mulheres sentem falta de apoio emocional e mobilidade física, assim como de atividade sexual, que constitui um efeito da longevidade feminina.
Entre as diferenças detetadas no estudo, que consistiu num inquérito a mil idosos, Villaverde Cabral salientou que «há mais mulheres isoladas, mais viúvas do que viúvos (há quatro para um) e vivem muito frequentemente sozinhas», não se considerando elas solitárias por ter uma rede familiar, filhos, netos, amigos e vizinhos. «Os homens acusam mais a viuvez», referiu à Lusa.
No documento, refere-se ainda que «a perceção do estado de saúde dos homens é devastadoramente afetada pela idade, mas compensada pelas redes pessoais, atividades dentro de casa e fora, pelas práticas de envelhecimento ativo e pela importância da atividade sexual», cita a agência Lusa.
Para as mulheres, «nenhum destes fatores afeta positiva ou negativamente o estado de saúde subjetivo».
O estudo conclui também que o associativismo sénior é «virtualmente desconhecido» em Portugal, ao contrário do que acontece nos países mais desenvolvidos, como Espanha.
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