O envelhecimento pode ser definido como um processo dinâmico e progressivo, produzindo mudanças morfológicas, funcionais e bioquímicas. Pode ainda, ser considerado um processo socioeconômico ou psicossocial. Se analisarmos em termos de consequências cronológicas ou psicológicas do envelhecimento encontraremos uma grande variação de indivíduos, que afetam a definição do envelhecimento. Assim, a idade é um limite arbitrário, uma vez que o envelhecimento é um processo contínuo, não se iniciando em nenhuma idade ou momento particular.
A preocupação com pacientes idosos na Odontologia, relatada desde a década de 50, mostrava que os idosos eram em sua totalidade desdentados totais, com ou sem o uso de próteses, mesmo nos países de Primeiro Mundo. Porém, com as medidas preventivas de comprovada eficiência, o que se pode observar, foi uma mudança gradual do perfil bucal do idoso, com muitos chegando à terceira idade em condição bucal muito diversa do início do século XX.
De fato, é isto que se tem observado em muitos locais do mundo e com reflexos nas camadas de maior acesso à Odontologia no Brasil nos últimos 50 anos: graças às medidas preventivas - odontológicas, de saúde geral, de vacinações, de saneamento básico e de informação dos pacientes e dos profissionais de saúde, fatias cada vez maiores da população estão vivendo mais anos e com melhor condição bucal.
Um dos principais critérios utilizados para se identificar um idoso bem sucedido é pela manutenção por toda a sua vida de sua dentição natural, saudável e funcional, incluindo todos os aspectos sociais e benefícios biológicos, como estética, conforto, habilidade para mastigar, sentir sabor e falar. A mastigação é responsável pela manutenção dos arcos dentários e da oclusão através da estabilização e estímulo funcional sobre o periodonto, músculos e articulação.
No envelhecimento ocorre a redução da eficiência do sistema nervoso central, levando a um retardo do estímulo nervoso, diminuindo a sua percepção e a reação neuromuscular, desde os aspectos cognitivos até aos funcionais. A força muscular é reduzida devido à diminuição do número de fibras dos músculos e redução do volume. Toda musculatura fica menos elástica e menos flexível, inclusive a força de movimento e função dos músculos mastigatórios diminui.
Alterações de paladar também ocorrem no envelhecimento e dificultam o reconhecimento e discriminação dos sabores e principalmente a motivação e o prazer de se alimentar. A má higiene oral também causa a redução da percepção gustativa devido à presença de placa bacteriana e restos alimentares. Porém, a idade por si só não parece desempenhar o principal papel na saúde oral debilitada. Condições sistêmicas, medicações múltiplas, radioterapia (cabeça e pescoço) também predispõe pessoas de idade avançada a desenvolverem desordens orais e faríngeas. O desprazer somado às dificuldades citadas pode levar a graves alterações alimentares, desnutrição e depressão.
As mudanças orais que normalmente resultam do processo de envelhecimento incluem a perda dental, diminuição do fluxo salivar, atrofia da mucosa oral e muscular e perda do paladar, são fatores que contribuem para alterar a função mastigatória e como consequência a estado nutricional. Pacientes edêntulos, com dentes ou próteses instáveis, apresentam mastigação inadequada e dificuldade na deglutição.
A saúde sistêmica e a qualidade de vida podem ser comprometidas quando o edentulismo, xerostomia, lesões de tecido mole ou próteses mal adaptadas afetam a alimentação e a escolha dos alimentos. Muitas queixas comuns dos idosos tem sido relacionadas a deficiências nutricionais, como fadiga, indigestão, constipação e doenças crônicas. Um estado nutricional inadequado pode afetar a saúde oral, que por sua vez afeta a escolha dos alimentos que contribuem para a manutenção do estado nutricional.
A xerostomia e a dentição inadequada também podem influenciar a escolha dos alimentos, e consequentemente, o estado nutricional, o que leva a uma das duas situações: o alimento é mastigado indevidamente antes de ser deglutido, com alterações subsequentes ao processo digestivo, levando a problemas gatrintestinais; ou a dieta é alterada para acomodar melhor o declínio da eficiência mastigatória, levando a um aumento no consumo de alimentos macios, fáceis para mastigar, o que pode significar em aumento no consumo de carboidratos, açúcares e gorduras.
A nutrição também contribui para o sucesso protético, pois é essencial à saúde e ao conforto dos tecidos de suporte das próteses em pacientes idosos, cuja mucosa não apresenta a mesma textura e elasticidade. Profissionais de saúde devem ficar atentos quando o idoso evita certos alimentos, pois este pode ser um sinal de depressão, até mesmo se a ausência de dentes ou próteses tenham sido previamente solucionadas para que houvesse a mudança do hábito alimentar. O idoso pode tornar-se severamente deprimido devido a perdas como a falência da saúde física, perdas emocionais ou mesmo financeira. A perda dental pode significar uma grande mutilação e a ausência dental ou próteses inadequadas colaboram com o afastamento do contato social.
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