Cresce a força de trabalho dos idosos


Suzana Castelano, 76, mora em uma rua sossegada da Vila Nova e trabalha como florista

O número de idosos trabalhando mais que dobrou em uma década. No ano 2000, havia 15.432 pessoas com idade a partir de 60 anos na população economicamente ativa campineira. Em 2010, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número saltou para 33.045. O índice mais impressionante do recenseamento é a participação no mercado de quem já passou dos 70 anos. Eram apenas 2.785 em 2000. Agora, já são 8.123, três vezes mais. Os números comprovam que mudou drasticamente o perfil social da chamada “terceira idade”.

Quem antes falava em aproveitar a aposentadoria pescando, hoje tem energia de sobra para pegar no batente. E não fala mais em calçar os chinelos.

De acordo com Jefferson Mariano, analista político e econômico do IBGE, a diferença entre as tabelas não significa uma surpresa. É fato, por exemplo, que a população idosa cresce em todas as regiões do Brasil, por duas razões básicas. Primeiro, porque os casais de hoje em dia têm poucos filhos. Segundo, porque a idade madura conta, hoje em dia, com uma qualidade de vida superior à das primeiras décadas do século passado. “Nascem menos bebês, morre-se mais tarde. Há cada vez mais brasileiros idosos no mercado”, afirma.

O analista, no entanto, considera outros dois aspectos importantes na avaliação dos dois censos.

Um deles é a notável paralisia da Previdência Social. Os brasileiros comemoram o bom desempenho da economia, a geração maior dos postos de trabalho, os avanços da medicina. Mas a remuneração paga a aposentados não progride. E quem chega saudável à terceira idade opta por continuar trabalhando, já que os benefícios não bastam para pagar as contas em dia.

O outro fator importante do cenário é que o amadurecimento da economia brasileira motiva, dentro das empresas, uma valorização maior de funcionários experientes.

Há poucos anos, quem chegava aos 50 anos reclamava que todas as portas do mercado estavam fechadas. Hoje não. Se o cidadão é capacitado, sobram oportunidades. Empreendimentos líderes de segmentos descobrem, cada vez mais, a importância de manter na equipe de trabalho profissionais que conhecem o mercado, dominam estratégias, conhecem soluções.

Para o analista, é possível afirmar com segurança que o Brasil é hoje uma nação que conta com a mão de obra do idoso e que o cidadão comum, com mais de 60 anos, tem uma visão diferente sobre si mesmo: quem é produtivo se mostra, se impõe, se realiza pessoalmente levando uma vida ativa.

Crianças
Outro dado animador dos levantamentos do IBGE mostra que a sociedade, aos poucos, assimila a cultura de que lugar de criança é na escola. Atualmente, estão trabalhando 4.529 jovens que nem chegaram a completar 16 anos. Algo em torno de 0,5% da população economicamente ativa (PEA) campineira. No começo da década passada, o número absoluto de jovens com idades entre 10 e 15 anos trabalhando (3.984) representava quase 1% da PEA.

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