Atividade do grupo de pesquisa Envelhecimento e Atividade Física da UFF (Foto: Divulgação )
Por mais que se tente fugir de seus reflexos mais aparentes, a ação do envelhecimento vai muito além das rugas e dos cabelos brancos. Esse processo, natural de todos os seres vivos, se define como uma série de alterações que ocorrem no organismo com o passar do tempo. E, dependendo do estilo de vida escolhido, as mudanças podem ser cruéis.
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O cuidado com a saúde deve ser uma preocupação de todas as idades, no entanto, durante a velhice, a atenção ao bem-estar do corpo deve ser intensificada. Em decorrência da diminuição de funções orgânicas e da maior expressão gênica, pessoas com idades avançadas estão mais propensas a desenvolver diversas doenças como a hipertensão, diabetes, osteoporose ou doenças cerebrais crônicas.
Para Nezilour Rodrigues, presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), o tratamento preventivo e a adoção de hábitos saudáveis são fundamentais para envelhecer com qualidade de vida. “Somos o resultado do nosso estilo de vida. A longevidade depende 30% da genética, 20% de fatores ambientais e 50% do estilo de vida”, afirma. A presidente da SBGG garante que uma dieta saudável e uma rotina de atividades físicas geram benefícios em qualquer etapa da vida. “Nunca é tarde demais para implementar bons hábitos. Independente da idade, a pessoa sempre vai ter ganhos”, garante.
A dieta balanceada e saudável sugerida pela doutora inclui alimentos como pão, legumes, verduras, frutas, massas, azeite de oliva, laticínios e o consumo moderado de carnes. Nezilour chama a atenção para a importância de se reduzir o consumo de gorduras trans, presente principalmente em alimentos industrializados, gorduras saturadas, encontradas em carnes gordurosas e laticínios integrais, e de sal. “A Organização Mundial da Saúde orienta o consumo de até 5 gramas de sal por dia. A média no Brasil é de 12. A redução desse índice é muito importante. É possível, em certos casos, controlar a pressão de um idoso só com a redução do sal”, ensina.
Exercícios físicos que trabalham a força muscular, o equilíbrio, a mobilidade articular e a percepção do corpo no espaço são os mais indicados por especialistas. Para Nezilour, é importante que antes o idoso passe por uma avaliação individualizada e que a atividade escolhida seja prazerosa. “Antes de qualquer coisa, o idoso deve passar por uma avaliação médica para verificar o melhor tipo de exercício para ele. Uma atividade física sem orientação pode prejudicar ao invés de trazer benefícios”, alerta.
Edmundo Drummond, professor do Instituto de Educação Física da Universidade Federal Fluminense (UFF) e coordenador do grupo de pesquisa Envelhecimento e Atividade Física, defende que a pratica de exercícios adequados garantem ao idoso maior autonomia, além de promover a inclusão social. O trabalho desenvolvido no grupo segue esta linha de pensamento e trabalha questões físicas, ambientais e comportamentais, que refletem diretamente na vida do indivíduo. “Adotando uma proposta agradável, respeitando o ritmo individual e desenvolvendo a sociabilidade”, garante.
Drummond destaca ainda a importância de se pensar na prevenção de quedas. “Trabalhamos com uma proposta ampla, que envolve diversas possibilidades que passam pelo interesse de uma atividade física capaz de influir nos acidentes de quedas”, diz. Segundo a doutora Nezilour Rodrigues a queda é a principal causa de morte acidental em pessoas acima de 65 anos. “É preciso ser proativo e evitar que o idoso caia. Para isso, é essencial identificar e contornar fatores intrínsecos e extrínsecos da queda”, defende. Os fatores intrínsecos podem ser medicamentos que causam hipotensão ou afetam a visão e o equilíbrio, a perda da massa muscular, a alteração de reflexo ou deformidades nos pés, por exemplo.
Pesquisas apontam que a maioria dos idosos cai em casa. Por isso, segundo Nezilour, os fatores extrínsecos estão relacionados principalmente a este ambiente. Locais mal iluminados, banheiros com pisos escorregadios, escadas sem corrimão e móveis mal adaptados são alguns dos fatores indicados como de maior risco externo para os idosos.
Estar atento com a saúde da mente é também um ponto crucial para garantir a qualidade de vida durante a velhice. Os exercícios para a mente podem e devem ir além das charadas e palavras cruzadas. Universidades abertas à terceira idade, cursos de línguas ou até mesmo a utilização de novas tecnologias são atividades que ajudam a manter a saúde mental dos idosos. Tanto o professor Drummond quanto a médica Nezilour acreditam na sociabilidade como um fator essencial para se manter a sanidade e a gana pela vida. “Assumir papeis na família e na sociedade, manter-se em atividades produtivas, conectar-se e desenvolver redes sociais é fundamental para a saúde mental”, afirma a presidente da SBGG.
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